Motorista de app escreve mensagens de apoio para os passageiros na pandemia
Um motorista de aplicativo de São Paulo está tentando fazer das suas corridas um momento de esperança para os passageiros. Quem entra no carro de Edison dos Santos, 59 anos, encontra um pacote com cartas escritas a mão por ele, as três filhas e a mulher com mensagens apoio emocional.
A ideia segundo a família é surpreender os passageiros. Foi o que aconteceu com Isabella Mercuri, de 20 anos. No dia 14 de julho, ela fez uma corrida com Edson e compartilhou a iniciativa no LinkedIn. Foram mais de 50 mil curtidas no post.
A família conta que teve a ideia da ação devido à pandemia. "A insegurança, a tristeza de não poder conviver com as pessoas que amamos e até a perda de alguém, sabemos que tudo isso mexe muito com a gente gerando estresse, ansiedade e até depressão. Começamos a escrever as cartas para que através dessa ação pudéssemos ajudar as pessoas a verem que elas não estão sozinhas", conta Rafaela Mendes Gimenes dos Santos, de 22 anos, filha de Edison.
Além dela e do pai, suas outras três irmãs Paula, Mariana e Letícia, e a mãe, Mônica Mendes Gimenes dos Santos, de 53 anos, escrevem as cartas. Eles se reúnem todas as noites após o trabalho e conversam sobre o que vão escrever. Todas as mensagens trazem textos bíblicos. Juntos, já redigiram 400 cartas.
Edson conta que as pessoas "têm gostado muito" e sentem realmente que a carta foi escrita e direcionada para elas. "Uma psicóloga que disse que gostaria de levar todas as cartas para dar aos seus pacientes, também tivemos uma passageira que ficou muito emocionada e acabou chorando após ler a carta, falou o quanto significou para ela. Meu pai chorou também. Sentimos que nosso objetivo está sendo alcançado", conta Rafaela.
'Não esperava alcançar tantas pessoas', diz passageira
A passageira que compartilhou a iniciativa de Edson relatou que costuma se sentir pouco "confortável em conversar" com os motoristas quando faz viagens por aplicativo por insegurança, mas foi surpreendida pelas mensagens. "Me encantei no Edison! Queria ficar lá por horas. Não imaginei que essa mensagem que transmiti poderia chegar em tantas pessoas", diz Isabella, que ainda guarda a cartinha com ela.
"Sou uma pessoa ansiosa e a mensagem dizia exatamente sobre isso: 'as ansiedades fazem parte da vida. Mas você não precisa aumentar suas ansiedades de hoje pensando no que vai acontecer amanhã, então viva um dia de cada vez'", conta.
Para Isabella, essas iniciativas "extremamente necessárias". "São tempos difíceis, nunca sabe quando pode pegar essa doença, ou até mesmo um familiar", diz ela, que perdeu um familiar para a covid-19.
Edison trabalha para o aplicativo Uber há três anos e nunca havia feito algo parecido. Ele ficou um tempo parado no início da pandemia. Sendo do grupo de risco, havia o receio de que ele pegasse covid-19.
E até quando a família pretende escrever as cartas? Segundo Rafaela, "enquanto tiverem pessoas para lerem as cartas e sentirem que são ajudadas".
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