Pai de grávida assassinada morre 19 dias após o ataque; genro segue preso
O sogro do tabelião e empresário de criptomoedas suspeito de ter assassinado a esposa, grávida de seis meses, e a sogra, em Cônego, Nova Friburgo, região serrana do Rio, morreu ontem, após 19 dias internado.
Em 13 de agosto, Wellington Braga de Mello, o Tom, de 75 anos, foi baleado com dois tiros pelo genro, conseguiu pedir ajuda, mas acabou morrendo após a longa internação em um hospital fluminense.
Ricardo Pinheiro Jucá Vasconcelos, de 43 anos, está preso no Hospital Penal Psiquiátrico Roberto Medeiros desde 20 de agosto, mas já tem ordem de transferência para o presídio de Bangu autorizada, após a Justiça julgar não haver elementos nos autos de que o denunciado possua perturbação mental.
O suspeito, que agora vai responder por feminicídio da esposa grávida e homicídio dos sogros, alegou doenças como depressão, ansiedade, crise de pânico e demais transtornos mentais no dia da audiência de custódia, quando foi solicitado um exame para verificar qualquer instabilidade mental.
A decisão do juiz Marcelo Alberto Chaves Villas diz: "O acusado praticava tiro desportivo, postava fotografias em rede sociais com arma de fogo e não se sabe influenciado por discurso de ódio. Quiçá fatores possam explicitar crimes tão graves como ora os apurados e não um suposto surto psicótico. Chama atenção que o surto psicológico, apenas foi abordado superficialmente nos depoimentos dos agentes da lei em sede policial que afirmaram que o denunciado disse informalmente que cometeu os crimes, pois teve um 'surto'".
A reportagem procurou a SEAP (Secretaria de Administração Penitenciária), mas até o momento não teve retorno sobre a transferência de Ricardo.
De acordo com Paulo Marra Moraes, advogado de Ricardo Vasconcelos, a decisão do juiz foi dada por um atestado de meses atrás, quando o tabelião conseguiu posse de arma: "Segundo o juiz, se ele estava são para ter arma, estava são para ir para o presídio. Mas o juiz não tinha em mãos os dois atestados médicos dizendo que ele estava surtado no dia. Ele usou o que achou conveniente para o pensamento dele".
Para o advogado, os médicos do hospital psiquiátrico não são obrigados a obedecer a essa ordem se eles entenderem que Ricardo não tem condições de ir para o presídio. Sobre o exame de sanidade mental, ele afirma que ainda não tem resultado.
"O que será feito no hospital é um laudo de como ele se encontra agora. Quando o processo se iniciar será promovido um 'Incidente de Sanidade Mental', que será feito por um perito judicial que avaliará se ele era capaz de entender a ilicitude de seus atos naquele momento em que ocorreram os fatos. Se ele estiver bem agora, irá para o presídio, mas, mesmo assim, nada impede que ele seja considerado inimputável e vice-versa", explica Paulo Marra.
Nas redes sociais, a médica Saliha Mello, que perdeu os pais e a irmã, desabafou: "Estou muito sofrida, muito, mas essa força vai virar revolta em prol de outras pessoas. Agora peço que a justiça seja feita. Que esse assassino cumpra o que tem que cumprir e onde tem que cumprir. E que essa decisão de que esse tesoureiro do inferno volte para o presídio comum, seja cumprida".
Somente na semana passada que ela conseguiu cremar a mãe Rosemary Gomes de Mello, de 67 anos, e a irmã, a juíza de paz Nahaty Gomes de Mello, de 33 anos, grávida de seis meses.
Noite do crime
Os assassinatos ocorreram na noite de sexta-feira, 13 de agosto, em Cônego, Nova Friburgo, quando a sogra de Ricardo Jucá, Rosemary Gomes de Mello, de 67 anos, foi encontrada morta no primeiro andar da residência da família; a esposa grávida, Nahaty Gomes de Mello, de 33 anos, no segundo andar, na cama, sem vida e com uma pistola ao lado.
Os policiais militares receberam um chamado e, chegando ao local, encontraram Wellington Braga, de 75 anos, sogro do suspeito, baleado na boca. Ele disse aos agentes que seu genro, Ricardo Pinheiro Jucá Vasconcelos, de 43 anos, e suspeito de ser autor dos disparos, estaria "completamento transtornado" dentro de casa.
O suspeito trabalhava como tabelião no mesmo cartório que Nahaty, juíza de paz, e é empresário do setor de criptomoedas. Ainda não há confirmação para a cremação de Wellington Mello.
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