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'Muito fria pra quem perdeu filho', diz pai de Henry sobre Monique no IML

O menino Henry Borel ao lado do pai, o engenheiro Leniel Borel - Reprodução/Redes Sociais
O menino Henry Borel ao lado do pai, o engenheiro Leniel Borel Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Colaboração para o UOL, em São Paulo

19/08/2021 15h33

Leniel Borel, pai do menino Henry Borel, morto em 8 de março no Rio de Janeiro, disse em entrevista ao podcast "Desenrola, Rio", que Monique Medeiros se mostrou "fria demais para quem tinha perdido um filho" ao ler o laudo médico do garoto.

Quando o IML (Instituto Médico Legal) decidiu não liberar o corpo do garoto a fim de iniciar a investigação, Leniel já estava com o laudo da morte em mãos. O documento mostra que Henry Borel havia sofrido diversas lesões e fraturas em partes do corpo, o que chegou a ser comparado por um policial como uma "queda do terceiro andar de um prédio", segundo o engenheiro.

Monique veio até mim, mostrei o laudo e disse: ' vendo, Monique? Laceração', ela não falou nada, ficou quieta, foi pro canto chorar, estava muito fria, e eu sei o que é o carinho da minha mãe, Monique estava fria pra quem tinha perdido um filho."

Quatro meses depois da prisão de Monique Medeiros e do ex-vereador Jairinho, o engenheiro Leniel se tornou assistente de acusação do caso, segundo ele, não por vingança aos acusados, mas por justiça ao filho e pela verdade.

Madrugada da morte

Leniel contou detalhes do dia que antecedeu a morte do garoto e de quando foi chamado ao hospital por Jairinho. Ele descreve o domingo que passou com o filho como "um dia perfeito", exceto no momento em que entregou Henry à Monique.

"Foi um dia maravilhoso aquele domingo, ele acordou de manhã, fiz um 'mamazinho', ele abriu os brinquedos que ganhou de aniversário, depois pediu para ir ao shopping. Foi perfeito até a hora dele começar a chorar por não querer voltar para a casa de Monique", afirma ele.

" [Henry] Chorou muito, gritava 'não quero ir, não quero ir', mas o convenci, disse que tinha escola no dia seguinte, que a mãe dele estava esperando", acrescenta Leniel. "Ele demonstrou mais interesse em ir para a casa dos avós do que voltar para a casa da mãe."

No dia seguinte, Leniel estava pedindo um carro de aplicativo para ir trabalhar em Macaé (RJ), quando recebeu uma ligação de Monique e Jairinho, que pareciam desesperados. "Por volta de 4h20, ela me liga e diz 'vem para o [Hospital] Barra D'or porque o Henry não está respirando'", lembra o pai do garoto.

Ainda sem entender, ele ouve Jairinho assumir o telefone e pedir: "Irmão, vem pro Barra D'or", conta. Ao chegar ao hospital, Leniel viu o corpo do garoto estirado na maca cercado por médicos que tentavam reanimá-lo. "Ajoelhei e implorei para os médicos não desistirem", disse.

"Eu pergunto o que tinha acontecido, e ela disse que o Henry estava gelado", diz Leniel, que em seguida começou a desconfiar do casal.

Eu achando que ele estava do lado do meu filho porque era médico, perguntei o que aconteceu, ele disse que ouviu um barulho e fui ver no quarto o que tinha acontecido e Henry já estava assim."

"Achei estranha a postura dele, que disse que foi dirigindo para o hospital e que Monique foi no banco de trás fazendo boca a boca no Henry. Deveria ter sido o contrário, já que ele é médico e tem conhecimento em primeiros socorros", começou a questionar o homem.

Ainda no podcast, ele lembra que se sentiu pressionado para liberar o corpo do garoto para a funerária sem que uma perícia detalhada do cadáver fosse realizada. Dias depois, ligações mostravam que o então deputado tentou apressar o enterro da vítima e evitar uma investigação mais detalhada.

"Hoje sabemos que ele ligou para a direção do Barra D'or, pro governador", argumenta.