Henry: O que depoimentos dizem sobre o relacionamento de Jairinho e Monique
A investigação do assassinato do menino Henry desvendou detalhes do relacionamento do vereador Dr. Jairinho (sem partido) com a professora Monique Medeiros, padrasto e mãe da criança que morreu na madrugada de 8 de março no apartamento onde a família morava na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.
Os depoimentos de testemunhas do crime à polícia revelaram um namoro conturbado marcado por brigas a portas fechadas, reconciliações e discussões do casal após o relato de agressões ao menino de 4 anos atribuídas ao parlamentar um mês antes do crime.
Jairinho e Monique foram presos no dia 8 de abril por suspeita de atrapalhar as investigações e ameaçar testemunhas. Eles são investigados por envolvimento no assassinato.
Thalita Fernandes Santos, irmã do vereador, minimizou os desentendimentos, referindo-se aos conflitos como "brigas normais de casal", segundo relatou em depoimento à polícia. Já a empregada doméstica Rosângela de Souza Matos disse apenas que o casal costumava tomar muitos medicamentos.
Entretanto, o relato da babá Thayná de Oliveira Ferreira, que prestou depoimento na 16ª DP (Barra) na última terça-feira (13), trouxe novos detalhes sobre a rotina de um casal que se desentendia com frequência.
Após as agressões de Jairinho contra Henry —informadas em tempo real em troca de mensagens entre mãe e babá—, Monique deixou o imóvel onde morava, levando os pertences dela e do filho em malas, segundo disse Thayná à polícia. Monique informou à babá que iria para Bangu, bairro da zona oeste carioca onde moram seus pais.
No entanto, a mãe de Henry fez publicações em redes sociais carinhosas ao lado de Jairinho logo no dia seguinte, causando estranheza à babá, que contou o episódio à polícia.
Brigas no quarto, beijos na sala
Thayná também disse à polícia que era comum vê-los com malas prontas para sair de casa, como se estivessem rompendo o relacionamento. Segundo a babá, Jairinho e Monique brigavam com frequência em discussões que costumavam ocorrer a portas fechadas no apartamento. Mas deixavam o quarto e, em seguida, já estavam trocando beijos e abraços.
Em meio a esse relacionamento conturbado, havia Henry, alvo de ao menos três casos de agressões cometidas por Jairinho, segundo a babá. Os ataques de Jairinho ao menino sempre ocorriam quando Monique não estava em casa.
'Nunca mais fale que meu filho me atrapalha'
O que ocorreu após as agressões na tarde de 12 de fevereiro também foi relatado em um depoimento na quarta-feira (14) por uma cabeleireira que atendeu Monique naquele dia. Ela disse ter presenciado o momento em que a mãe conversou com a babá, que colocou Henry na linha. "O tio disse que eu te atrapalho", teria dito Henry.
Monique respondeu que não e a criança pediu para que a mãe retornasse para casa. A professora questionou o menino sobre o que havia acontecido. Neste momento, a cabeleireira não entendeu se a criança respondeu que "o tio bateu" ou "o tio brigou".
Em seguida, disse ter visto Monique discutindo: "Você nunca mais fale que meu filho me atrapalha porque ele não me atrapalha em nada." Segundo a investigação, era Jairinho quem estava do outro lado da linha.
Gritos ao telefone no cabeleireiro
A cabeleireira ainda afirmou que lembra de Monique acrescentar: "Você não vai mandar ela embora, porque se ela for embora, eu vou junto. Porque ela cuida muito bem do meu filho, ela não fez fofoca nenhuma, quem me contou foi ele".
Exaltada, Monique ainda teria dito, segundo a cabeleireira: "Quebra, pode quebrar tudo mesmo. Você já está acostumado a fazer isso". A profissional conta que Monique gritava no telefone, "razão pela qual os presentes puderam ouvir sua conversa".
Após as agressões relatadas pela babá à mãe em 12 de fevereiro, o parlamentar voltou ao apartamento para confrontar o menino: "Henry, o que você falou para a sua mãe? Você gosta de ver a sua mãe triste com o tio? Você mentiu para a sua mãe", questionou o parlamentar, "visivelmente exaltado", segundo a babá.
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