Estudante atendeu pacientes e usou carimbo de médica em hospital do RJ
Um estudante de medicina atendeu pacientes, receitou medicamentos e usou ilegalmente o registro no CRM (Conselho Regional de Medicina) de uma médica que não estava presente no consultório. O caso aconteceu ontem no Hospital Municipal de Belford Roxo, na Baixada Fluminense (RJ).
O universitário foi denunciado por uma paciente, que reclamava de dores na garganta mas achou que não recebeu o atendimento correto do estagiário. "Quando eu fui ser atendida pelo próprio médico, ele não esperou nem eu terminar de fato de dizer o que eu estava sentindo, só ouviu por alto, nem olhou para o meu rosto, nem olhou para mim, não pediu exame nenhum para saber de fato o que era", detalhou a mulher, que não quis se identificar, à TV Globo.
Ela recebeu o encaminhamento para tomar duas injeções e uma prescrição de medicamentos com o carimbo da doutora Carla Leite de Oliveira. O acadêmico colocou a própria assinatura sobre o carimbo da médica.
Após perceber as duas identidades diferentes, a paciente voltou ao consultório e questionou o estudante de medicina, gravando o encontro com o rapaz.
"Eu só queria saber porque está o carimbo de outra doutora", disse ela ao acadêmico em vídeo mostrado pela TV Globo. "Foi o que eu expliquei pra senhora, eu sou acadêmico, estou sob supervisão da médica. Ela está na sala da frente", explicou o rapaz, que ainda ouviu a paciente retrucá-lo: "Então eu deveria ter sido atendida por ela e não pelo senhor. E você deu uma assinatura em cima do nome dela como se fosse ela", falou ela, que tentou descobrir o nome do jovem, mas não conseguiu.
Orientada a procurar uma delegacia, a paciente disse que teria que apresentar um flagrante, mas quando foi ao hospital novamente o estagiário já havia ido embora. Foi então que ela decidiu se manifestar nas redes sociais, onde a publicação atraiu até mesmo outras pessoas que foram atendidas pelo mesmo homem.
Em entrevista à TV, uma delas — que também não quis se identificar — disse: "Eu não tinha nem percebido no carimbo que estava com o nome de uma mulher. Quando eu vi o vídeo fiquei em estado de choque. Eu falei: 'não acredito que fui medicada por uma pessoa que nem sequer é médico, entendeu?', como isso pode acontecer e se ele passa um medicamento errado e acontece alguma coisa?", reclamou.
Por mensagem, outra funcionária disse que o rapaz havia prescrito um medicamento errado para a sua mãe: "Quase matou minha mãe", escreveu ela à reportagem.
Também em anonimato, um funcionário do hospital confirmou que o estagiário atuava sem supervisão: "Eu gostaria de informar que a direção do Hospital Municipal de Belford Roxo aceita essa irregularidade de acadêmicos atendendo o povo. Isso é um absurdo. Estão matando as pessoas e o povo não está sabendo", disse.
Cremerj diz que médica deveria estar presente
O presidente da Cremerj (Conselho Regional Médico do Estado do Rio de Janeiro), Walter Palis, disse à TV que é comum que estudantes de medicina atuem em consultórios atendendo à população, mas fez ressalvas.
"Faz parte do treinamento do estudante de medicina o atendimento em unidades de saúde desde que sob regulamentos e sempre sob supervisão médica. O preceptor médico deve estar presente durante todo o atendimento, inclusive no momento da prescrição", informou.
Vereador faz denúncia no MP
Nas redes sociais, o vereador Danielzinho Silva (PL), de 26 anos, afirmou que protocolou a denúncia junto ao MP (Ministério Público). "É inadmissível a utilização do carimbo de uma médica por outra pessoa para prestar atendimento a um enfermo", escreveu.
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