Caso Henry: Médicas dizem que menino chegou sem vida e com lesões no corpo
A Polícia Civil do Rio de Janeiro está ouvindo nesta semana testemunhas sobre a morte do garoto Henry Borel, de 4 anos. Ontem foi a vez da equipe médica que atendeu o menino no Hospital Barra D'Or, na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade, na madrugada do último dia 8. Em depoimento, as três pediatras informaram que a criança chegou sem vida na unidade de saúde.
Henry deu entrada no hospital por volta das 3h50 após a mãe e o padrasto, o médico e vereador Dr. Jairinho (Solidariedade), dizerem que encontraram o menino caído gelado e sem respirar no chão do apartamento onde moram.
A mãe disse em depoimento que tentou fazer respiração boca a boca no garoto, no carro, mas, de acordo com as pediatras ouvidas, ele chegou morto no Barra D'or. A equipe médica ainda afirmou que, no atendimento, Henry apresentava lesões no corpo - o que também foi citado nos laudos de necropsia.
Até o momento 12 pessoas foram ouvidas. Hoje, a polícia irá colher o depoimento da babá de Henry Borel e do porteiro do prédio onde o casal mora, na Barra.
Na madrugada de ontem, uma ex-namorada de Jairinho afirmou que ela e a filha foram agredidas pelo político há cerca de oito anos, quando os dois mantinham um relacionamento. A testemunha - que não teve o nome divulgado - detalhou aos agentes da 16ª DP, por cerca de seis horas, as violências sofridas pelas duas.
Segundo a mulher, as agressões não foram denunciadas por medo de retaliações. Na época, a menina tinha 4 anos. Segundo o advogado de Jairinho, André França, "nós não temos acesso, nem informação oficial sobre isso".
O delegado Edson Henrique Damasceno, titular da 16ª DP, também ouviu a empregada doméstica que trabalha casa de Monique. A polícia quer esclarecer se a funcionária sabia ou não do ocorrido, já que a casa foi limpa antes da perícia.
Em depoimento, Jairinho disse que, ao voltar para casa, por volta das 10h, viu a namorada, uma assessora e a doméstica conversando sobre o caso. Entretanto, Monique falou que a mulher não tinha conhecimento da morte de Henry e por isso limpou o apartamento, comprometendo assim a perícia do local.
Relembre o caso
No domingo, dia 7 março, Henry Borel estava na companhia do pai, o engenheiro Leniel Borel. À noite, por volta das 19h, ele levou o filho para o apartamento onde moram a mãe e o namorado. Henry pediu para dormir - como era costume - na cama do casal. A mulher e o parlamentar estavam na sala assistindo televisão. Segundo Monique, em um determinado momento ela e o namorado foram para o quarto de hóspedes para o barulho não incomodar Henry.
A professora relatou que Jairinho dormiu devido aos remédios que toma e que, por volta de 3h30, ela levantou e acordou o político. Nesse momento, o vereador foi ao banheiro e, ao voltar para o quarto, a mãe encontrou o filho no chão já desacordado e gelado.
A professora ligou para o pai de Henry e avisou sobre o ocorrido. No trajeto para o hospital, Monique diz que realizou procedimento boca a boca, recomendado pelo médico, mas o menino não respondeu. Segundo Leniel Borel, a mãe e o namorado relataram ter escutado um barulho vindo do quarto - fato que não foi informado pela mãe e padrasto do menino na delegacia.
Na semana passada, Monique e Jairinho foram ouvidos por cerca de 12 horas. Em depoimento, a mãe de Henry disse acreditar que ele possa ter acordado, ficado em pé sobre a cama, se desequilibrado ou tropeçado no encosto da poltrona e caído no chão.
Os laudos de necropsia atestam que Henry Borel sofreu hemorragia interna e laceração hepática, provocada por ação contundente.
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