Médica aciona polícia ao atender bebê com dezenas de lesões; estado é grave
Uma médica de uma UPA de Anápolis, em Goiás, acionou a Polícia Militar e o Conselho Tutelar na segunda-feira (10) para denunciar a suspeita de maus-tratos sofridos por uma bebê de seis meses.
Foram encontradas cerca de 30 marcas de hematomas no corpo da criança, aponta investigação preliminar. Os pais, um homem de 27 anos e uma mulher de 33, são investigados pela Polícia Civil. Ele alega que procurou auxílio médico após a criança se sentir mal, mas o Conselho Tutelar de Anápolis afirma que existem lesões antigas na criança.
Ao UOL, o pai - que preferiu não se identificar - contou que procurou socorro médico após a filha ficar com o corpo mole enquanto estava no colo dele. A menina teria contorcido o pescoço.
"Como os dentes dela estão nascendo, começou a se agoniar e sofrer bastante. Coloquei um vídeo para assistirmos com intenção de acalmar. Sentei ao chão e ela ficou no meu colo. Ela não gostou do vídeo e quando eu fui pegar o celular para trocar, a cabeça dela virou de uma vez e contorceu", descreveu.
O pai acredita que acabou machucando a filha ao tentar fazer massagem no peito da criança, já que ela parecia tentar respirar.
"Eu chamei pelo nome dela e como não entendo de primeiros socorros, acho que acabei colocando muita força na região do tórax. Foi tudo muito rápido. Quando vi o corpo mole, fiquei em desespero. Acredito que, no nervosismo, acabei exagerando", afirmou.
O Conselho Tutelar de Anápolis afirmou que existem lesões antigas na criança. O pai diz que no domingo (9), a criança escorreu do colo dele, o que pode ter machucado a filha. Ele nega que tenha praticado qualquer crime contra a criança e que "não tem jeito" para lidar com bebês nos braços.
"Eu sou verdadeiro. Se tem uma pessoa que deseja a verdade sou eu porque já estão nos condenando sem saber o que realmente aconteceu. Se um dia eu pegar alguém machucando a minha filha, não sei nem o que posso fazer. Não irei deixar nenhum mal acontecer com ela. Se cometi algum acidente, foi sem querer", sustenta.
Depois de ser atendido na UPA de Anápolis, a bebê foi levada para o HUGOL (Hospital Estadual de Urgências Governador Orlando Siqueira). A unidade informou que a criança "encontra-se na UTI [Unidade de Terapia Intensiva], com o estado geral grave e respirando com a ajuda de aparelhos".
Polícia ouve testemunhas
A titular da DPCA (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente), Kênia Segantini, informou que o caso gerou a instauração de inquérito para apurar as "causas e circunstâncias das lesões corporais no bebê".
"Na noite de ontem, foi realizada perícia na residência da família. Já ao longo da manhã de hoje, o genitor do bebê prestou novas declarações na DPCA e informou que sua filha estava em seu colo no momento do fato", disse a delegada.
Em depoimento, ele ratificou que não agrediu a filha de seis meses.
"O genitor do bebê afirma que é possível que tenha machucado sem intenção sua filha, ao se abaixar, com ela em seu colo, para pegar um celular na cama, com a intenção de mudar o vídeo que assistiam, bem como ao massagear o tórax para reanimá-la", comentou.
A Polícia Civil requisitou ao IML (Instituto Médico Legal) um exame de corpo de delito na criança. O legista deverá realizar o procedimento ainda durante a internação do bebê no hospital.
A intenção da investigação é ouvir a mãe de criança e vizinhos ao longo dos próximos dias.
Casal pode perder guarda, diz conselho
O conselheiro tutelar Miquéias Duarte atendeu a ocorrência na UPA. Ele comentou que a instituição aguardará depoimentos e o resultado do exame legista para verificar a possibilidade de retirar a guarda da criança dos pais ou pedir à Justiça uma medida protetiva, caso somente um deles seja o responsável pelas lesões de maneira intencional.
"O que nos preocupa é que as lesões parecem ser de dias anteriores. A gente espera o depoimento do pai e da mãe e um primeiro parecer do exame legista. Se ficar comprovado a responsabilidade, teremos que instituir novos responsáveis na família ou até mesmo encaminhar para alguma instituição. Se for apenas um deles, temos o direito de pedir a medida protetiva", explicou o conselheiro.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.