Rio: porta-voz da PM é exonerada após atacar repórter em vídeo
O governador em exercício do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PSC), determinou na tarde de hoje a exoneração da tenente-coronel Gabryela Dantas do cargo de porta-voz da Polícia Militar. Na noite de ontem, Gabryela apareceu em um vídeo divulgado nos canais da PM nas redes sociais, no qual fez críticas pessoais a um repórter dos jornais Extra e O Globo.
Os comentários dela foram feitos depois da publicação de uma matéria que usava dados oficiais da própria corporação para mostrar o aumento do consumo de munição por policiais no batalhão investigado pelas mortes das meninas Emilly e Rebeca, no último sábado. A porta-voz da corporação qualificou o trabalho jornalístico como "covarde e inescrupuloso", entre outros adjetivos, além de citar o nome do profissional e incentivar o compartilhamento do vídeo. A fala dela provocou uma onda de ataques ao jornalista.
Entidades de classe e órgãos que atuam em defesa da liberdade de expressão manifestaram repúdio à atitude da policial. Os jornais Extra e O Globo também se manifestaram.
"Faz parte da prática jornalística diária lidar com críticas, contestações e pedidos de reparação de alguma informação. No entanto, a Editora Globo repudia os ataques feitos pela Polícia Militar do Rio de Janeiro, que, por meio de um vídeo oficial, classificou o repórter como inimigo da corporação e incentivou a população a divulgar vídeo. Não é papel de uma instituição de Estado atacar pessoalmente um profissional nem incitar a população contra ele", diz um trecho.
Castro tomou a decisão na tarde de hoje, depois de conversar por telefone com o comandante do batalhão investigado com o secretário de Polícia Militar, José Rogério Figueredo, que oficializará a saída. O governador também exigiu a exclusão do conteúdo das redes sociais.
Ao governador, disseram que a decisão de gravar o vídeo foi tomada pela própria tenente-coronel. A PM deve tornar pública a exoneração de Gabryela do cargo até o final do dia, através das suas redes sociais. Castro também deve se posicionar sobre o assunto.
O vídeo foi excluído dos canais da PM nas redes sociais por volta das 16h40 de hoje.
Políticos entraram na onda de ataques
Até ser excluído, o vídeo já havia sido compartilhado mais de mil vezes e contava com mais de 3,4 mil curtidas. Até mesmo políticos do Rio de Janeiro entraram na onda de ataques ao jornalista.
A deputada federal Major Fabiana (PSL-RJ), oficial da PM do Rio, escreveu em tom ameaçador, na sua conta no Twitter: "Que a classe jornalística entenda o recado e comporte-se com ética. É só o começo".
O deputado estadual Anderson Moraes definiu a reportagem como "desinformação" e ofendeu o profissional. "A quem interessa tanta desinformação? Vermes defensores de vagabundos", disse.
Daniel Silveira (PSL-RJ), mais um que veio da PM, compartilhou o vídeo e justificou dizendo que trava-se de um "repúdio ao jornalismo mentiroso", apesar de não ter apresentado qualquer prova do que estava afirmando.
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