Entregador acusa dono de hamburgueria de humilhá-lo por usar bermuda
Um entregador de aplicativo de restaurantes denunciou o proprietário de uma hamburgueria por injúria após ter sido humilhado na frente de colegas de trabalho por conta de suas vestes.
O caso ocorreu em Recife (PE) e viralizou nas redes sociais. Nos stories do Instagram, o dono da lanchonete Jader Burguer's compara Breno da Cruz, de 18 anos, aos entregadores da casa.
"Olha aí, entregador do Ifood, de bermuda. Se chegar na sua casa assim, é entregador do Ifood. Entregador Jader Burguer's usa calça. Menino bom, mas... Está errado", disse o empresário enquanto filma o jovem e seus funcionários.
A situação revoltou Breno, um entregador que circula de bicicleta por não poder comprar uma moto. Ele desabafou na web e, também por vídeo, mostrou a casa onde mora e disse que "rala" dia e noite fazendo entregas para dar uma condição melhor para a mãe.
Ao UOL, o entregador contou que tudo ocorria normalmente até que ele percebeu o empresário filmando.
"Cheguei lá no sábado (10) à noite no Jader Burguer's para retirar um pedido. Ao sair me deparei com ele me gravando e falando coisas sem necessidades. Foi um grande constrangimento", lembrou o jovem.
"Estava chovendo muito, por isso não consegui ouvir tudo. No outro dia, vi o story dele. Fiquei bem triste, mas não revidei. Guardei para mim", acrescentou.
Ao tomar conhecimento do episódio, o advogado Luiz Maranhão decidiu representar o rapaz gratuitamente.
"Vamos buscar a reparação. Representaremos contra ambos: lanchonete e proprietário. Na esfera penal, pelo crime de injúria. Já na esfera cível, estamos manejando ainda nesta semana ação de reparação de danos morais", explicou o defensor.
Segundo o advogado, apenas os danos morais podem chegar a cerca de R$ 20 mil. "Somados todos os pedidos, chegará em um patamar de aproximadamente R$ 50 mil porque engloba danos morais, materiais e os lucros cessantes", disse.
Breno registrou queixa em uma delegacia da cidade. A Polícia Civil abriu investigação para apurar os fatos.
Empresário responde
Após a repercussão do caso, o empresário Jader Martins de Sena publicou nota à Imprensa em uma rede social.
No comunicado, ele diz que não teve a intenção de macular a honra do entregador. "Reconheço que fui infeliz nas minhas palavras, implicando numa interpretação totalmente diversa a minha real intenção. Peço minhas profundas desculpas ao Breno e entendo sua magoa", destacou o texto.
Jader disse no vídeo que as vestimentas do entregador do Ifood estavam erradas. O UOL procurou o Ifood Brasil para ter informações sobre a política da empresa para com os trajes dos entregadores. Por nota, o aplicativo de delivery explicou que, ao receber qualquer tipo de relato como este, abre apuração sobre a ocorrência.
"O iFood presta solidariedade ao entregador parceiro e já está em contato para também oferecer apoio psicológico", disse o comunicado.
A empresa destacou que repudia qualquer ato de discriminação, prezando pelo respeito em todas as relações que mantém com os seus parcerios, e que "está à disposição para colaborar com a investigação do caso".
O Ifood, no entanto, não explicou se há uma recomendação no manual de comportamento dos parceiros que padronize seus vestuários.
Solidariedade
Breno da Cruz trabalha diariamente de bicicleta. Ao ficar sabendo do que havia ocorrido com o entregador, o perfil Recife Ordinário denunciou na web.
O perfil decidiu convocar o internautas para ajudar Breno a comprar uma moto. Em apenas três horas, o objetivo foi alcançado.
Na página, o Recife Ordinário informou que avisará a todos assim que a entrega do veículo for realizada.
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