'Não queria matá-la', diz locutor que enfrentou cobra para salvar cachorro
Carlinhos Brasil, locutor de rodeios de 40 anos, viu o seu cachorro Lion quase morrer após ser atacado por uma sucuri em um poço no bairro Nova Aliança, em Barrinha (SP) no sábado (31). O animal de estimação de 1 ano e 8 meses chegou a ficar desacordado após o ataque, mas por conta das massagens do seu tutor ele conseguiu voltar à vida.
As imagens do resgate foram compartilhadas nas redes sociais e viralizaram. Ao UOL, Carlinhos relembrou os momentos de agonia que enfrentou ao ver o seu animal de estimação enrolado na cobra e contou que já havia passado por uma situação semelhante anos antes - e que a história também teve um final feliz.
"Todos os dias, na parte da manhã, a gente passeia naquele local. Justamente nesse sábado, nós fomos por volta das 9h e tem um pocinho, de água nascente. Ali é uma APP (Área de Preservação Permanente) e o Lion sempre desceu para beber água. Ele já conhecia lá. Eu fiquei do lado dele, alguns metros de distância e foi então quando eu escutei o seu grito forte", contou o locutor.
No momento do barulho, Carlinhos pensou que o animal tivesse pisado em alguma pedra, mas ao correr até o local, viu o animal dentro do córrego, envolto por uma sucuri.
"Eu entrei para fazer alguma coisa, a minha intenção era achar o rabo dela e puxar para cima. Mas eu não consegui. Eu caí duas vezes no barranco. A sucuri dentro da água tem muita força e a escama é muito escorregadia, parece sabão. Minhas mãos não davam pega e aí eu lembrei de gritar socorro."
As súplicas foram ouvidas por pedreiros que estavam na região. Um deles foi o responsável por filmar as cenas que rodaram as redes sociais. Com a ajuda dos companheiros, Carlinhos começou a bater com um pedaço de pau e depois com uma pá, na esperança que a cobra soltasse Lion.
"Eu fui batendo com todo o cuidado. A gente tem que ter um certo cuidado com a natureza. Você vai ver que a cidade cresceu para aquela região e não era para a cidade crescer porque ali é uma reserva ambiental, fica próxima do rio Mogi Guaçu, só que o homem na sua ambição foi desmatando. Ali era o lugar dela", defende.
Fã de animais, Carlinhos afirmou que queria salvar o seu cachorro, mas sem machucar a cobra. "Eu gosto de cuidar, de preservar. Tinha ali um animal que estava com fome, então queria ter todo um cuidado. Eu não queria matá-la."
Segundo Carlinhos, em dado momento as pessoas que estavam no local haviam desistido de tentar salvar o cachorro. "Ela realmente afundou com ele. O pessoal já tinha dado perdido", conta. Entretanto, para o locutor, desistir não era uma opção.
"Eu peguei uma pá e fui cutucando ela até que ela se assustou e soltou o Lion. Eu vi que ela já estava indo embora quando formou um redemoinho na água e então eu alcancei o Lion com um pedaço de enxada e puxei para o barranco. O pessoal já tava indo embora, mas eu não desisti dele. Ele já estava com a língua roxa e eu comecei a massagear o peito dele com bastante força."
Por conta das massagens, o animal retornou à consciência e foi voltando a respirar. Carlinhos acionou a Defesa Civil e recebeu o apoio de uma veterinária para cuidar dos ferimentos do animal.
A paciência e persistência para salvar o cachorro de estimação veio de uma experiência anterior. Carlinhos conta que sempre criou cavalo e, em dado ano, um cachorro de estimação que cuidou por um período se assustou com os animais.
"Ele estava amarrado na beira da lagoa e com a chegada de outros cavalos ele se assustou, se enrolou na corda e ficou se debatendo. Ele ficou submerso entre o barro e água e o pessoal também ficou achando que não tinha mais jeito. Mas não desistamos e começamos a massageá-lo, bater no peito dele, até que ele voltou. Então eu me lembrei dessa passagem."
Agora, Carlinhos diz que pode até voltar à mesma região para passear com Lion, mas que desta vez não vai dispensar um acessório: a coleira.
"Ele é bem meninão. Tudo é novo, ele corre, ele não tem a noção do perigo", diz.
A repercussão do caso, por sua vez, é vista com bons olhos para Carlinhos.
"Eu fico muito feliz de poder usar esse acontecimento, em que tudo deu certo, para melhorar as coisas. O pessoal já está atualizando o local com placas, proibindo a entrada. E acho que é uma boa forma para chamar atenção em relação ao meio ambiente. Ali é uma região que tem várias espécies e todo mundo tem acesso. Acredito que agora as pessoas possam ter um olhar diferenciado para cuidar da natureza", finaliza.
Ao UOL, a Defesa Civil da cidade informou que placas provisórias já foram colocadas no local do incidente enquanto as permanentes estão sendo finalizadas. Também foram colocados alambrado e fita zebrada e um trabalho de divulgação sobre a importância de se permanecer afastado da região está em curso.
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