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Como ondas gigantes se formaram na mansidão da Baía de Guanabara

Surfista Caio Vaz na Laje da Besta, na Baía de Guanabara - Affonso Dalle/Reprodução
Surfista Caio Vaz na Laje da Besta, na Baía de Guanabara Imagem: Affonso Dalle/Reprodução

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

26/04/2021 15h20

Adormecida na maior parte do ano, a chamada Laje da Besta registrou ondas de até 5 metros nas águas normalmente calmas da Baía de Guanabara, que banha a região metropolitana do Rio de Janeiro.

Localizada entre o Forte de Santa Cruz, em Niterói, e o Pão de Açúcar, a Laje da Besta dá nome a uma onda rara que pôde ser desafiada na quarta (21), quinta (22) e sexta-feira (23) por surfistas profissionais.

Neste final de semana, as águas da baía continuaram agitadas, porém com menos intensidade. Surfistas menos experientes também conseguiram aproveitar outros pontos.

O pico levou às águas da Baía de Guanabara grandes nomes do surf brasileiro, como Lucas Chumbo, Lucas Fink, Caio Vaz, Pedro Scooby, Michelle Bouillons, entre outros.

David Zee, oceanógrafo e professor da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), explica que o ciclone que atingiu a costa do Rio aliado à morfologia da Baía de Guanabara ajudou na formação das ondas gigantes.

Dois são os motivos: primeiro, a entrada de uma frente fria muito próxima do litoral carioca, provocando ondas que vinham na direção Sul e Sudeste. Segundo motivo: a morfologia da boca da entrada da Baía de Guanabara que faz com que a onda se afunile exatamente em cima da laje fazendo com que [o local] perca profundidade e forme essa onda

O ciclone subtropical Potira, formado por uma área de baixa pressão atmosférica no oceano, foi o responsável pelos ventos fortes que chegaram ao Rio ao longo da semana passada.

Segundo o Climatempo, o vento moderado a forte e persistente provocado sobre o oceano por essa tempestade subtropical causou a agitação marítima observada no Sudeste e ajudou na formação das ondas gigantes da Baía de Guanabara.

"O posicionamento deste sistema favoreceu a entrada de grandes ondas pela Baía da Guanabara, o que é pouco comum. Muitas praias normalmente calmas na baía ficaram com mar muito agitado", destacou o Climatempo.

O surfista Caio Vaz, que esteve na Laje da Besta na quinta-feira (22), explicou ao UOL que as correntezas nas ondas as tornam mais difíceis de surfar.

"Essa onda é bem rara e, durante a troca de maré, fica muita correnteza, deixando uns buracos na onda. É difícil de surfar. Você sente toda a força da Baía de Guanabara saindo em direção ao mar."

A última vez que Vaz esteve na Laje da Besta foi em 2019. O fotógrafo Affonso Dalle acompanhou o surfista na semana passada. Os dois saíram da Marina da Glória de jet ski em direção à Laje da Besta.

"Fiquei impressionado pela força das ondas. É uma onda muito rara de acontecer justamente por conta dessa direção de ondulação tão específica que entra na Baía de Guanabara e faz a onda quebrar sobre um fundo de pedra que ali existe. Tem uma chance muito grande de lá acontecer a maior onda do Brasil", explicou ao UOL.

Nas redes sociais, Pedro Scooby disse acreditar que surfou na Baía de Guanabara a maior onda dele no Brasil.

Após o swell histórico do Rio de Janeiro, surfistas puderam aproveitar outra onda rara. Dessa vez, a Avalanche, no Espírito Santo.

A surfista Michelle Bouillins disse nas redes sociais que a Avalanche é uma das top 3 mais pesadas que ela já surfou. "E olha que esse ano eu levei muito caldo em Nazaré", disse ela em postagem na rede social referindo-se à cidade de Portugal famosa pelas ondas gigantes.