DF: Cirurgião plástico que incendiou barco recebeu R$ 1,2 mi de seguradora
Alvo de mandado de busca e apreensão na operação Navio Fantasma, deflagrada na manhã de terça-feira (15), o cirurgião plástico Wilian Pires, de acordo com as investigações da Divisão de Repressão a Roubos e Furtos da Polícia Civil do Distrito Federal, embolsou R$ 1,2 milhão de uma seguradora 40 dias após comprar uma lancha avaliada em R$ 750 mil. A embarcação foi adquirida pelo médico por R$ 490 mil, segundo as apurações da PCDF.
Os policiais da Corpatri (Coordenação de Repressão a Crimes Patrimoniais) chegaram até o médico após identificarem um depósito de R$ 900 mil feito por ele em uma conta bancária que pertencia a um dos integrantes da associação criminosa investigada no âmbito da Navio Fantasma. Misteriosamente, a lancha do cirurgião foi incendiada em 11 de dezembro do ano passado, por volta das 20h, às margens do lago Corumbá, em Caldas Novas (GO).
Segundo apurou o portal Metrópoles, o dinheiro seria parte do pagamento pela fraude feita pelo cirurgião em conluio com os comparsas. Também é investigado o fato de a associação criminosa manter contatos dentro da empresa, já que o seguro havia sido firmado em R$ 2 milhões, valor muito acima do praticado pelo mercado. Ao suspeitar dos valores, a seguradora repassou R$ 1,2 milhão. Mesmo assim, o médico acionou a Justiça para tentar receber os R$ 800 mil restantes.
A ação cumpriu 12 mandados de busca e apreensão na residência e empresas de integrantes de uma associação criminosa, sediada em Brasília, que, nos anos de 2019 e 2020, simulavam acidentes automobilísticos com finalidade de recebimento de valores de seguro.
Os mandados foram autorizados pela Segunda Vara Criminal de Brasília, e foram cumpridos no Lago Sul, na Asa Norte, em Vicente Pires, em Taguatinga, em Guará, em Águas Claras e no Núcleo Bandeirante.
Wiliam será indiciado por estelionato e associação criminosa e é aguardado pelos policiais para ser ouvido no âmbito da Operação Navio Fantasma, que desarticulou uma associação criminosa especializada em forjar acidentes automobilísticos e receber altos valores pagos pelas seguradoras.
A defesa do médico disse que, no momento, não pode se manifestar porque aguarda cópia do inquérito, e só se manifestará quando receber o documento. Além disse, afirmou que Wilian está a disposto a colabora com a Justiça.
Os documentos, segundo a defesa, devem ficar prontos entre amanhã e segunda-feira (21).
Como a organização agia
Nos últimos dois anos, segundo apontam as investigações, o grupo forjou cinco acidentes automobilísticos para recebimento do valor do seguro. No total, foram destruídos dez veículos, dois em cada acidente. Entre os veículos destruídos, estão três BMW, um Porsche e um Chrysler.
De acordo com as diligências da Corpatri, os investigados adquirem veículos importados de difícil comercialização. Após a aquisição, são contratados seguros novos, com valor de indenização correspondente à Tabela Fipe; ocorre a colisão proposital dos veículos, que sofrem perda total.
O condutor que contratou o seguro assume a culpa pela colisão, para viabilizar o pagamento dos danos do outro veículo envolvido no acidente, cujo condutor também integra a associação criminosa. Então, opera-se o recebimento dos valores do seguro, baseados na Tabela Fipe, que são superiores aos valores de aquisição dos veículos.
Para dificultar a investigação, os registros dos acidentes eram feitos na Delegacia Eletrônica e os criminosos se revezavam na condição de condutor, segurado (contratante), terceiro envolvido e recebedor da indenização. Com o mesmo objetivo, o grupo criminoso também criou cinco empresas de fachada, em nome das quais eram registrados os veículos.
As apurações da DRF mostraram que os acidentes forjados ocorreram no Setor de Clubes Esportivos Sul e na rodovia DF-140, proximidades do Complexo da Papuda, sempre na madrugada. Em todos, houve choque proposital da coluna central dos veículos, dano estrutural que conduz necessariamente à perda total.
Estima-se que, nos últimos dois anos, o grupo tenha faturado a quantia aproximada de R$ 2 milhões com as fraudes. A investigação contou com o apoio das empresas seguradoras e Marinha do Brasil.
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