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Estelionatárias debochavam de vítimas em grupo: 'Não aguento pobre'

Estelionatárias brincavam com condição financeira de possíveis vítimas - Reprodução
Estelionatárias brincavam com condição financeira de possíveis vítimas Imagem: Reprodução

Tatiana Campbell

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

13/07/2021 15h20Atualizada em 13/07/2021 15h20

Mensagens recuperadas pela polícia revelaram um pouco da rotina de cinco mulheres que foram presas acusadas de aplicarem golpes para roubar dados de cartões de crédito. Em uma delas, as criminosas chegam a debochar de uma vítima que tinha pouco dinheiro na conta bancária.

Segundo as investigações, Yasmin Navarro, Anna Carolina de Sousa Santos, Gabriela Silva Vieira, Rayane Silva Sousa e Mariana Serrano de Oliveira ligavam para as vítimas se passando por funcionárias de uma central de banco. Elas afirmavam que uma compra fraudulenta havia sido feita e enviavam um falso motoboy para que as vítimas entregassem o cartão supostamente clonado, junto aos dados.

"Não aguento mais pobre", escreveu Yasmin Navarro, de 25 anos, uma das integrantes da quadrilha. A mulher se referia a uma idosa de 82 anos que possuía R$ 330 de saldo. O UOL teve acesso aos prints que foram anexados pelos agentes da 40ª DP (Honório Gurgel) ao Inquérito Policial entregue à Justiça.

A delegada Marcia Beck conversou com a reportagem e detalhou que irá "analisar todo o material que está nos laptops apreendidos". Segundo as investigações, Anna Carolina de Sousa Santos, que se apresentava como influenciadora nas redes socias, era a chefe do grupo.

Ela e as quatro cúmplices participavam de um grupo de WhatsApp chamado "Apto 302 Recreio", que funcionava como uma central para discutir a aplicação dos golpes. Todas foram presas em flagrante.

Em uma outra troca de mensagens, o grupo parece reclamar da dificuldade para prospectar vítimas, mas as mulheres dão palavras de incentivo umas as outras, destacando que precisavam de "dinheiro pro fds [final de semana]".

"Tá ruim para falar mesmo, muito número que não existe", reclama Mariana de Oliveira. Logo em seguida, Rayane Sousa diz: "Mesmo jeito que a de vocês, mas vambora (sic)".

Em resposta, Yasmin Navarro incentiva as colegas de grupo: "Bora meninas, 15h. Tem que estourar de segundas. Dinheiro para o FDS [final de semana]. Por que o trampo de sexta só cai na segunda". "Chega me tremo", finalizou Rayane.

As mulheres também compartilhavam dificuldades que tinham para convencer as vítimas a transmitirem seus dados. Em um dos diálogos, Yasmin Navarro fala sobre uma idosa de 61 anos. "Caiu. Ela era muito desconfiada. Quer falar com a gerente pelo chat. Desenrolada".

Em uma outra mensagem, outra integrante do grupo ri e diz que havia conversado com um homem que sabia do golpe. "Acabei de falar um que o cara sabia do golpe kkkk. Ele disse: 'vou desligar, mas a minha linha vai ficar presa com vocês, aí alguém de vocês vai atender e vai pedir a senha e vocês vão me passar a perna'", escreveu.

Um dos computadores apreendidos pela Polícia Civil tinha um texto que era usado pelas mulheres para dar mais veracidade durante a ligação com as vítimas. Confira um trecho:

"Boa tarde, por gentileza ... Sr (a) ... Aqui quem fala é Gabriela Cardoso, sou do setor de segurança do Banco do Brasil ... Tudo bem com o Sr(a)? O motivo do meu contato é referente a uma transação que se encontra irregular no nosso sistema. Foi uma compra realizada agora há pouco nas Lojas Americanas da cidade de São Paulo (...)", orientava o texto.

Em outro computador, os agentes localizaram uma planilha com mais de 10 mil dados de vítimas da quadrilha.

O UOL tenta contato com a defesa das envolvidas.