Mulher chama rapaz de 'macaco fedorento' em ônibus e é presa em flagrante
Uma mulher foi presa em flagrante após usar ofensas racistas em um ônibus no último sábado (11) no trajeto entre Praia Grande e Mongaguá, no litoral de São Paulo. Ela xingou um passageiro e sua mulher.
Segundo testemunhas, a vítima, um rapaz negro, estava conversando com a esposa quando os ataques verbais começaram. As testemunhas alegam que a mulher já parecia inquieta antes mesmo de proferir os xingamentos.
Um dos passageiros filmou parte da ação. No vídeo, a mulher, com a máscara no queixo, gesticula de forma agressiva e fala uma série de ofensas contra o rapaz. "Macaco. Macaco fedorento. Tu não presta, tu é preto da senzala. Crioulo fedido. Tira os óculos e vai catar papelão, vagabundo!", afirmou.
"A mulher começou a gritar do nada. Ela estava no fundo do ônibus e parece que, quando viu o casal, começou a xingar do nada", comentou uma testemunha do caso. "A esposa do moço tentou argumentar, mas a mulher começou a xingar ela de vagabunda também".
Segundo a testemunha, os passageiros então começaram a discutir com a mulher, que gritava descontroladamente. Em determinado momento, ela tentou descer do coletivo, mas foi impedida pelo casal agredido, que se colocou no corredor, diante dela, e pediu ao motorista para parar o veículo.
Como o casal estava sem celulares, um outro passageiro foi quem acionou a polícia militar. "Ela ficava xingando o rapaz de 'macaco', 'negrinho da senzala'. Ficamos revoltados e começamos a brigar com ela. Mesmo a gente ligando para a polícia a mulher continuou xingando ele. O coitado do moço começou a chorar, dava pra ver as lágrimas".
Quando a polícia militar chegou, o casal contou o que havia acontecido aos policiais, e a versão foi corroborada pelos passageiros. Na sequência, a mulher foi levada para o 1º DP de Praia Grande, onde acabou presa em flagrante, acusada de injúria racial.
Esquizofrenia
Amiga há mais de 20 anos da mulher que agrediu o casal, a promotora de vendas Katia Candido de Lima, 39 anos, revelou ao UOL que ela sofre de esquizofrenia, diagnosticada há mais de 10 anos. "Trabalhávamos juntas, ela fazia parte do nosso grupo de quatro amigas, éramos muito unidas. Mas aí de repente ela começou a ficar estranha, violenta, já não parecia mais a mesma".
Katia afirma que ficou muito abalada quando assistiu ao vídeo da confusão gerada pela amiga no ônibus. E conta que a família já estava à sua procura, pois ela havia desaparecido de casa no sábado pela manhã. Uma prima da mulher chegou a postar, no domingo (11) pela manhã, uma foto dela nas redes sociais, pedindo auxílio:
"Minha prima, ela tem problemas mentais e saiu ontem às 10h da manhã dizendo que iria dar uma volta na praia como de costume, mas infelizmente não voltou ainda e estamos desesperados", informava o post, publicado nas redes sociais. "Se virem ela ou tiverem qualquer notícia me avisem".
Após uma ronda nos hospitais da cidade, familiares decidiram registrar um boletim de ocorrência no 1º DP de Praia Grande, no domingo à tarde. Foi quando descobriram que ela havia sido presa por ofender o casal dentro do coletivo. Após explicarem ao delegado a situação do seu quadro clínico, e apresentarem uma série de documentos comprobatórios, a mulher acabou liberada e levada para casa.
Família lamenta
"Nós lamentamos imensamente pelas ofensas que o casal recebeu da minha irmã, foi muito grave. Dizem que o rapaz até chorou. Mas ela é doente...", afirmou ao UOL a auxiliar administrativa Jaciane Macedo, que está ajudando os pais a resolver a situação da acusada. "Meus pais são idosos, minha mãe tem 79 e meu pai, 80. E a minha irmã mora com eles. Mas eles não têm mais condições de cuidar dela, por isso estou ajudando".
A auxiliar administrativa lembra que a irmã sempre foi uma moça muito calma, alegre. Há 10 anos, porém, começou a apresentar sintomas de depressão. "Com o tempo, foi se agravando, ela foi se tornando violenta, descontrolada. Ela tem prontuário no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) de Praia Grande, ela é paciente deles há muito tempo. E, infelizmente, não é a primeira vez que se envolve em confusão por causa da esquizofrenia".
Jaciane afirma que agora busca resolver as questões legais, já que a irmã responde pelo crime de injúria racial em liberdade. E também está em busca de ajuda para conseguir interná-la. "Do jeito que está, ela não pode mais conviver em sociedade, não está no seu juízo. Mas não temos como pagar uma clínica, então estamos buscando alguma instituição que possa nos ajudar. Temo pela saúde dela e também pela segurança das pessoas. Se ela fugir novamente, não sabemos no que pode se meter".
O UOL não conseguiu contato com o casal vítima das agressões. Procurada pela reportagem, a prefeitura de Praia Grande, responsável pelo Caps, ainda não havia respondido aos questionamentos até o fechamento da matéria.
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