"Suave no azeite": Sem exigir máscara, balada promove bloquinho no Carnaval
A noite de sábado (13) estava agitada na altura do número 500 da rua Serra de Bragança, no Tatuapé (zona leste da capital paulista). Um flanelinha afoito, de colete fluorescente e sem máscara, revela algo que é impossível de acobertar. "Você vai na balada? Encosta aqui".
Alguns metros adiante outros homens de colete correm pela rua com a mesma função. Algumas pessoas, todas elas também sem máscara, esperam a vez de entrar na Zomo Zone, casa noturna que tem duas dezenas de outras sedes espalhadas pelos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Bahia.
A máscara naquele quarteirão não é nem um acessório que se usa no queixo ou carrega nas mãos, ela simplesmente não faz parte do figurino dos frequentadores do local. Em pequenos, as pessoas são recebidas por um funcionário, também sem máscara, e passam pela recepção por atendentes que também não usam a proteção facial. A única exceção na entrada é uma das seguranças.
O funcionário da entrada, que parece ser o segurança, dá as coordenadas para quem chega e em determinado momento cumprimenta duas viaturas da GCM (Guarda Civil Metropolitana) que circulam pelo bairro. Os carros, em sua maioria caros, dominam os dois lados da rua e as vias adjacentes, muitos carros de aplicativos também são direcionados ao local. É uma noite comum, e aparentemente sem pandemia de covid-19 na Zomo Zone do Tatuapé.
De acordo com o Plano São Paulo, bares, restaurantes, eventos, convenções e atividades culturais, durante a fase amarela precisam atuar com 40% da capacidade; horário reduzido de até 10 horas e entre 6h e 22h; atendimento para clientes sentados e adoção de protocolos de combate ao vírus.
Na quinta-feira (12), o Brasil Fede Covid, perfil do Instagram que denuncia festas e aglomerações em todo o país, expôs o flyer do evento —batizado de Bloquinho da Zomo Zone— com mais oito baladas que aconteceriam no final de semana e marcou na publicação o governador João Doria, o Ministério Público e a Polícia Militar.
Durante o período que a reportagem do UOL esteve em frente à balada, pouco menos de uma hora, pelo menos 40 pessoas, todas elas sem máscara, entraram no estabelecimento.
Sem se identificar, a reportagem pediu informações sobre o evento e foi informada de que não era cobrada entrada e de que seria um bloquinho de Carnaval e também pagode. "Um pouco de tudo", disse uma funcionária, também sem máscara. Sobre o clima, o segurança afirma. "Está suave no azeite, tá gostosinho" e na sequência, em tom de brincadeira, diz que não é permitido entrar de máscara e em seguida fez um convite para conhecer a casa.
Por questões de segurança em relação à pandemia de covid-19 e por se tratar de um espaço fechado sem janelas e com uma grande presença de pessoas sem máscaras protetoras, a reportagem não entrou na Zomo Zone Tatuapé.
A reportagem procurou a Zomo Zone Tatuapé por mensagem de WhatsApp à 0h47 deste domingo (14) e obteve uma resposta confirmando que o telefone corresponde à casa noturna às 1h01. Ao pedir explicações sobre o evento desta noite não obteve resposta até a publicação deste texto.
A empresa, Zomo, atua também no ramo de essências e acessórios para narguile. Sua sede, pelo site oficial, é em Ciudad del Este, no Paraguai.
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