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Mulher liga para a PM pedindo pizza e policial entende pedido de socorro

Daniel César

Colaboração para o UOL, em Pereira Barreto (SP)

27/05/2021 18h41Atualizada em 28/05/2021 21h06

Uma mulher de 54 anos, moradora de Andradina (SP), entrou em contato com a Polícia Militar pelo 190 ontem à noite e fez um pedido inusitado: uma pizza.

O soldado que estava atendendo aos chamados no Copom (Centro de Operações Policiais Militares) em Araçatuba, também no interior paulista, entendeu que se tratava de um pedido de socorro e pediu que uma equipe se deslocasse até o endereço indicado na ligação para averiguar o possível caso de violência doméstica. Chegando à residência, eles confirmaram as suspeitas.

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Segundo o boletim de ocorrência, o suspeito, um homem de 57 anos, fugiu assim que viu a viatura se aproximando, e a mulher, que havia ligado pela pizza, denunciou que estava sofrendo agressões físicas e psicológicas nas mãos do marido.

Em depoimento, ela alegou que o companheiro passou mais de 20 anos preso e que, desde que retornou para a casa, a vinha agredindo verbalmente, com xingamentos e ofensas. Além disso, a mulher declarou que recebeu ameaças de morte mais cedo naquele dia e que o marido disse que, se não conseguisse matá-la, mataria os filhos dela.

A ameaça ocorreu, segundo a vítima, porque o suspeito chegou em casa de posse de uma motocicleta e, como ele não tem emprego, ela estranhou e questionou como ele teria adquirido o veículo. Foi neste momento que o marido passou a ameaçá-la.

Ao verificar o veículo, que continuava nos fundos da casa, a PM confirmou que se tratava de uma motocicleta com registro de furto e, por isso, ela foi recolhida para perícia e depois devolvida ao proprietário.

O suspeito segue desaparecido e foi declarado como foragido, já que, segundo a Polícia Civil, foi possível confirmar as agressões contra a esposa e o furto do veículo.

O UOL entrou em contato com a Delegacia da Mulher em Andradina e confirmou que os casos serão separados. O crime de furto ficará com a Polícia Civil, sendo que a acusação de violência doméstica será investigada pela Delegacia da Mulher - também uma divisão da Civil.

A vítima já entrou com pedido de medida protetiva para impedir que o marido volte à residência ou se aproxime dela e dos filhos e aguarda uma resposta.

PM entende pedido de socorro

Ao comentar a ligação inusitada para a polícia, a vítima informou que, como não poderia telefonar pedindo socorro, já que o marido poderia ouvir, teve a ideia de sugerir que os dois pedissem uma pizza, com o "truque" de discar o telefone de urgência.

A vítima disse à polícia que pediu autorização do suposto agressor para comprar a pizza e, no momento de fazer o pedido, discou 190 e torceu para que o policial compreendesse que tratava-se de um pedido de socorro.

Ao UOL o Copom explicou que o caso foi recebido pelo PM Cássio Júnior dos Santos e que, somente foi possível entender o pedido de socorro da mulher porque ele estava treinado para casos assim.

"O Copom faz treinamentos periódicos, no mínimo semestrais, e utiliza exemplos do que ocorre em outros locais para orientação do efetivo", explicou o Comando em nota. "Houve uma ocorrência em 2019 que aconteceu idêntico nos EUA e serviu de base para o treinamento", encerrou o comunicado.

Não tolere violência, saiba procurar ajuda

O Ligue 190 é o número de emergência indicado para quem estiver presenciando uma situação de agressão. A Polícia Militar poderá agir imediatamente e levar o agressor a uma delegacia.

Também é possível pedir ajuda e se informar pelo número 180, do governo federal, criado para mulheres que estão passando por situações de violência. A Central de Atendimento à Mulher funciona em todo o país e também no exterior, 24 horas por dia. A ligação é gratuita.

O Ligue 180 recebe denúncias, dá orientação de especialistas e encaminhamento para serviços de proteção e auxílio psicológico. Também é possível acionar esse serviço pelo Whatsapp. Nesse caso, acesse o (61) 99656-5008.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado inicialmente, o policial que atendeu ao chamado é um soldado, e não cabo. Além disso, o Copom foi citado incorretamente como sendo o Comando de Policiamento do Interior. Na verdade, trata-se do Centro de Operações Policiais Militares. O conteúdo foi corrigido.