Greve afeta Metrô de São Paulo; três linhas pararam de funcionar mais cedo
Os funcionários do Metrô de São Paulo entraram em greve à 0h desta quarta-feira (19). As linhas 1-Azul, 2-Verde e 3-Vermelha, que operaram parcialmente desde as 7h (de Brasília) em alguns trechos (veja abaixo), pararam de funcionar às 22h, duas horas antes do que o horário normal. A Linha 15-Prata não operou o dia todo. Ônibus da operação Paese continuam fazendo os trajetos até meia-noite.
A paralisação foi divulgada na noite de ontem pelo Sindicato dos Metroviários. A decisão ocorreu após a realização de assembleia online (veja reivindicações abaixo). As linhas 4-Amarela e 5-Lilás, que são administradas pela ViaQuatro e pela ViaMobilidade respectivamente, estão operando normalmente.
O reflexo da greve pôde ser sentido logo nas primeiras horas do dia com a paralisação total de quatro linhas. Às 7h, as linhas 1-Azul, 2-Verde e 3-Vermelha passaram a operar parcialmente, mas a Linha 15-Prata segue parada. Não há previsão de normalização, com expectativa de 24 horas de greve.
Veja como foi o funcionamento de cada uma das linhas ao longo do dia:
- Linha 1-Azul: funcionamento parcial, entre estações Ana Rosa e Luz
- Linha 2-Verde: funcionamento parcial, entre estações Alto do Ipiranga e Clínicas
- Linha 3-Vermelha: funcionamento parcial, entre estações Bresser-Mooca e Santa Cecília.
- Linha 4-Amarela: funcionamento normal
- Linha 5-Lilás: funcionamento normal
- Linha 15-Prata: paralisada
Greve afeta funcionamento de linhas do metrô
Em entrevista à rádio Eldorado, o secretário dos Transportes Metropolitanos de São Paulo, Alexandre Baldy, disse que 15% dos funcionários do Metrô estão trabalhando. O índice é composto por metroviários que não aderiram à greve e por integrantes do plano de contingência.
O Metrô também informou alterações em relação a transferências entre as linhas.
Para tentar minimizar o impacto da paralisação dos metroviários, a SPTrans acionou o Paese (Plano de Atendimento entre Empresas em Situação de Emergência) com a criação de sete linhas especiais que saem das estações do Metrô até a região central para atender os passageiros com uma frota total de 203 coletivos.
- Metrô Jabaquara - Praça da Sé com 40 veículos
- Metrô Tucuruvi - Praça do Correio com 28 veículos
- Metrô Santana - Praça do Correio com 30 veículos
- Itaquera - Pq. Dom Pedro II com 40 veículos
- Metrô Artur Alvim - Pq. Dom Pedro II com 20 veículos
- Metrô Vila Matilde - Pq. Dom Pedro II com 20 veículos
- Metrô Vila Vila Prudente - Metrô Ana Rosa com 27 veículos
- Metrô Ana Rosa - Metrô Vila Madalena com 26 veículos
- Apoio com a linha 5110: Terminal São Mateus - Terminal Mercado com 69 ônibus
A SPTrans também solicitou às concessionárias que aumentem o número de partidas em todos os horários e que mantenham em circulação a totalidade da frota ao longo de toda a operação, nos horários de pico da manhã, entrepico e pico da tarde.
Além disso, algumas linhas que ligam os bairros às estações de Metrô farão o percurso dos bairros à região central.
Em entrevista à TV Globo, Alexandre Baldy, disse que não há previsão de início da operação parcial da Linha 15 - Prata e que o Metrô tenta diálogo com o sindicato para normalizar a operação. Ele ainda falou em possíveis punições.
A nossa expectativa é que o sindicato possa ser reflexivo, mantivemos a última proposta. Temos o diálogo aberto
Alexandre Baldy, secretário de Transportes Metropolitanos de São Paulo
Já o coordenador geral do sindicato dos metroviários, Vagner Fajardo, disse que espera por uma retomada das negociações por parte do Metrô e Governo de São Paulo
Estamos desde ontem na expectativa que o governo entre em contato e apresente uma alternativa para restabelecer o funcionamento
Vagner Fajardo, coordenador geral do sindicato dos metroviários
Em nota, a prefeitura de São Paulo informou que suspendeu o rodízio municipal hoje. Com a suspensão, a circulação de veículos leves ficou liberado no centro expandido desde a 0h desta quarta (19), independentemente do final da placa. A circulação de automóveis também estará liberada das 21h desta quarta (19) até as 5h desta quinta (20), no horário em que o rodízio segue o toque de restrição.
Aglomerações
Com a paralisação, paulistanos que usam o metrô tentam recorrer a outros meios de transporte. Houve aglomerações em frente às estações e em pontos de embarque de ônibus.
Por volta das 8h, muitas pessoas chegavam à estação Corinthians-Itaquera (Linha 3-Vermelha) sem conhecimento da greve e, surpresas, buscavam alternativas para se locomover até o trabalho.
Valéria Pereira, 23, chegou ao metrô sem saber da paralisação. Funcionária de uma agência de telemarketing no centro da cidade, ela fotografou a situação para mandar para o chefe, justificando o atraso. "Se não eu perco meu emprego", disse.
Já a diarista Riva Pereira da Silva, 50, fazia vídeos e fotos da greve para avisar ao patrão, no Jabaquara, que vai só amanhã. Moradora da Cidade Tiradentes, ela pegou um ônibus para chegar ao metrô Itaquera e se deparou com a paralisação.
"Não estava sabendo. Agora vou voltar para trás. Só fiz gastar meu bilhete. Ainda bem que amanhã eu não tenho diária, aí eu troco. Já avisei para ele", disse.
Nas redes sociais, usuários do Metrô compartilharam momentos de dificuldade enfrentados em meio à pandemia do novo coronavírus, em que o distanciamento social é uma das principais recomendações sanitárias.
Reivindicação
Os trabalhadores reivindicam "reajuste salarial, pagamento da Participação nos Resultados e contra a retirada de direitos". A categoria acusa o Metrô de persistir em uma proposta que reduz os direitos trabalhistas.
De acordo com sindicato, dos 3.162 participantes da assembleia, 2.448 (ou 77,4%) votaram pela greve. A proposta do Metrô foi rejeitada por 88% dos votantes.
A tentativa de acordo continuou ontem mas, segundo o sindicato, o Metrô não compareceu à Audiência de Conciliação realizada hoje no Tribunal Regional do Trabalho para que novos termos fossem negociados.
A culpa dessa greve é do governo de São Paulo. Do Doria, do secretário do transporte, e dos seus representantes. Nesse sentido, a proposta que a empresa nos fez é uma proposta absurda
Altino de Melo, coordenador do Sindicato dos Metroviários
O Metrô usou seu Twitter para lamentar a decisão dos funcionários da companhia.
Procurado pelo UOL, o Metrô de São Paulo respondeu que 'fez uma proposta de acordo salarial aos seus empregados muito acima do que é praticado no mercado de trabalho'. A nota também ressalta a liminar do TRT-SP que determina a manutenção de 80% dos trabalhadores no horário de pico. Veja abaixo a nota na íntegra.
'É inadmissível que o sindicato dos metroviários, com toda a linha de frente vacinada e com a crise econômica que estamos passando, decida fazer uma greve que irá prejudicar exclusivamente o cidadão que necessita do transporte público para ir ao trabalho.
O Metrô de São Paulo fez uma proposta de acordo salarial aos seus empregados muito acima do que é praticado no mercado de trabalho e previsto na legislação trabalhista. O sindicato certamente vive em uma realidade diferente do restante do país, que sofre com desemprego, perda de renda e fome. O Metrô manteve todos os serviços e seus empregados apesar do prejuízo de R$ 1,7 bilhão no último ano e de mais de R$ 300 milhões no primeiro trimestre de 2021.
Ainda assim, o Metrô ofereceu a manutenção de diversos benefícios muito além dos exigidos pela CLT, como o pagamento de vales Refeição e Alimentação, Previdência Suplementar, Plano de Saúde sem mensalidade, hora extra de 100% (CLT determina 50%), adicional noturno de 30% (CLT determina 20%), abono de férias em 40% (CLT determina 1/3), complementação salarial para afastados e auxílio creche/educação, dentre outros.
Reivindicar novos aumentos salariais e de benefícios, punindo a população com a paralisação do transporte público e deixando milhares de pessoas que cuidam de serviços essenciais, como saúde e segurança sem transporte é desumano e intransigente. Lamentamos muito que isso esteja ocorrendo e iremos trabalhar para oferecer o melhor transporte aos cidadãos. Liminar da Justiça do Trabalho determina manutenção de 80% dos trabalhadores no horário de pico e 60% nos demais horários, sob pena de R$ 100 mil diários.'
As propostas
O Metrô recusou a proposta feita pelo Ministério Público do Trabalho na reunião conciliatória entre as partes.
O MPT propôs, entre outros, reajuste salarial de 9,7% em 3 parcelas sendo a primeira em maio de 2021, a segunda em janeiro de 2022 e a terceira em maio de 2022, adicional noturno de 40% até dezembro de 2021 e pagamento da segunda parcela da PR (Participação nos Resultados) em janeiro de 2022.
A empresa, por sua vez, ofereceu reajuste salarial de 2,61%, não retroativo, a partir de 1º/1/2022, pagamento da Participação nos Resultados da 2ª parcela somente em 31/1/2022, adicional noturno de 35%, entre outros.
Proposta feita pelo Ministério Público do Trabalho
- Reajuste salarial de 9,7% em 3 parcelas sendo a primeira em maio de 2021, a segunda em janeiro de 2022 e a terceira em maio de 2022
- Adicional noturno de 40% até dezembro de 2021 e retorna ao patamar atual em janeiro de 2022
- Adicional de férias de 50% até dezembro de 2021 e retorna ao patamar atual em janeiro de 2022 com pagamento das diferenças do período
- Pagamento da segunda parcela da PR (Participação nos Resultados) em janeiro de 2022
- Manutenção de todas as demais cláusulas do Acordo Coletivo de 2020/2021
Proposta do Metrô
- Reajuste salarial: 2,61%, não retroativo, a partir de 1º/1/2022. Mesmo índice e condições para o vale-refeição e o vale-alimentação
- PR 2019: pagamento da 2ª parcela somente em 31/1/2022 e mediante "formalização de acordo que contemple as condições e critérios do valor a ser pago"
- Gratificação de férias: aplicação da fórmula que consta no Acordo Coletivo porém com adicional de 60%
- Adicional noturno: 35% sobre salário-base
- Abono salarial: pagamento só em 31/3/2022, equivalente ao piso normativo da categoria vigente em março de 22, para todos os empregados.
- Gratificação por Tempo de Serviço: pagamento somente aos funcionários que completaram o 5º ano de trabalho até 30/4/21. Não haverá acréscimo de 1% por ano a esses trabalhadores. Essa cláusula não se aplicará aos admitidos a partir de 1º/5/2021.
- Demais cláusulas: manutenção do que consta no Acordo Coletivo
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