Mãe que jogou bebê na rua fez parto sozinha durante viagem de ônibus no RS
A mãe suspeita de arremessar pela janela de um ônibus a filha recém-nascida na quarta-feira (30), em Panambi, a 375 km de Porto Alegre, fez o próprio parto durante a viagem dentro do veículo. De acordo com a Polícia Civil, a mulher de 20 anos confessou ontem o abandono e disse que não teve ajuda de ninguém ao dar à luz.
A criança foi encontrada na Avenida Presidente Kennedy por uma equipe da BM (Brigada Militar) que passava pelo local. A bebê estava sem roupa e ainda com o cordão umbilical.
A menina sofreu ferimentos na cabeça e ainda encontra-se em observação no hospital de Panambi. Na madrugada do fato, os termômetros da cidade marcavam 3,4°C, com sensação térmica de -0,7 °C, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).
Por meio de câmeras de segurança do trajeto percorrido pelo ônibus, que saiu de Porto Alegre com destino a São Nicolau, em um trajeto de quase 600 km pelo estado, a Polícia Civil conseguiu descobrir a localização da mãe da criança. Ela está presa preventivamente por tentativa de homicídio.
Em depoimento, de acordo com o delegado Gustavo Fleury, a mãe disse que realizou tudo sozinha dentro do ônibus. O veículo levava 15 passageiros. Ao entrar em trabalho de parto, a mulher sentou na última poltrona e depois se dirigiu ao banheiro, onde deu à luz.
"Ninguém desconfiou de nada porque o bebê também não chorou quando nasceu e como era de madrugada, talvez a maioria estivesse dormindo", declarou ao UOL o delegado que comanda a investigação.
A mulher não soube explicar como fez o parto do bebê sem ajuda de outras pessoas. Ela afirmou apenas que após o procedimento, colocou a filha em um saco preto de lixo com papel higiênico e a jogou pela janela. Câmeras de segurança flagraram o exato momento do arremesso.
Gravidez escondida
Segundo a Polícia Civil, a jovem é de uma família humilde da zona rural de Dezesseis de Novembro, cidade gaúcha de 2,5 mil habitantes. Ela retornava de Porto Alegre após passar uma temporada na casa de parentes.
A mulher contou aos policiais que não contou sobre a gestação a nenhum familiar. Por não ter realizado pré-natal, não soube dizer a possível data de fecundação ou meses de gravidez. A criança nasceu com 2,7 kg.
Ela justificou que tomou a medida drástica por medo da reação dos parentes sobre a filha. Os familiares não desconfiaram da gestação em razão das características físicas da mulher.
"Desde o início foi uma gravidez às escondidas porque não sabia quem era o pai, além de não ter feito pré-natal ou qualquer consulta médica. Ninguém sabia da gravidez, segundo contou para gente. Vamos checar isso", afirmou Fleury.
Mãe passa por exames
Apesar de ser investigada por tentativa de homicídio, o inquérito ainda aguarda laudos da perícia e o resultado de demais exames para confirmar o crime pelo qual a mulher pode ser indiciada.
Existe a possibilidade de que a acusação mude de tentativa de homicídio para tentativa de infanticídio, que tem pena menor, de dois a seis anos de reclusão.
"Tentativa de infanticídio é quando uma mãe tenta matar o filho sob o estado psicológico puerperal, um transtorno que acomete algumas mães no momento do parto e que a leva a matar o filho, mas isso deve ser verificado por um perito, que emitirá um laudo", esclareceu o delegado.
A mulher encontra-se presa na Penitenciária Modulada de Ijuí e ainda não tem advogado constituído.
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