Pai diz ter ouvido de Jairinho: "Vira essa página. Vocês fazem outro filho"
Leniel Borel, pai do menino Henry, morto no início de março, disse ter ouvido de Dr. Jairinho —em uma das últimas conversas que teve com o vereador— que ele "virasse a página".
Jairinho e a professora Monique Medeiros, mãe de Henry, foram presos pela Polícia Civil na última quinta-feira (8) em decorrência de investigação na qual são suspeitos de envolvimento no assassinato da criança.
"Ele [o Jairinho] me apresentou a assessora e perguntou: 'Você resolve aí?' Eu disse: 'Pode deixar, cara, que eu resolvo'. Estava esperando a assistente social trazer o papel. Era a mudança de plantão da assistente social. E aí ele fala para mim, assim: 'Vamos virar essa página, vida que segue. Vocês fazem outro filho'. Estava com um amigo e uma amiga ao lado, e eu falei: 'Você ouviram o que esse cara acabou de falar pra mim?' Foi uma das últimas palavras que tive com Jairinho", relatou Leniel, em entrevista à CNN Brasil.
Questionado se ele não pensou em denunciar à polícia sobre as agressões, que Henry lhe contava, Leniel afirmou:
"Foi muito rápido. Naquele final de semana, eu procurei alguma marca no meu filho. Se ele tivesse qualquer marca, com certeza [denunciaria]. O problema é que se eu tivesse feito o corpo de delito, na polícia, a Monique teria tomado o meu filho. É assim que ela falava. Dizia que eu é quem estava imputando isso na cabeça dele esse tipo de reação", afirmou.
Padrasto e mãe da vítima, o casal foi preso na casa de uma tia do político em Bangu, zona oeste do Rio. Os mandados de prisão temporária por 30 dias foram expedidos pelo 2º Tribunal do Júri. A polícia investiga o crime de homicídio duplamente qualificado —por motivo torpe e sem chances de defesa à vítima.
Para a polícia, o menino morreu em decorrência de agressões. Segundo os investigadores, Dr. Jairinho já tinha histórico de violência contra Henry. Segundo a investigação, o parlamentar se trancou no quarto para agredir a criança com chutes e pancadas na cabeça um mês antes do crime —a mãe soube das agressões, ainda de acordo com a polícia.
O casal também é suspeito de combinar versões e de ameaçar testemunhas para atrapalhar as investigações. A Polícia Civil ouviu ao menos 18 pessoas na investigação.
Defesa pede Habeas corpus
No documento, ao qual o UOL teve acesso, os advogados alegam que o padrasto e mãe do menino "se encontram submetidos a manifesto constrangimento ilegal" e afirmam que não havia necessidade de prendê-los.
No pedido, a defesa relata que até o momento não teve acesso aos autos e que por isso "tal situação, por evidente, viola o direito dos Pacientes [Jairinho e Monique] à ampla defesa, uma vez que encontram-se privados da sua liberdade".
Os advogados informaram ainda que, ao pedir à Justiça acesso aos autos, tiveram a resposta de que os documentos estavam com a Polícia Civil. Os defensores dizem ainda que, quando procuraram a polícia, seus representantes estavam "na famigerada 'coletiva de imprensa', aos holofotes da mídia, dedos em riste aos Pacientes, e, pois, violando o direito fundamental deles desconhecerem os motivos pelos quais se encontram encarcerados".
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