Um mês antes de morte, mãe levou Henry a hospital após relato de babá
A professora Monique Medeiros levou o filho, Henry Borel, até a pediatria do hospital Real Dor, em Bangu, na zona oeste do Rio, no dia seguinte em que a babá relatou a ela as supostas agressões cometidas pelo padrasto, o vereador Dr. Jairinho. Padrasto e mãe da vítima foram presos temporariamente na última quinta-feira (8). Ao UOL, o pai de Henry disse que foi informado da hospitalização, mas que Monique disse que o garoto caiu da cama.
Segundo registros do boletim médico, exibidos pelo "Fantástico", da TV Globo, e obtidos pelo UOL, o menino foi atendido no hospital no dia 13 de fevereiro. Na ocasião, Monique relatou que Henry havia caído da cama, no dia anterior, por volta das 17h, mesmo horário da conversa com a babá.
Segundo o documento, o paciente havia acordado com dor local de claudicação, que significa que ele estava mancando. Ele não apresentou febre ou outros sintomas, passou por raio X no joelho esquerdo, que comprovou que a estrutura óssea foi mantida e foi medicado.
O engenheiro Leniel Borel, pai de Henry, conta que foi comunicado sobre esse episódio, mas que estava trabalhando em Macaé na data: "A Monique me mandou uma mensagem no dia 13 de fevereiro, de que o meu filho tinha tido uma queda da cama, mas em Bangu, possivelmente na casa da avó e que estava mancando. Perguntei como ele estava, se havia sido grave, mas ela disse que já estava tudo bem e ele estava melhor".
O pai conta que tentou ver o filho naquela véspera de Carnaval, mas que não conseguiu, pois a mãe teria levado o menino para viajar.
O pai de Henry afirma que, quando se separou, combinou com a Monique que daria 20% de seu salário, pagaria metade da babá e o plano de saúde. Embora ajudasse a pagar o salário de Thayná de Oliveira, a contratação foi feita por Monique Medeiros.
"Eu me senti enganado. Eu não conhecia a babá do Henry, mas ela tinha meu telefone, deveria ter me avisado disso. Por que ela não me comunicou das agressões?", questiona Leniel Borel, que suspeita que até os avós maternos do menino souberam desses episódios, mas não contaram para ele.
A pediatra Flavia Gibara< explica que as crianças dão diversos sinais quando estão passando por situações de medo ou estão próximas dos agressores: "A criança que sofre abuso, seja físico, sexual, psicológico, vive em um ambiente de medo. O silêncio já é uma consequência disso. Mudança de comportamento físico, voltar a fazer xixi na cama, sintomas físicos como vômito, ficar mais calada, introspectiva na presença de um suposto agressor, isso pode ser sinal de abuso, agressão ou bullying. Na suspeita de algum tipo de violência, a obrigação do médico é fazer notificação ao Conselho Tutelar. E qualquer pessoa que suspeitar de agressão, pode fazer uma denúncia anônima", disse ela.
Prisão
Os mandados de prisão temporária por 30 dias do casal foram expedidos pelo 2º Tribunal do Júri. A polícia investiga o crime de homicídio duplamente qualificado —por motivo torpe e sem chances de defesa à vítima.
Para a polícia, o menino morreu em decorrência de agressões. Segundo os investigadores, Dr. Jairinho já tinha histórico de violência contra Henry. Segundo a investigação, o parlamentar se trancou no quarto para agredir a criança com chutes e pancadas na cabeça um mês antes do crime —a mãe soube das agressões, ainda de acordo com a polícia.
O casal também é suspeito de combinar versões e de ameaçar testemunhas para atrapalhar as investigações. A Polícia Civil ouviu ao menos 18 pessoas na investigação.
Investigadores conseguiram resgatar mensagens de texto e imagens que teriam sido apagadas dos celulares do casal, após quebra de sigilo telefônico decretado pela Justiça do Rio de Janeiro. Em uma das conversas recuperadas, ocorrida no dia 12 de fevereiro, a criança relata à babá —identificada como Thayná— que sofreu uma "banda" (rasteira) e chutes de Dr. Jairinho. A babá então conta à mãe, Monique, que o menino disse que essa não teria sido a primeira vez que sofreu agressões do padrasto. (Veja os prints abaixo)
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