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SP: Pai de 3 crianças mortas em incêndio em casa é indiciado por homicídio

Ricardo Reis de Faria Vieira foi indiciado pela morte dos três filhos dele em um incêndio dentro de casa em Poá (SP) - Reprodução/Facebook
Ricardo Reis de Faria Vieira foi indiciado pela morte dos três filhos dele em um incêndio dentro de casa em Poá (SP) Imagem: Reprodução/Facebook

Do UOL, em São Paulo

19/03/2021 13h37Atualizada em 19/03/2021 16h55

O inquérito policial feito pela Delegacia de Polícia de Poá, na Região Metropolitana de São Paulo, apontou Ricardo Reis de Faria Vieira, um dos pais das duas crianças e uma adolescente mortos carbonizados em um incêndio dentro de casa em Poá, no mês passado, como o responsável pelo crime. De acordo com o site de comunicação da Polícia Civil do Estado, o inquérito foi concluído como triplo homicídio qualificado e Ricardo — que está preso preventivamente — foi indiciado pela morte das crianças.

As vítimas do incêndio, ocorrido no dia 17 de fevereiro, foram Fernanda Verônica, de 14 anos; Gabriel, de 9 anos; e Lorenzo Reis de Faria e Vieira, de 2 anos. Os três foram adotados entre 2014 e 2019 por Vieira e pelo companheiro dele, Leandro José Reis de Faria, que viveram juntos por 15 anos.

Os dois se separaram três meses antes da morte das crianças e se revezavam em ficar com elas por uma semana cada. Leandro morava na cidade vizinha de Mogi das Cruzes (SP) e não estava em Poá quando houve o incêndio.

Em entrevista ao UOL no mês passado, o delegado Eliardo Jordão, responsável pela investigação, disse que Ricardo foi preso desde o dia do crime por contradições encontradas nos depoimentos dele.

À época, duas perícias foram feitas no local a fim de saber onde começou o fogo, além da coleta de depoimentos de familiares, vizinhos e policiais que atenderam a ocorrência. As três crianças foram encontradas carbonizadas dentro de um quarto, que fica entre a sala e o outro cômodo onde Vieira dormia.

Em depoimento, o homem preso sugeriu três possibilidades para o início das chamas: pela queda de uma vela, por ação da adolescente ou, por último, de alguém ter entrado na casa e colocado fogo. A perícia não localizou vestígios de vela ou de uso de material combustível, o que elimina a primeira e a terceira possibilidade. Ainda no mês passado, o delegado disse que não estava convencido que a menina teria iniciado as chamas.

Questionados pelo UOL, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) informou que "o caso foi investigado por meio de inquérito policial instaurado pela Delegacia de Poá, sendo relatado ao Poder Judiciário na última quinta-feira (18)".

Ainda segunda pasta, Ricardo "foi indiciado por triplo homicídio e está preso preventivamente".

Entenda o caso

Ricardo disse à polícia que acordou com o cheiro da fumaça, mas não ouviu gritos das crianças e que tentou abrir a porta do quarto delas, sem sucesso. Ao olhar pela janela gradeada do cômodo, não as viu. Porém, uma vizinha afirmou à polícia que ouviu gritos de socorro. "Ela ouviu as crianças gritarem: 'pai, não me deixa morrer aqui'", conta o delegado.

Chamou a atenção da polícia o fato de a porta do quarto das crianças estar trancada à chave — normalmente ficava aberta — e a presença do bebê, que costumava dormir em outro cômodo, junto com o pai. As chaves não foram localizadas pela perícia.

Imagens de câmera de segurança mostram o pai correndo em direção à delegacia, a 200 metros de distância, para buscar socorro. Ao chegar ao local, disse que a casa estava em chamas e que os filhos estavam lá dentro — o que é considerada uma das contradições, já que antes afirmou que não tinha visto os filhos.

Ao chegar ao local, o policial arrombou a porta e encontrou as crianças mortas carbonizadas. Em depoimento, o agente disse que não viu sinais de tentativa de abertura da porta.

O UOL tenta contato com a advogada de defesa de Ricardo através do número telefônico disponível no registro da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) dela, mas, até o momento, não tivemos retorno. Em caso de posicionamento da defesa, iremos atualizar a nota.