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Defesa da babá de Henry fala em negligência da mãe: 'Não houve socorro'

Em entrevista, advogada de babá avaliou que funcionária fez o máximo que podia para ajudar Henry e criticou postura da mãe, Monique - Érica Martin/Enquadrar/Estadão Conteúdo
Em entrevista, advogada de babá avaliou que funcionária fez o máximo que podia para ajudar Henry e criticou postura da mãe, Monique Imagem: Érica Martin/Enquadrar/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

19/04/2021 00h04Atualizada em 19/04/2021 11h18

A advogada da babá de Henry disse ver "negligência" nas atitudes de Monique Medeiros, mãe do menino, diante de testemunhos da funcionária sobre pelo menos três agressões cometidas pelo namorado da professora, o vereador Jairinho, e que teriam sido informadas a ela.

"Nenhuma mãe em sã consciência tendo relatado algum episódio com o padrasto ia deixar que ocorresse a segunda vez. Imediatamente essa criança tinha que ser afastada de casa, ou ela tinha que ter se afastado do atual marido. Ela viu, e me marcou muito essa questão da negligência", avaliou Priscila Guilherme Sena em entrevista ao "Domingo Espetacular".

Em uma das ocasiões, após a funcionária ter enviado para Monique um vídeo de Henry mancando após passar algum tempo em um quarto com Jairinho, a defensora destacou a falta de "acalento" da mãe com o menino após chegar ao apartamento da família, na Barra da Tijuca.

"Ela (a babá) disse que eles entraram no carro, deram uma volta no condomínio e em momento nenhum ela pegou o menino, pra acalentar o menino. Passou uma impressão de futilidade. Não houve o socorro, entre aspas, à criança, quando ela precisou", completou Sena.

Ela ainda afirmou que a babá não foi omissa em relação a Henry e fez aquilo que "cabia a ela para proteger o menino".

"O papel da Thayná foi de realmente proteger o menino naquilo que cabia a ela proteger o menino. Acredito que em ponto nenhum (ela foi negligente), porque acredito que ela, na qualidade de babá, fez aquilo que devia ser feito, que é de passar aquilo que estava acontecendo", concluiu a advogada.

Também em entrevista ao programa da Record TV, ainda antes de ser presa, Monique negou ter ignorado as agressões contra Henry.

"Uma mãe não mata um filho, uma mãe não encobre alguém que mata seu próprio filho", afirmou ela na ocasião, em conversa com Roberto Cabrini.

"Nunca bati no meu filho, meu filho só tinha amor, ele só conheceu o amor", concluiu.

Na última semana, depois que Monique e Jairinho passaram a ter advogados separados, a nova defesa da professora pediu para que ela prestasse um segundo depoimento, sem detalhar quais seriam os novos fatos trazidos pela professora, mas afirmando que ela tem muito a "esclarecer".

Em nota, os advogados ainda disseram enxergar uma "repetição de um comportamento padrão de violência contra mulheres e crianças" —com a diferença de que, neste caso, a criança morreu.

"Se várias pessoas foram ouvidas novamente, não tem sentido deixar de ouvir Monique. Logo ela, que tanto tem a esclarecer. Não crê a defesa que exista algum motivo oculto para 'calar Monique' ou não se buscar a verdade por completo", disse a defesa da mãe de Henry.

No dia 12 de abril, em um segundo depoimento à polícia do RJ, a babá desmentiu a versão que deu em um primeiro momento, negando que tivesse presenciado indícios de violência, no celular da funcionária, foram encontradas as mensagens trocadas com Monique sobre o assunto.

A funcionária pediu desculpas ao delegado por não ter contado a verdade e, em nota publicada pelo UOL na tarde de hoje, afirmou que "só quer ser esquecida".

"Estou muito triste com tudo isso. Eu só rezo pra que tudo seja resolvido o mais rápido possível", declarou.

Monique Medeiros e Jairinho foram presos em 8 de abril, 1 mês depois da morte de Henry Borel, acusados de tentar obstruir as investigações em torno do caso.

O menino, de apenas 4 anos, foi levado a um hospital da capital carioca pelo casal na madrugada de 8 de março, onde foi pronunciado morto.

Um laudo do IML (Instituto Médico Legal) apontou diversas lesões pelo corpo da criança, incluindo uma laceração no fígado, incompatíveis com uma acidente doméstico, versão apresentada pelo casal.

Os dois são investigados como possíveis responsáveis pela morte.