Mãe é suspeita de dopar e torturar filho de 6 anos com fogo: 'Quase matei'
Uma mulher de 28 anos foi presa hoje, em Canoas, região metropolitana de Porto Alegre, por suspeita de tortura contra o filho de 6 anos. A mãe submetia a criança a castigos com uso de fogo, além de amarrá-lo na cama e dopá-lo com medicamentos, segundo a polícia.
Além da mãe, o namorado dela, de 24 anos, também foi preso, em Campo Bom. Mensagens de WhatsApp trocadas entre a mulher e o companheiro foram algumas das provas usadas pela Polícia Civil para pedir a prisão preventiva do casal. A investigação apurou que a prática ocorria há pelo menos três meses.
Em uma das conversas, de 16 de julho, a mulher pede ao namorado para sair cedo do trabalho, pois iria dopar o filho - a conversa relatada abaixo, divulgada pela polícia, pode conter gatilhos de violência física.
"Eu quase matei ele agora. Eu tenho muita força quando eu fico com raiva. Vamos sair hoje e vou deixar ele amarrado até a boca pra aprender. Larga cedo, tá, amor? Vou dopar ele daqui a pouco. Dar meio vidro de remédio para dormir. Se não mudar agora, vou abandonar em algum lugar por aí [sic]", escreveu a mãe. O namorado diz que "Deus não perdoa".
A mãe, em outra mensagem, revela um plano ao companheiro para deixar o filho abandonado em algum hospital de Canoas.
"Tenho um plano já. Vou levar ele ao hospital e vou dizer que está mal, com febre, diarreia e vômito. Aí ele vai ficar para fazer soro. Vou dizer que vou à rua comprar algo para comer e vou abandonar. No hospital, eles não pedem muita coisa. Vou dar outro nome e já era [sic]".
O namorado alerta que tem "câmera em tudo", mas a mãe sugere que não teme ser flagrada. "Azar. Eu não tenho medo de nada. Levo numa UPA, então", afirmou.
"Era uma morte desenhada", diz delegado
O caso das torturas chegou ao Conselho Tutelar de Canoas por denúncia anônima na última semana, e o órgão acionou a Polícia Civil. No mesmo dia, a criança saiu das mãos da mulher e está sob guarda de parentes.
Em depoimento, a criança confirmou que era agredido pela mãe, segundo a polícia. Já a mulher, em esclarecimentos iniciais, negou que tenha praticado o crime, também segundo a corporação.
A investigação reuniu provas documentais e testemunhais e pediu a prisão da mãe e do namorado pelo crime de tortura. Os mandados foram cumpridos hoje. O casal deve prestar um novo depoimento. Ambos os suspeitos ainda não apresentaram advogado de defesa e, portanto, não puderam ter suas versões ouvidas.
Para o delegado Mário Souza, a morte do garoto estava "desenhada" em razão das constantes torturas sofridas pela vítima.
"Era uma situação terrível. Se não tivéssemos agido logo, com certeza a criança morreria. Era uma morte desenhada e possivelmente aconteceria uma tragédia", disse o delegado, ao UOL.
Apesar de a mãe não ter confessado a prática, segundo a investigação, a conjectura das provas indicam que a mulher passou a torturá-lo para ficar sozinha com o namorado.
"A mãe não disse a motivação, mas tudo leva a crer que gostaria de afastar a criança do convívio do casal", sustenta o delegado.
A Polícia Civil, em Canoas, pede que denúncias anônimas sobre crianças em situações de maus-tratos sejam direcionadas ao telefone (51) 3425-9063.
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