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Indígena que recusou vacina na gravidez por medo morre de covid em SC

Daniela Caxias, de 26 anos, morreu por complicações da covid-19 - Arquivo Pessoal
Daniela Caxias, de 26 anos, morreu por complicações da covid-19 Imagem: Arquivo Pessoal

Abinoan Santiago

Colaboração para o UOL, em Florianópolis

21/08/2021 14h49

Uma puérpera indígena de 26 anos morreu por complicações da covid-19, em Ibirama (SC). Xokleng Daniela Caxias, que no fim de julho deu à luz seu segundo bebê, sofreu três paradas cardiorrespiratórias e morte cerebral enquanto estava internada para tratar o novo coronavírus.

Segundo a família, Daniela preferiu deixar a área urbana do município de Vitor Meireles e se refugiar na Aldeia Figueira, desde março de 2021. Seu segundo bebê nasceu em 30 de julho - ela já tinha um filho de oito anos.

O madeireiro Vitor Vicente, de 23 anos, marido de Daniela, diz que a família não acredita que a esposa morreu por complicações da covid-19, devido ao isolamento, mas ressalta que a jovem não tomou vacina por medo de eventuais reações durante a gestação. A gravidez não era de risco e não sofreu intercorrência por comorbidades.

"Todo mundo está falando de covid-19, mas não acreditamos nisso porque ninguém mais da família pegou. Ela não tomou vacina porque estava grávida e ficou com medo de fazer mal para o bebê", afirmou ao UOL.

A reportagem tentou contato com a SESAI (Secretaria Especial de Saúde Indígena) e aguarda retorno. Em nota enviada à NSC TV, afiliada Rede Globo em Santa Catarina, o órgão informou que Daniela recusou por quatro vezes o imunizante durante o pré-natal, mas não especificou se negou alguma vez depois de 8 de julho, quando o Ministério da Saúde voltou a recomendar a vacina em gestantes.

A pasta ainda acrescentou que a Aldeia Figueira, onde a jovem estava, teve a vacinação de 120 das 131 pessoas acima de 18 anos, totalizando 11 recusas. Ao todo, o local tem 205 indígenas.

De acordo com Vitor, a esposa vivia o sonho de ser mãe mais uma vez, o que a fez retornar para a aldeia para evitar o contágio. Ela não costumava sair para a cidade nem receber visita de amigos da zona urbana.

"A Daniela não era de sair e também não recebia visitas. Não sabemos como ela pode ter pegado essa doença. Ela até deixou o emprego para se isolar e ter apoio dos outros familiares durante a gestação na aldeia. Nós estamos tristes com isso e não é fácil perder a mãe da família", ratificou o marido. Ambos eram casados há três anos.

Ministério volta a recomendar vacina em gestantes

Depois de suspender a recomendação da vacinação de gestantes e puérperas em maio, o governo federal voltou a incluir esse grupo no PNI (Programa Nacional de Vacinação) no dia 8 de julho.

O ministro da Saúde Marcelo Queiroga recomendou que grávidas sem comorbidades acima de 18 devem receber preferencialmente os imunizantes da Pfizer e CoronaVac, excluindo as da AstraZeneca e Janssen.