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Mãe de Henry acusa ex-advogado de Jairinho de versão 'insana' e 'inventada'

Tatiana Campbell

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

03/05/2021 19h02Atualizada em 03/05/2021 19h02

Em uma carta de 21 páginas, Monique Medeiros detalhou sua versão sobre a morte do filho, Henry Borel, em 8 de março.

No documento, ela não poupou acusações contra o advogado André França Barreto - que representava o casal no início do caso - que segundo ela arquitetou de forma "insana" a versão de seu primeiro depoimento à polícia.

Segundo a professora, França teria dito que "só aceitaria o caso se nos uníssemos e combinássemos uma versão inventada. Que não poderia haver mais de uma versão e que não poderia haver divergências".

Monique relatou ainda que teria questionado o porquê de não contarem o que, na versão dela, realmente aconteceu naquela noite: "um acidente doméstico".

Na carta, a mãe de Henry diz que suas dúvidas foram repelidas pelas pessoas presentes na sala do advogado.

"Todos da família que estavam presentes disseram para confiar no André e que aquela seria 'a única versão'", detalhou.

No texto, revelado pelo Fantástico e ao qual o UOL teve acesso, a professora diz também que o então advogado do casal teria cobrado R$ 2 milhões pelos serviços.

"A partir dali, o advogado começou a me fazer um monte de pedidos e que todos os dias fôssemos treinar com ele, quase que de maneira insana, uma nova versão dos fatos, inventada por ele".

Ainda na carta, Monique diz que após a família de Dr. Jairinho fechar a linha de defesa com André França Barreto, "brutalmente começou uma lista de etapas que eu deveria cumprir. E a primeira delas seria ir até o Barra D'Or - hospital para onde o menino foi levado - para conseguir o boletim médico (...) que não era para eu sair de lá sem esse boletim, pois o nosso depoimento estava marcado para a próxima semana e André queria se respaldar de possíveis contradições ou erros", disse ela em um trecho.

Dia do depoimento

Monique Medeiros ainda deu detalhes sobre os bastidores do dia 17 de março, quando o casal foi prestar esclarecimentos na 16ª DP (Barra da Tijuca).

"Chegou o dia do depoimento, o Dr. André escolheu minha roupa, fez um último treinamento na casa dele, combinou de me lembrar de 'pontos chaves' dando 'chutinhos' por baixo da mesa para eu não esquecer de falar importante (sic), não deixar de dar as mãos e não abaixar a cabeça em hipótese alguma".

Segundo a mãe de Henry, Dr. Jairinho a medicou no dia, com 2 mg de Rivotril antes do depoimento e outras 2 mg depois.

O vereador teria justificado que a medicação controlada era para que Monique "esperasse por ele [Jairinho] mais tranquila".

No documento, a mãe de Henry relatou que, após as cerca de 12 horas de interrogatório, chegou a adormecer no carro.

"Quando percebi estávamos em nosso apartamento. Eu, Cristiane [assessora de Jairinho], seu marido, Jairinho e André para conversar e 'comemorar o suposto sucesso' do depoimento em relação à morte do meu filho".

Por fim, Monique Medeiros diz que, após a oitiva, André França Barreto teria afirmado que o "próximo passo seria 'treinar' a babá e a Rosângela [empregada] a dizer o que era realmente importante e eliminar qualquer comentário de desentendimento que elas tiveram presenciado em relação a mim e a ele".

Procurada pelo UOL, a equipe que assessora o advogado disse em nota que "a defesa sempre pautou a sua atuação pela ética e pela técnica, jamais alterando a narrativa apresentada pelo casal, desde o início e de forma única. Adotamos, inclusive, a investigação defensiva, para verificar e dar visibilidade ao que o casal afirmava".