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Caso Henry: Câmera é encontrada dentro de caixa em apartamento de Jairinho

"Lâmpada espiã" encontrada na estante de Henry tem câmera sem fio, microfone, alto-falante e sensor de presença - Polícia Civil/ Divulgação
"Lâmpada espiã" encontrada na estante de Henry tem câmera sem fio, microfone, alto-falante e sensor de presença Imagem: Polícia Civil/ Divulgação

Tatiana Campbell

Colaboração para o UOL, no Rio

16/04/2021 10h51Atualizada em 16/04/2021 19h08

A Polícia Civil do Rio encontrou no apartamento onde moravam o vereador Dr. Jairinho (sem partido) e a professora Monique Medeiros uma câmera de monitoramento ainda dentro da caixa. O equipamento, que não fora instalado, foi encontrado na estante do quarto do menino Henry Borel durante uma perícia complementar no imóvel onde morava o casal na Barra da Tijuca.

A babá do menino, Thayná de Oliveira Ferreira, já havia informado à polícia sobre o interesse da mãe da criança em instalar câmeras no local. As duas trocaram mensagens em 12 de fevereiro, quando a criança ficou trancada no quarto com Dr. Jairinho e saiu mancando do cômodo. Monique salientou que iria colocar o equipamento para capturar as possíveis agressões do vereador.

Segundo a babá, a professora chegou a pedir ajuda para colocar o plano em ação. "Eu vou colocar microcâmera. Me ajuda a achar um lugar. Depois eu tiro", escreveu Monique.

O equipamento também foi citado pela mãe de Henry enquanto ela era atendida em um salão de beleza na mesma tarde em que recebia os relatos da babá sobre a situação do menino.

Monique questionou a cabeleireira que a atendia se havia algum lugar no shopping que vendesse câmeras. A consulta ocorreu após uma videochamada em que o filho relata que "o tio brigou" ou "o tio bateu" —referindo-se a Jairinho. A mulher então indicou uma loja de eletroeletrônicos.

Na última quarta-feira (14), a cabeleireira também relatou à polícia que a mãe de Henry hidratava o cabelo e realizava embelezamento de pés e mãos quando recebeu a ligação de vídeo. Durante a conversa, a funcionária afirmou que a criança perguntou a Monique se estaria atrapalhando a mãe. "O tio disse que eu te atrapalho", teria falado o menino, com um "choro manhoso".

Após a babá mostrar a criança mancando, Monique voltou a questionar o que havia acontecido e Thayná de Oliveira respondeu que não viu "porque a porta estava trancada". Nesse momento, a cabeleireira então relatou que notou a cliente agitada.

Momentos depois, a funcionária do salão ouviu quando a mãe de Henry falou ao telefone, em uma outra ligação: "Você nunca mais fale que meu filho me atrapalha porque ele não me atrapalha em nada".

A mulher ainda afirmou que lembra de Monique acrescentar: "Você não vai mandar ela embora, porque se ela for embora, eu vou junto. Porque ela cuida muito bem do meu filho, ela não fez fofoca nenhuma, quem me contou foi ele".

O interlocutor, que se acredita ser o vereador Dr. Jairinho, diz "algo" ao que Monique respondeu, exaltada: "Quebra, pode quebrar tudo mesmo. Você já está acostumado a fazer isso".

Segundo a Polícia Civil, o equipamento conhecido como "lâmpada espiã" possui uma câmera sem fio, microfone, alto-falante e sensor de presença, geralmente filmando até três dias seguidos. A câmera de monitoramento envia as imagens em tempo real para um aplicativo instalado no celular.

Na noite de hoje, Antenor Lopes, chefe do Departamento de Polícia da capital carioca, afirmou que o aparelho teria sido comprado para que Monique monitorasse o sono do filho.

"Ela teria sido comprada pelo pai do menino Henry justamente para que a criança se acostumasse a dormir sozinho no quarto. No entanto pelo o que a gente verificou essa câmera não chegou a ser usada, ela sequer saiu da caixa", explicou.