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Henry: Em carta, mãe fala em aceitar o que acontece como 'parte da vida'

Monique Medeiros no Instituto Penal Ismael Sirieiro em Niterói (RJ) - Zô Guimarães/UOL
Monique Medeiros no Instituto Penal Ismael Sirieiro em Niterói (RJ) Imagem: Zô Guimarães/UOL

Daniele Dutra

Colaboração para o UOL, no Rio

23/08/2021 18h39

Presa desde 8 de abril acusada de envolvimento no assassinato do filho Henry Borel, a pedagoga Monique Medeiros escreveu duas cartas à família em que fala sobre a morte da criança de quatro anos. As declarações foram criticadas pelo pai do menino, o engenheiro Leniel Borel.

"Para termos edificação, devemos ter duas atitudes com respeito aos traumas do passado: aceitação e perdão! Precisamos aceitar o que nos aconteceu como algo que faz parte da vida, resultado não da vontade de Deus, mas de um mundo caído sem Deus", disse Monique na carta.

Em outro trecho da carta, a mãe de Henry afirma que "devemos aceitar que coisas ruins podem acontecer a pessoas boas".

Monique fez desenhos coloridos, flores e escreveu "Henry, amo você! Para sempre", no final da página, com sua assinatura e a data de 14 de junho.

Na segunda carta, datada em 1º de julho, Monique pintou uma folha de amarelo, desenhou um urso com asas e auréola. "As melhores lembranças sempre foram dos tempos mais simples", diz ela.

Em um outro trecho, a mãe de Henry escreve "saudades do meu bebê", "Amo vocês família", "Deus sabe quem eu sou e meu filho também sempre soube".

Para o pai de Henry, as cartas de Monique indicam o que chamou de falta de remorso.

"Aquilo ali não é uma carta de uma mãe que perdeu um filho assassinado. Ali é uma carta de alguém que acredita que os fins justificam os meios. Observe que tem trechos copiados de livros de autoajuda que ela deve estar lendo", disse Leniel ao UOL.

"Palavras vazias, sem coração, fria. Uma mulher vazia de tudo e ainda usa o nome de Deus e Jesus. Evangelho bem conveniente o que ela prega", afirmou ele.

No último dia 11, Monique e todas as outras presas foram transferidas para o Instituto Penal Oscar Stevenson, em Benfica, na zona norte do Rio, devido a uma mudança de unidade.

Já o ex-vereador Jairinho, padrasto de Henry e companheiro de Monique à época da morte da criança, está preso no Complexo de Gericinó, em Bangu, por acusação de homicídio triplamente qualificado.

Henry Borel foi morto em 8 de março no apartamento em que morava com a mãe e Jairinho na Barra da Tijuca, zona oeste. De acordo com reprodução simulada feita pela polícia, o menino sofreu 23 lesões pelo corpo que causaram laceração hepática e hemorragia interna.