Idoso fratura fêmur e é tratado como paciente de covid em MG, diz família
Internado na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Barreiro, em Belo Horizonte (MG), no dia 7 de abril, após sofrer um acidente no lar de idosos onde mora, Teotônio Souza da Fonseca, de 75 anos, foi tratado como paciente com suspeita de covid-19, segundo sua filha. A família criticou o atendimento, já que ele fraturou um fêmur e necessitava de cirurgia, o que não ocorreu de imediato.
Cristiamara Giordani, de 46 anos, só chegou à UPA quando o pai já estava internado e recebia atendimento da unidade. Ela reclama que não teve a oportunidade de conversar com os médicos sobre o estado de saúde de Fonseca, que possui histórico médico complexo. Em 2013, Teotônio sofreu AVC (acidente vascular cerebral), o que limita seus movimentos e reduz sua capacidade cognitiva, além de problemas pulmonares.
A equipe médica verificou que o idoso apresentava saturação do oxigênio a 76% e achou por bem interna-lo na ala de covid-19, junto com outros pacientes diagnosticados com a doença. Giordani se surpreendeu quando soube da medida do hospital, uma vez que afirma ter cuidados redobrados com a doença. "No hospital coloquei três máscaras e a faceshield no meu pai", conta.
Ela crê que o hospital foi displicente ao encaminhar Teotônio à área de tratamento para covid-19. "Eles colocaram meu pai na ala de covid mesmo eu achando que não era necessário. Quando saiu a vaga no hospital para vaga ortopédica [para tratar a fratura], viram que ele estava com oxigênio e decidiram mantê-lo. Meu pai teve uma tosse e a médica estava perto na hora e disse que meu pai estava com covid, ai pediram um raio-x do tórax. Meu pai tem o pulmão comprometido, não sabemos o que é, e como a upa não tinha equipamentos necessários para confirmar a doença, transferiram ele para o setor de covid", diz a consultora de cosméticos, que afirma que a saturação do pai sempre foi instável.
Mesmo sem autorização para ficar com o pai, Giordani o acompanhou na enfermaria, onde diz ter sido vítima de deboche dos enfermeiros. "Sofri bullying. Diziam que se eu estava ali era porque eu tinha covid, debocharam da situação e da capacidade do meu pai", conta. O resultado teste RT-PCR da UPA tinha o prazo de 7 dias úteis para sair, o que levou a mulher a tentar apelar para um teste particular, que tem resultado mais rápido. Impedida, ela ouviu que "se o paciente está sob os cuidados do SUS, nele ele deve seguir", dos enfermeiros.
Transferência para outro hospital
Na manhã de sábado (10), Teotônio passou por uma nova análise. A médica plantonista verificou que, com saturação normalizada, ausência de febre e coriza, não havia motivos para mantê-lo na enfermaria de covid. O idoso foi transferido ao Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro no dia seguinte, onde ainda seria tratado como paciente de covid.
"Não informaram ao hospital que meu pai estava com o fêmur fraturado. Somente na terça-feira (13) o hospital decidiu internamente que meu pai deveria receber atendimento ortopédico", diz Giordani. Ainda no domingo, já no novo hospital, Teotônio fez outro teste RT-PCR, que, dois dias depois, apontou resultado negativo para coronavírus.
"O hospital que ele foi transferido fez o exame domingo e saiu o resultado negativado na terça. Fez a tomografia e viram, de fato, que ele não estava com covid", disse. Ela ainda não teve acesso da amostra colhida na UPA.
Na manhã de hoje, Teotônio finalmente foi acolhido no centro cirúrgico do Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro, onde até a publicação desta reportagem ele aguardava a operação.
Prefeitura diz que paciente apresentava problemas respiratórios
Ao UOL, a Prefeitura de Belo Horizonte por meio da Secretaria Municipal de Saúde, "informa que o paciente deu entrada na UPA Barreiro com fratura no fêmur, mas apresentou sintomas compatíveis com doença respiratória. Diante disso, a equipe prestou toda a assistência necessária, inclusive realizando o teste RT-PCR para identificação da Covid", diz a nota.
"Seguindo o protocolo da SMSA (Secretária Municipal de Saúde) e por precaução, já que os sintomas respiratórios foram se agravando, o paciente foi transferido para o Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro, referência no tratamento da Covid. Enquanto aguardava o resultado do teste, o paciente foi acompanhado pelas equipes clínica e ortopédica do hospital", informou.
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