Paes culpa Crivella por crise e espera que Justiça obrigue a volta do BRT
O prefeito do Rio, Eduardo Paes (DEM), afirmou que espera uma decisão judicial que obrigue o retorno ao trabalho dos motoristas do BRT (ônibus articulados que circulam em faixas exclusivas). Pela manhã, os profissionais interromperam a circulação do transporte público nos três corredores do sistema. Por causa da paralisação, nenhum articulado circulou e a capital entrou em estágio de atenção.
Em entrevista à Rádio CBN, Paes afirmou que vai se reunir à tarde com empresários do setor para negociar a volta do serviço, mas disse que a prefeitura não vai arcar com qualquer despesa. "Nós não vamos sair pegando dinheiro de impostos e colocar em concessionárias de ônibus." O prefeito também responsabilizou o seu antecessor, Marcelo Crivella (Republicanos) pela crise.
Os motoristas iniciaram o protesto após o consórcio propor redução salarial para os funcionários. O BRT-Rio atribui a crise à queda no número de passageiros por causa da pandemia de covid-19, além de outros problemas.
"Espero que a Justiça determine a volta dos trabalhadores, trata-se de um serviço essencial. Isso não pode acontecer [a paralisação]. Não há mágica para solução imediata. As concessionárias precisam cumprir com a sua obrigação. Vai levar algum tempo para normalizarmos o serviço", disse Paes em referência ao que definiu como "abandono" por parte do ex-prefeito Marcelo Crivella.
"Nós vemos essa crise há quatro anos [nos transportes públicos], as estações estão destruídas, esse problema não é de hoje. A população está sofrendo há quatro anos", disse o prefeito que foi diversas vezes responsabilizado por Crivella sobre os problemas da sua gestão.
Durante a entrevista, Paes foi lembrado que, apesar de o problema não ser novo, a paralisação dos motoristas acontece durante a pandemia —o que provocou aglomerações em estações BRTs.
Pela manhã, o prefeito se manifestou através do Twitter. Na ocasião, fez um "apelo" a motoristas.
Sem BRT, vans triplicam cobrança
Sem transporte, passageiros se aglomeraram em pontos de ônibus e também em coletivos. Para alguns, a alternativa foi usar o serviço de ônibus executivos, cujas passagens variam de R$ 12 a R$ 17, dependendo do trajeto. Vans chegaram a triplicar o valor das suas cobranças, diante da falta de circulação dos BRTs.
Nas redes sociais, a Prefeitura do Rio informou que colocou em prática um plano de contingência, com apoio da Guarda Municipal e de todos os demais órgãos, para reduzir os impactos da greve e zelar pela proteção de cidadãos, bens e serviços, além de monitorar a circulação de passageiros nas estações".
Sindicato de ônibus diz que alertou para "colapso" financeiro
Em nota, o BRT informou que a paralisação ocorre porque motoristas impediram a saída dos ônibus da garagem.
"O BRT Rio informa que os serviços nos seus três corredores (Transoeste, Transcarioca e Transolímpica) foram interrompidos nesta manhã, devido à paralisação das atividades de alguns motoristas que impediram a saída dos ônibus das garagens. Embora a operação estivesse pronta para iniciar às 4h, o movimento acarretou irregularidades nos intervalos, inviabilizando a operação em todo o sistema", diz o comunicado.
Já o Rio Ônibus, Sindicato das Empresas de Ônibus da Cidade do Rio, lamentou "a paralisação motivada por piquetes de rodoviários nas portas das garagens" e disse que teme que o movimento se estenda para todo o setor, "que terá, infelizmente, potencial para impactar fortemente toda a população do município".
De acordo ainda com o comunicado, o setor de transporte por ônibus da capital fluminense alertou desde o início do ano passado para o colapso econômico-financeiro das empresas, mas "foi ignorado pelo poder público, que pouco fez ao longo de 2020 ao menos para amenizar a crise".
O sindicato destacou ainda o congelamento da tarifa há dois anos, a expansão do transporte clandestino, a concessão de gratuidades sem fonte de custeio, falta de regulação sobre os transportes por aplicativos, com algumas das razões que levaram ao colapso do sistema, além dos impactos da pandemia.
Os ônibus do Rio transportam mais de 70% da população do município.
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