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"Ouvi gritos de socorro", diz funcionária que socorreu criança esfaqueada

Aline Biazbetti, que ajudou a socorrer uma criança esfaqueada em Saudades (SC) - Hygino Vasconcellos/UOL
Aline Biazbetti, que ajudou a socorrer uma criança esfaqueada em Saudades (SC) Imagem: Hygino Vasconcellos/UOL

Hygino Vasconcellos

Colaboração para o UOL, em Saudades

04/05/2021 14h49Atualizada em 04/05/2021 22h50

A agente educativa Aline Biazebetti, 27, estava envolvida nos afazeres domésticos na manhã de hoje quando passou a ouvir gritos que vinham do outro lado da rua, da creche Aquarela, onde ao menos cinco pessoas morreram esfaqueadas em Saudades (Santa Catarina).

"Era 8h, 9h. Estava em casa e escutei gritos de socorro. Quando sai para a rua vi as meninas da limpeza saindo pelo portão da frente, pedindo socorro: 'por favor liguem para a polícia que um cara entrou armado e está matando as crianças'", contou.

A agente educativa trabalha há cerca de um ano na escola, onde atua à tarde. "Poderia ter sido eu", disse.

Ao ver a cena, Aline diz que agiu no impulso e pegou uma das crianças e a levou até o hospital. "Ela estava com um corte na lateral do nariz e logo acima do lábio. Ela estava consciente e acho que sobreviveu", conta entre lágrimas.

A agente educativa explicou que o suspeito foi contido por outros quatro homens — momento que tentou se matar. Internado em Chapecó, o autor do atentado estava com quadro de saúde estável até a tarde de hoje.

Saudades tem população de cerca de 9.000 pessoas e fica na região de Chapecó, no Oeste de Santa Catarina.

Mapa Saudades (SC) - Arte/UOL - Arte/UOL
Mapa Saudades (SC)
Imagem: Arte/UOL

"Cena extremamente violenta", diz comandante dos Bombeiros

O ataque mobilizou duas equipes do Corpo de Bombeiros de Saudades e do município vizinho de Pinhalzinho. "Quando eles chegaram, se depararam com uma cena extremamente violenta, já com uma servidora e duas crianças em óbito no local, e ainda mais outros ocupantes da edificação que estavam feridos e o agressor, que já estava mobilizado pela Polícia Militar, já estava bastante machucado", explica o comandante dos Bombeiros, capitão Leonardo Ecco.

O oficial explica que o suspeito tentou agredir os socorristas enquanto era retirado do local. Seis bombeiros atenderam a ocorrência e, segundo Ecco, foram retirados da escala à tarde em virtude do que viram na creche.

Foi uma cena muito chocante para a equipe, muitos são pais e a equipe está abalada psicologicamente. Nossas equipes se preparam e treinam para atender da melhor maneira os piores cenários. Mas uma situação como essa, com brutalidade, vítimas inocentes e indefesas, isso mexe muito com o emocional deles. Então, eu conversei com todos, já substituímos na escala de serviço para rodar, para dar continuidade e vamos tratar eles agora, buscar todo o amparo psicológico para os profissionais que também sofrem um impacto muito significativo
Leonardo Ecco, comandante dos Bombeiros