'Trote para machucar', diz jovem que levou 'bolo' de crush virtual
Um jovem de 18 anos, que levou um "bolo" da namorada virtual, acabou dando a volta por cima. Ontem, Matheus Quadros foi contratado por uma rede de supermercados para trabalhar como repositor —e este será seu primeiro emprego. "Estou muito feliz", resumiu o rapaz ao UOL.
O jovem mora em Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre, e no sábado passado (6) decidiu embarcar em um ônibus para conhecer a jovem em São Paulo. Mas após a viagem de 21 horas, a menina não apareceu e ele permaneceu até a noite de quarta-feira (10) no Terminal Rodoviário Tietê.
Muito abalado, Matheus viu a sua história viralizar nas redes sociais. Sem dinheiro, ele conseguiu retornar para casa com ajuda de policiais militares dos dois Estados.
Matheus conta que conheceu a menina pelas redes sociais em 2019 e, desde então, se falavam semanalmente. No ano passado, a menina teria proposto o namoro, o que foi aceito por ele. Porém, desde que se conheceram, a jovem nunca aceitou abrir a câmera e mostrar o rosto em chamadas de vídeo.
O soldado da Brigada Militar Diogo Ávila, que ajudou no retorno dele para casa, contou que já circulam fotos dela nas redes sociais. As fotografias, porém, mostram apenas detalhes dela —como suas mãos— ou que não revelam seu rosto.
Questionado pelo UOL sobre as imagens dela, Matheus disse ter "apagado tudo". Ele também não se recorda o dia ou o mês em os dois teriam começado a namorar.
O jovem contou que foi para São Paulo para ficar definitivamente e, por isso, não teria reservado dinheiro para a passagem de volta. Quando chegou na capital paulista, na manhã de domingo (7), passou a entrar em contato com a suposta namorada, mas sem sucesso.
Quando cheguei lá, achei que ela estaria me esperando, mas não estava lá. Comecei a mandar mensagem e nada. Liguei, liguei, liguei e ela não atendia. Daí fiquei preocupado. Revirei o terminal Tietê e não a encontrei.
Horas depois, a menina o bloqueou no celular e nas redes sociais e Matheus acabou se dando conta que estava em uma cidade estranha, onde não conhecia ninguém. "Eu fiquei sem ninguém para pedir ajuda. Fiquei bem magoado. Pode ter sido trote para machucar. Foi uma sensação muito estranha", explicou para a reportagem.
Matheus mora com uma madrinha, que não sabia da viagem do afilhado e não tem celular, conforme o soldado da BM. Já a prima dele estava sem internet. O jovem perdeu a mãe quando tinha oito anos e não conhece seu pai. Ele chegou a morar com uma tia, mas acabou se desentendendo e passou a residir com a madrinha, segundo o soldado da BM.
Sem alternativas, o estudante acabou entrando em contato com o policial ao meio-dia de domingo. "Eu tentei acalmá-lo, dizia para ficar tranquilo, que ela iria aparecer, que São Paulo é uma cidade grande e que duas a três horas de atraso era até normal."
Mas as horas foram passando e nada da menina. Matheus estava sem comer desde a manhã de sábado. No bolso da calça havia pouco mais de R$ 10, que ele iria usar para tomar um carro de aplicativo ou ônibus para encontrar a amada.
No final da tarde, ele novamente avistou o PM. "Eu disse para ele usar aquele dinheiro para se alimentar". Ele diz que chegou a pedir comida em estabelecimentos no terminal, sem sucesso.
Preocupado, o soldado conversou com o comando do 17º BPM (Batalhão de Polícia Militar) que decidiu fazer uma vaquinha com policiais de diferentes lugares para trazê-lo de volta. Conseguiram juntar R$ 500 que foi enviado para policiais paulistas que compraram a passagem de volta e entregaram o restante do dinheiro para ele se alimentar.
O tormento só terminou na noite de quinta-feira (11) quando Matheus desembarcou na rodoviária de Porto Alegre, onde os policiais gaúchos já o aguardavam. "A primeira frase que ele falou foi 'eu tinha certeza que o senhor iria me ajudar'. Tenho filha de três anos, então foi empatia. Quando eu vi que ele caiu em um golpe, em uma cilada, decidi ajudar", conta o soldado.
Matheus conhecia o PM desde 2017 das atividades do soldado como instrutor do Proerd (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência) na Escola Idelcy Silveira Pereira, onde ele estudava. Mas o jovem só conseguiu o telefone de Ávila há pouco mais de um mês, quando esteve no batalhão atrás de informações para o alistamento no serviço militar.
"Eu falei para ele que não era ali para se alistar, mas disse que não sabia direito como estava por conta da pandemia. Mas eu expliquei que iria verificar e entrava em contato com ele. Se não fosse aquele contato, ele jamais teria meu telefone", explica o PM.
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