Topo

Esse conteúdo é antigo

Mãe de Lázaro relata última ligação do filho e ameaças: 'Minha vida acabou'

Colaboração para o UOL, em Santos

24/06/2021 10h01Atualizada em 28/06/2021 10h57

A família de Lázaro Barbosa de Sousa, suspeito de assassinar quatro pessoas em Ceilândia Norte, entre 9 e 12 de junho, tinha esperança de que ele se entregasse. Abalada, a mãe do fugitivo, Eva Maria Sousa, de 51 anos, disse que não tinham condições de contratar um advogado para o filho. Ele foi capturado e morto após 20 dias de buscas pela Polícia Civil.

Desde o assassinato dos membros da família Marques Vidal, ela só conversou com Lázaro em uma oportunidade.

"Ele entrou em contato uma vez, por telefone. Eu estava muito nervosa e perguntei para ele: 'Cadê a mulher [Cleonice, que estava desaparecida, à época]?'. Ele disse 'Não sei. Não está comigo'. Depois, não falou mais nada e desligou, quando falei para ele que meu telefone estava rastreado", contou.

A ligação feita à mãe pelo fugitivo ocorreu de um número desconhecido, segundo ela. Mesmo assim, ela tentou retornar as ligações, mas o filho não a atendeu mais.

Esse foi o último contato entre Lázaro e os familiares desde o início das buscas, em 9 de junho. A mãe conta que, por conta da perseguição de pessoas querendo fazer justiça com as próprias mãos, a família tem trocado de telefone e endereço com frequência.

"Está muito difícil. Não tenho cabeça para nada. Não consigo viver mais. Para mim, a vida acabou", desabafou.

Eva Maria e o marido, com quem está casada há 13 anos, moravam em Águas Lindas de Goiás (GO) e trabalhavam como caseiros em uma chácara. Eles se mudaram para o interior da Bahia depois da chacina contra a família Marques Vidal.

"Tivemos de sair do nosso emprego e da cidade. Estamos recebendo muitas ameaças. Não estamos nada bem", afirmou Eva Maria. "As forças de segurança não entraram em contato conosco para ajudarmos a convencê-lo (a se entregar)", completou.

Sobrevivendo de doações

A família de Lázaro sobrevive atualmente à base de doações. Muitos conhecidos se afastaram depois que descobriram a ligação familiar entre Eva Maria e o foragido.

"Estamos em um lugar onde não há emprego. Mas, por medo, não estou procurando agora. Recebemos ajuda de algumas pessoas, só que é difícil, porque, aqui (onde a família está), todo mundo é muito pobre", contou.

Casado, pai de duas crianças, de 2 e 4 anos, Lázaro não possuía residência fixa. Ele passava alguns dias na casa da companheira - com quem teve um dos filhos - e, de vez em quando, morava por um tempo com uma tia, que era para ele como uma segunda mãe. Por vezes, ele simplesmente desaparecia.

Eva Maria conta que o marido e o filho se davam bem e que ele está abalado com a situação. "Ele gosta muito do Lázaro, pareciam irmãos. E quer que ele se entregue, pois será melhor para todo mundo", ressaltou Eva Maria.

A mãe do foragido disse que, apesar de não ter dinheiro para contratar um advogado para Lázaro, conta com a ajuda de um profissional de Brasília, que se dispôs a colaborar com a negociação. Os parentes de Lázaro gostariam de auxiliar em possíveis negociações entre ele e a polícia. Por enquanto, as autoridades não destacaram qualquer conhecido do acusado para atuar nessa tarefa.