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Laudo inocenta operador por queda de gôndolas que matou funcionária no MA

Gôndolas de mercado atacadista caem no Maranhão e deixam feridos - Reprodução/Montagem
Gôndolas de mercado atacadista caem no Maranhão e deixam feridos Imagem: Reprodução/Montagem

Rafael Souza

Colaboração para o UOL, de São Luís (MA)

17/12/2020 17h58

Laudos do ICRIM (Instituto de Criminalística do Maranhão) inocentam o operador da empilhadeira e apontam três fatores que causaram a queda das gôndolas no mercado Mix Mateus em São Luís, que provocou a morte da funcionária Elane de Oliveira Rodrigues, de 21 anos.

O caso aconteceu no dia 02 de outubro, causando um estrago no supermercado e deixando outras oito pessoas feridas. Desde então, o Grupo Mateus tem sido alvo de um inquérito da Superintendência de Homicídios no Maranhão e do Ministério Público do Trabalho, que apuram se a empresa teve participação no acidente, além das condições de trabalho dos funcionários.

Ao UOL, o diretor do ICRIM, Robson Mourão, afirmou que, um dia antes do acidente, uma das gôndolas foi retirada e depois colocada de volta. Nesse processo, o transporte e a ancoragem no chão foram realizadas de forma inadequada, fazendo a estrutura perder capacidade de resistir a grandes cargas.

"Um dia antes, o porta-palet [gondola] foi retirado e não foi desmontado. O correto era ser feito uma desmontagem completa e depois a análise de cada peça. Além disso, a sapata, que é a base que sustenta o porta-palet, é chumbado no chão. Como o transporte na noite anterior, o porta-palet foi ancorado e estabilizado em um lugar onde os chumbadores estão próximos do antigo chumbador. Um furo próximo do outro furo deixa a região frágil. É como você fazer um buraco para colocar um quadro, e depois fazer outro perto do buraco do parafuso", explicou.

Além da ancoragem e o transporte mal feito, Robson afirma que as bases de sustentação das gôndolas estavam desalinhadas. Esse foi o terceiro fator que provocou a queda da gôndola, causando um efeito dominó no dia do acidente.

"As sapatas, que são as bases de sustentação, precisam ficar alinhadas. As sapatas precisam estar na mesma linha, mas não estavam alinhadas. Essa falta de alinhamento gera instabilidade no conjunto'", conta Robson.

Com os dados obtidos pelos laudos, o ICRIM diz que não é possível presumir que houve uma falha humana no momento do acidente, mas sim em uma sequência de erros ocorridos horas e até um dia antes. Inclusive, não teria culpa pelo acidente um operador de empilhadeira que aparece em um vídeo colocando carga na gôndola que caiu.

Todos os laudos do ICRIM já foram encaminhados para a Polícia Civil e o Ministério Público do Trabalho.

Na última sexta-feira (11), o Mix Atacarejo do Vinhais, onde ocorreu o acidente, foi reaberto.

Grupo Mateus se posiciona

Em nota enviada hoje ao UOL, o Grupo Mateus afirmou que prestou toda assistência à família da vítima e agilizou o processo de indenização. Segundo o grupo, "todas as medidas legais, bem como operacionais, já estão sendo tomadas junto às empresas contratadas responsáveis pela execução dos serviços de montagem".

O Grupo Mateus ainda disse que, para reabertura da loja onde aconteceu o acidente, foi realizada a "troca de 100% da estrutura de porta-pallets e a vistoria por parte dos órgãos responsáveis para emissão das licenças de funcionamento".

Leia abaixo a nota na íntegra:

Na nossa história nunca passamos por um momento tão triste como o ocorrido. Perdemos uma colaboradora e, diante deste lamentável fato, nos prontificamos a prestar assistência às vítimas.

Nossa equipe de Segurança e Medicina do Trabalho acompanhou as famílias desde o início. Arcamos com despesas médicas e apoio necessário à família da nossa colaboradora vitimada no acidente, com as devidas comprovações para os órgãos competentes. O mesmo fizemos e mantivemos para atender os nossos colaboradores e clientes, também impactados.

O setor jurídico deu início imediato a todos os trâmites necessários para agilizar o pagamento de indenização, que ainda não havia sido feito por exigência da empresa seguradora de acesso ao laudo pericial, que somente foi concluído e divulgado pelas autoridades no último dia 17/12/20. Todas as medidas legais, bem como operacionais, já estão sendo tomadas junto às empresas contratadas responsáveis pela execução dos serviços de montagem.

Para reabertura da loja onde aconteceu o acidente foi realizada a troca de 100% da estrutura de porta-pallets e a vistoria por parte dos órgãos responsáveis para emissão das licenças de funcionamento. Nossa história foi construída baseada no trabalho, confiança e respeito aos nossos colaboradores, clientes e parceiros. Reafirmamos o nosso compromisso de fortalecer esses princípios baseados na transparência, ética e seriedade.