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Médica aciona polícia ao atender bebê com dezenas de lesões; estado é grave

Polícia investiga lesões em corpo de bebê atendido em UPA de Anápolis - Arquivo Pessoal
Polícia investiga lesões em corpo de bebê atendido em UPA de Anápolis Imagem: Arquivo Pessoal

Abinoan Santiago

Colaboração para o UOL

12/05/2021 09h36

Uma médica de uma UPA de Anápolis, em Goiás, acionou a Polícia Militar e o Conselho Tutelar na segunda-feira (10) para denunciar a suspeita de maus-tratos sofridos por uma bebê de seis meses.

Foram encontradas cerca de 30 marcas de hematomas no corpo da criança, aponta investigação preliminar. Os pais, um homem de 27 anos e uma mulher de 33, são investigados pela Polícia Civil. Ele alega que procurou auxílio médico após a criança se sentir mal, mas o Conselho Tutelar de Anápolis afirma que existem lesões antigas na criança.

Ao UOL, o pai - que preferiu não se identificar - contou que procurou socorro médico após a filha ficar com o corpo mole enquanto estava no colo dele. A menina teria contorcido o pescoço.

"Como os dentes dela estão nascendo, começou a se agoniar e sofrer bastante. Coloquei um vídeo para assistirmos com intenção de acalmar. Sentei ao chão e ela ficou no meu colo. Ela não gostou do vídeo e quando eu fui pegar o celular para trocar, a cabeça dela virou de uma vez e contorceu", descreveu.

O pai acredita que acabou machucando a filha ao tentar fazer massagem no peito da criança, já que ela parecia tentar respirar.

"Eu chamei pelo nome dela e como não entendo de primeiros socorros, acho que acabei colocando muita força na região do tórax. Foi tudo muito rápido. Quando vi o corpo mole, fiquei em desespero. Acredito que, no nervosismo, acabei exagerando", afirmou.

Bebê deu entrada em UPA de Anápolis com lesões pelo corpo, diz polícia - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Bebê deu entrada em UPA de Anápolis com lesões pelo corpo, diz polícia
Imagem: Arquivo Pessoal

O Conselho Tutelar de Anápolis afirmou que existem lesões antigas na criança. O pai diz que no domingo (9), a criança escorreu do colo dele, o que pode ter machucado a filha. Ele nega que tenha praticado qualquer crime contra a criança e que "não tem jeito" para lidar com bebês nos braços.

"Eu sou verdadeiro. Se tem uma pessoa que deseja a verdade sou eu porque já estão nos condenando sem saber o que realmente aconteceu. Se um dia eu pegar alguém machucando a minha filha, não sei nem o que posso fazer. Não irei deixar nenhum mal acontecer com ela. Se cometi algum acidente, foi sem querer", sustenta.

Depois de ser atendido na UPA de Anápolis, a bebê foi levada para o HUGOL (Hospital Estadual de Urgências Governador Orlando Siqueira). A unidade informou que a criança "encontra-se na UTI [Unidade de Terapia Intensiva], com o estado geral grave e respirando com a ajuda de aparelhos".

Polícia ouve testemunhas

A titular da DPCA (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente), Kênia Segantini, informou que o caso gerou a instauração de inquérito para apurar as "causas e circunstâncias das lesões corporais no bebê".

"Na noite de ontem, foi realizada perícia na residência da família. Já ao longo da manhã de hoje, o genitor do bebê prestou novas declarações na DPCA e informou que sua filha estava em seu colo no momento do fato", disse a delegada.

Em depoimento, ele ratificou que não agrediu a filha de seis meses.

"O genitor do bebê afirma que é possível que tenha machucado sem intenção sua filha, ao se abaixar, com ela em seu colo, para pegar um celular na cama, com a intenção de mudar o vídeo que assistiam, bem como ao massagear o tórax para reanimá-la", comentou.

A Polícia Civil requisitou ao IML (Instituto Médico Legal) um exame de corpo de delito na criança. O legista deverá realizar o procedimento ainda durante a internação do bebê no hospital.

A intenção da investigação é ouvir a mãe de criança e vizinhos ao longo dos próximos dias.

Casal pode perder guarda, diz conselho

O conselheiro tutelar Miquéias Duarte atendeu a ocorrência na UPA. Ele comentou que a instituição aguardará depoimentos e o resultado do exame legista para verificar a possibilidade de retirar a guarda da criança dos pais ou pedir à Justiça uma medida protetiva, caso somente um deles seja o responsável pelas lesões de maneira intencional.

"O que nos preocupa é que as lesões parecem ser de dias anteriores. A gente espera o depoimento do pai e da mãe e um primeiro parecer do exame legista. Se ficar comprovado a responsabilidade, teremos que instituir novos responsáveis na família ou até mesmo encaminhar para alguma instituição. Se for apenas um deles, temos o direito de pedir a medida protetiva", explicou o conselheiro.