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Secretário suspeito de matar ex zombou de prisão em motel, diz polícia

Ex-secretário de esportes foi preso pela morte da ex-namorada e teria ameaçado a irmã dela - Reprodução/Redes Sociais e Divulgação/Polícia Civil
Ex-secretário de esportes foi preso pela morte da ex-namorada e teria ameaçado a irmã dela Imagem: Reprodução/Redes Sociais e Divulgação/Polícia Civil

Rodrigo Scapolatempore

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

15/07/2021 10h51

"Será que foi por causa de um homicídio?". Foi com uma pergunta em tom de deboche que Anderson Christian de Oliveira, de 37 anos, foi preso em um motel no Espírito Santo, segundo a Polícia Civil. Ele é suspeito de matar a tiros a ex-namorada Natália Epifânia de Oliveira, de 23 anos, no último domingo (11), em um sítio em São Pedro do Suaçuí, interior de Minas Gerais.

Ao UOL, a delegada titular da Divisão de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM) capixaba, Raffaella Aguiar, afirmou que ele foi irônico ao ser encontrado pela polícia. Anderson foi exonerado do cargo de secretário de Esportes da Prefeitura de São José do Jacuri, cidade vizinha.

"Quando chegamos ao quarto do motel, no centro de Vitória, indagamos se ele tinha ciência do motivo de sua prisão. Foi quando ele agiu de forma irônica falando: 'será que foi por causa de um homicídio?' E aí falamos: acertou, o senhor está preso".

Relacionamento tóxico

Por meio da Polícia Civil, o UOL teve acesso a um vídeo gravado espontaneamente pelos familiares após a prisão, no qual pedem justiça e detalham sobre o relacionamento abusivo. Segundo o tio de Natália, Mauro Oliveira, Anderson andava sempre com um revólver e perseguia Natália há seis meses, mesmo tendo sido ele quem terminou o relacionamento para ficar com outra.

"Todo mundo sabia que ele andava com revólver para cima e para baixo. Ele foi muito tóxico, era muito ciumento, se incomodava com as roupas, ela não podia conversar com ninguém. Foi ele que traía demais e a largou para morar com outra moça. Depois, quando acabou com esta, tentou voltar para Natália e começou a perseguir, todo lugar que ela estava ele estava", detalhou.

A mãe de Natália, Zenólia de Araújo Oliveira, pediu justiça para que casos assim não se repitam. "É um covarde, é um monstro. Mas eu só quero justiça. Não quero que prenda e solte rápido porque, se fizer isso, ele vai destruir outras famílias como destruiu a minha", afirmou.

Irmã diz que foi ameaçada

Muito abalada, a irmã de Natália, Beatriz Araújo, contou que presenciou toda a ação e que, quando Anderson chegou, tentou ainda proteger a vítima e dar socos no criminoso, mas escorregou. "Então, ele também colocou a arma na minha cabeça. Foi rápido e um terror. Quando vi, ela estava caída. Agora, ele que pague por tudo que fez com nossa menininha. Que Deus nos proteja e nos dê justiça", afirmou.

Após a prisão, já comunicada à Polícia Civil de Minas Gerais, o ex-secretário foi transferido para o Centro de Triagem de Viana (CTV), a 10 km da capital capixaba. "Ele vai precisar de uma autorização judicial para que possa ser recambiado para o estado de origem (MG) onde praticou o crime", completou a delegada Rafaella Aguiar.

O crime

Segundo a Polícia Militar, o crime ocorreu em um sítio próximo às duas cidades, que ficam a cerca de 300 km de Belo Horizonte. De acordo com testemunhas que estavam na festa, Natália estava com um amigo quando o secretário chegou e efetuou três disparos em direção à cabeça da jovem, que morreu na hora. Após a ação, ele fugiu.

Natália também era servidora municipal e trabalhava como recepcionista. Após o crime e a fuga do suspeito, a Prefeitura de São José do Jacuri decretou luto de dois dias e publicou a exoneração de Anderson do cargo. A pena para o crime de feminicídio é de 12 a 30 anos de prisão. (editado)