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Com praia fechada por lockdown, mulheres se banham em fonte em Praia Grande

Maurício Businari

Colaboração para o UOL, em Santos (SP)

24/03/2021 12h23Atualizada em 24/03/2021 12h53

Com as praias fechadas em Praia Grande, no litoral de São Paulo, por conta do lockdown na Baixada Santista, duas mulheres resolveram se banhar ontem em uma fonte pública, localizada na Praça Nossa Senhora de Fátima, na Vila Caiçara. Em vídeo gravado por um morador do entorno, é possível ver as duas, de biquíni, se refrescando e até nadando no espelho d'água.

A praça, que fica a duas quadras da praia, foi reformada recentemente pela prefeitura, ao custo de R$ 1,9 milhão. Com cerca de 4 mil metros quadrados de área, é considerada um dos pontos turísticos da cidade e abriga a feirinha de artesanato e a feirinha de alimentos, que antes da pandemia atraíam milhares de turistas.

O casal Carlos e Fátima Andrade, que mora em um edifício em frente à praça, contou ao UOL que quem viu primeiro as mulheres mergulhando na fonte foi o filho do casal, Diego, de 9 anos. Fátima, 34 anos, é cabeleireira e está em isolamento desde o início da pandemia. Carlos, de 39, atua como contador na região e está trabalhando em home office desde março do ano passado.

"Eu estava na cozinha e o Carlos estava trabalhando no computador, no quarto. De repente o Diego começou a gritar: 'Mãe, corre, vem ver! Tem gente tomando banho na praça'. Quando eu cheguei, ele estava na janela, apontando para baixo e dando muita risada", relembra Fátima. "Meu marido chegou a ligar para a prefeitura, mas não conseguiu falar com o setor certo, não sabia exatamente para quem denunciar".

"Quando ouvi o Diego falando que tinha gente tomando banho na praça, logo pensei que era algum morador de rua, se limpando na água da fonte. Isso acontece às vezes aqui", conta Carlos. "Mas não, eram duas meninas, jovens mesmo. E estavam de biquíni, tomando sol e relaxando como se estivessem na praia. Muita gente saiu nas sacadas dos prédios para ficar vendo a cena e elas nem aí. Isso meio que quebra a lógica da gente".

A Prefeitura de Praia Grande informou, por meio de nota, que a Guarda Civil Municipal (GCM) recebeu a denúncia e chegou a visualizar pelas câmeras do Centro Integrado de Comando e Operações Especiais (Cicoe) as mulheres nadando na fonte. Entretanto, quando a viatura chegou ao local, elas já haviam saído.

"A atitude das mulheres caracteriza o uso inadequado de área ou instalação pública, conforme o Código de Posturas do Município, e torna-se ainda mais grave em tempos de pandemia quando as autoridades orientam o distanciamento social e que as pessoas fiquem em casa. Pedimos que a população colabore neste momento de enfrentamento da pandemia da covid-19 e faça sua parte cumprindo as diretrizes estipuladas no decreto municipal", conclui a prefeitura da cidade, na nota.

Vereadores estudam punições mais severas

Praia Grande, a exemplo de outras seis cidades da Baixada Santista (Santos, São Vicente, Itanhaém, Peruíbe, Bertioga e Mongaguá), já havia interditado as praias da cidade bem antes do decreto de lockdown, no dia 15 de março. Sem barreiras físicas suficientes, pois o município possui 18 quilômetros de praias, a fiscalização ao longo da orla precisou ser intensificada de forma constante, para inibir o acesso a moradores e turistas.

Com o lockdown, iniciado ontem (23), as restrições aumentaram ainda mais. Vereadores do município realizaram duas sessões na Câmara Municipal com o objetivo de discutir projeto de lei que prevê multa de R$ 500,00 até R$ 1.500,00 a quem for pego nas ruas da cidade ou no transporte público sem máscara.

No primeiro dia de lockdown, a Guarda Civil Municipal da cidade abordou 393 pessoas. Deste total, 274 estavam tentando acessar a faixa de areia e outras 119 o calçadão, dois espaços que estão fechados neste atual momento da pandemia. Todos foram orientados a respeito das restrições de combate à proliferação do coronavírus.

"O aumento no número de casos e internações faz desse momento o mais delicado da pandemia. Precisamos do apoio e colaboração da população. Só assim conseguiremos salvar mais vidas. Estamos trabalhando de forma intensa para agilizar a compra de vacinas. Mas enquanto isso não acontece o melhor a fazer é ficar em casa, proteger a si mesmo e quem você ama", disse a prefeita de Praia Grande, Raquel Chini (PSDB).