'Tem sol, tem gente': pandemia no RJ não barra turista, que evita aglomerar
Dos hotéis de luxo aos quiosques da praia, a cidade do Rio assiste à escalada da temperatura —ontem, a sensação térmica chegou a 44ºC— e à chegada de turistas apesar de a pandemia do novo coronavírus não ter dado trégua no verão. Quem trabalha com turismo relata uma reversão de expectativa ainda que o movimento esteja abaixo da temporada 2020.
Diferentemente de anos anteriores, são os turistas nacionais, e não os estrangeiros, que sustentam esse fluxo. "É só olhar, aqui está tudo igual. A praia fica cheia. Tem sol, tem gente. É a nossa renda. Eu até fiquei com medo de ter pouca gente no início do ano, mas está a mesma coisa e os turistas chegaram", diz Rogério Lima, que trabalha em uma barraca de Copacabana. Por sua vez, os turistas dizem adotar protocolo de segurança para não deixar de curtir o verão carioca.
"Toda hora chega turista", diz, aliviado, o taxista Júlio César Vidal, 54, há 14 anos no ponto do Aeroporto Santos Dumont. Após temer queda brusca do movimento, o motorista diz que até agora "está indo muito bem".
Apesar do movimento, todas as 33 regiões administrativas da capital entraram na última semana para a lista de áreas com alto risco de transmissão da covid-19, segundo a prefeitura. Na rede pública na capital, a ocupação de leitos de UTI para covid é de 99,8%, segundo o último boletim da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). O estado marcou na quarta (28) média diária de 145 mortes.
As estratégias do turismo mascarado
O casal Isac Neto da Silva e Simony do Nascimento, de Eirunepé (AM), que chegou ao Rio na semana passada, optou por locar um apartamento na plataforma Airbnb por se sentir mais seguro sem contato com outros hóspedes. A limpeza e higienização ganharam relevância e são um dos tópicos mais procurados no site de hospedagem.
Para eles, "utilizando álcool em gel, máscara e mantendo o distanciamento, dá para viajar".
A estratégia da engenheira Priscilla Souza, 29, que veio de Belo Horizonte com a mãe, é driblar aglomerações em pontos turísticos.
Estamos tentando evitar as aglomerações, tanto que nem fomos na areia. Estamos passeando pelo calçadão. Tentei fazer uma programação que vai contra o fluxo de pessoas, por exemplo, vamos no Cristo [Redentor] mais pro fim da tarde, porque nos disseram que de manhã fica lotado
Priscilla Souza, turista de MG
A engenheira carioca Daniele Vieira, 30, que mora com o marido em Dublin, na Irlanda, diz tentar "manter o distanciamento social e evitar espaços da praia que estejam com muita aglomeração".
Apesar disso, o grande movimento nas praias por vezes impede a precaução. "A gente coloca distanciamento nas cadeiras, mas tem a galera que vem por conta própria e senta em qualquer lugar", conta o barraqueiro Lima.
Mais turistas de SP e MG, menos gringos
Um dos efeitos da pandemia no turismo carioca foi a redução dos estrangeiros e a maior chegada de visitantes nacionais, segundo a Associação Brasileira da Industria de Hotéis do Rio de Janeiro. O presidente da entidade, Alfredo Lopes, diz que o "mercado internacional, neste momento, não existe". Para ele, houve "uma mudança clara do perfil dos turistas".
A maioria é de São Paulo, capital e interior, seguido de Minas Gerais. É tudo nacional e 60% é do estado de São Paulo. A grande virtude nossa é justamente estar perto de São Paulo. O turismo rodoviário está sendo muito importante para nós, porque os turistas estão vindo de ônibus e carro
Alfredo Lopes, presidente da ABIH-RJ
A mudança de perfil é confirmada por Jorge Chaves, diretor da rede de hotéis Othon.
"Há dois meses, eu não via a presença de argentinos, chilenos, americanos e até mesmo de outros países europeus. Sempre fomos um hotel onde 60% dos nossos hóspedes eram estrangeiros. Hoje não é a mesma realidade. O principal cliente é o de São Paulo, Minas Gerais, do próprio estado do Rio e Distrito Federal", explicou.
A ocupação média esperada para o verão nos hotéis na capital é de 48% —abaixo dos 76% de janeiro de 2020. Apesar da expectativa menor, Chaves vê recuperação ante os meses anteriores e investe em segurança.
A temperatura dos hóspedes é aferida, aqueles com sintomas são isolados em um andar específico até que se faça o exame. Nossos funcionários fazem os exames PCR e de sangue. O quarto de hotel não é utilizado por 72 horas após a saída do último [hóspede]. Usamos produtos para higienização que são utilizados em hospitais
Jorge Chaves, diretor da rede Othon
"Nessa época, minha hospedagem estaria com 100% e, no momento, estou com 40%. Apesar disso, as pessoas estão vindo, estão viajando, estão sentindo a necessidade de viajar", afirma Raphael Pazos, diretor comercial do Hotel Mar Palace.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.