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Covid: Polícia intercepta embarcações de luxo no AM e interrompe festival

Heloísa Barrense

Colaboração para o UOL, em São Paulo*

06/04/2021 16h08Atualizada em 06/04/2021 23h50

A Polícia Civil do Amazonas interceptou três embarcações de luxo no início da noite de hoje. Em uma delas, denominada Ana Beatriz 1, uma festa que contava com a participação de turistas brasileiros e estrangeiros era realizada há pelo menos cinco dias.

Segundo o governo, cerca de 60 pessoas que desrespeitavam medidas de prevenção à covid-19, como uso de máscara e distanciamento social, foram encaminhados para a delegacia para investigação. (Assista ao vídeo abaixo)

"Boa parte deles é estrangeira, e vieram provavelmente para conhecer a Amazônia, mas em um contexto muito triste. Nós estamos batalhando, vidas estão sendo perdidas, e a polícia está na rua para coibir esse tipo de coisa para que a gente passe rapidamente pela pandemia. Mas, infelizmente, algumas pessoas insistem em desobedecer", disse Bruno Fraga, diretor do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRCO).

As outras duas embarcações —chamadas de Mano Zeca e Hélio Gabriel— apenas acompanhavam o barco onde era realizado o evento, e não levavam passageiros.

Intitulado "Amazon Immersion", o evento percorreu cinco cidades entre os dias 2 e 6 de abril às margens do Rio Negro. O barco saiu e retornou ao porto de Manaus.

Em janeiro, o Amazonas enfrentou um colapso no sistema de saúde, com fila de espera por vagas em hospitais, falta de oxigênio nas unidades e dezenas de mortes pela covid-19. Atualmente, o estado possui uma situação mais estável comparado com o restante do país, que já ultrapassou a marca de 300 mil mortes.

O evento foi informado por uma convidada da festa à página Brasil Fede Covid, conforme disseram os administradores ao UOL. Criada no final do ano passado, o intuito do perfil é pressionar as autoridades a tomarem medidas contra as festas clandestinas e eventos ilegais durante a pandemia do coronavírus. A página republicou imagens que circularam nas redes sociais.

Em convite, escrito em inglês, o festival promete uma "jornada com novas experiências, cultura, natureza, música, gastronomia, autoconhecimento e amizade". O documento ainda cita que levará os participantes a "paradas secretas" com comida local e bebidas. "Nosso objetivo é celebrarmos juntos, aprender sobe à cultura local, viver novas experiências e nos tornarmos melhores humanos", diz texto.

A experiência foi cobrada em dólares e os preços variam entre US$ 1.100 e US$ 2.100 (o equivalente a R$ 6.174 e R$ 11.787 na cotação atual). Os organizadores ainda pedem que os participantes apresentem um teste negativo para a covid-19 para participarem do evento.

Nas imagens que circularam as redes, é possível observar interação dos convidados com a comunidade local, além das festas noturnas em que alguns participantes estão caracterizados com cocar indígena.

A organização afirmou ao UOL que "todos os passageiros foram testados através de RT-PCR pré embarque, além dos clientes que já foram vacinados previamente". Eles ainda afirmam que possuem "todos os exames arquivados".

O evento aconteceu com "70 participantes divididos em 2 embarcações, sendo 35 em cada."

"Toda nossa equipe adotou os protocolos usando máscaras KN95 e durante todo o período além da esterilização com álcool de todos os espaços e materiais, foram disponibilizados dispensers de álcool em gel 70% por todo o espaço para livre utilização de todos", informam.

A organização ainda afirma que os passageiros também foram testados na saída do evento com testes de antígeno.

"A experiência tem como finalidade uma vivência turística, com as atividades de yoga, meditação, sound healing e exploração da natureza. Temos as liberações de embarcação na capitania dos portos para navegação. Barco regularizado e tripulação devidamente cadastrada."

O UOL entrou em contato com a prefeitura de Manaus e aguarda posicionamento.

*Com informações do UOL, em São Paulo