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Esposa suspeita de morte de empresário deu calote em cúmplices, diz polícia

O empresário Toni da Silva Flor, que morreu aos 38 anos, e a então esposa, Ana Cláudia Flor - Reprodução
O empresário Toni da Silva Flor, que morreu aos 38 anos, e a então esposa, Ana Cláudia Flor Imagem: Reprodução

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

23/08/2021 22h09

A representante comercial Ana Cláudia Flor, suspeita de ser a mandante do assassinato do próprio marido, Toni da Silva Flor, de 38 anos, deu calote de R$ 40 mil para duas pessoas que intermediaram a execução do crime, segundo a Polícia Civil de Mato Grosso. A mulher teria acordado o valor de R$ 60 mil pela morte do empresário, por meio de videochamadas pelo WhatsApp, mas apenas o responsável pelos disparos recebeu o pagamento - dois intermediadores ficaram sem receber R$ 20 mil, prometidos para cada.

Ela e mais três pessoas estão presas investigadas por envolvimento no homicídio. O delegado Marcel Oliveira, da DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa), disse que o crime foi encomendado pelo WhatsApp e que, ao todo, custaria R$ 60 mil, mas apenas o executor, Igor Espinosa, recebeu a parte dele, que foi R$ 20 mil. Os demais não chegaram a receber os valores acordados, segundo a polícia, porque a trama foi descoberta.

"Além da dinâmica da morte do Toni, Igor acrescentou que houve uma videochamada entre ele, dois intermediários e Ana Cláudia para acertar o valor cobrado para a empreitada criminosa, que seria R$ 60 mil. Foram repassados R$ 20 mil a Diéliton, vulgo Maquê, pegos da mão de Ana Cláudia para o executor do crime. Os outros 40 mil não foram pagos", explicou o delegado Oliveira.

O empresário Toni Flor tinha acabado de chegar a uma academia no dia 11 de agosto do ano passado, no bairro Santa Teresa, quando foi abordado por um homem que estava em frente ao estabelecimento, que o chamou pelo nome e disse "perdeu". Depois, ele foi atingido por cinco tiros de arma de fogo. Mesmo ferido, Toni conseguiu correr para dentro da academia, chegou a ser socorrido para o Hospital Municipal de Cuiabá, foi submetido a uma cirurgia, mas morreu dois dias depois.

Prisões

O homem apontado como autor material do homicídio, Igor Espinosa foi preso no dia 11 de agosto. A partir da prisão dele, que em oitiva deu detalhes da trama criminosa, a polícia diz que conseguiu elucidar parte do crime e prender outras três pessoas, que estão sendo investigadas de participar no assassinato.

"Ele deu riqueza de detalhes que nos fizeram chegar a outros três envolvidos e, se a esposa está presa, é porque existem provas que não tínhamos antes quando suspeitávamos da participação dela. Desde o início ela era suspeita de ser a mandante. Outras pessoas estão sendo investigadas de participar do assassinato", explicou o delegado.

No dia 19 de agosto, Ana Cláudia Flor e outras duas pessoas, que não tiveram os nomes informados, foram presas em cumprimento a mandado de prisão temporária expedido pela 12ª Vara Criminal de Cuiabá. A mulher nega a participação no crime. Já os outros três presos, segundo a polícia, confessaram a participação no assassinato e apontaram Ana Cláudia como a mandante da morte do marido.

O delegado disse que, dois dias antes de o empresário ser assassinado, o gerente do banco que ele tinha conta entrou em contato para confirmar a ordem de pagamento de um cheque no valor de R$ 20 mil, que seria o valor pago a Igor Espinosa. Toni Flor informou desconhecer o cheque e o pagamento não ocorreu.

"Teve uma discussão entre o casal por conta desse cheque, que seria compensado na conta da vítima. Ana Cláudia chegou a alegar que o cheque teria sido furtado por uma pessoa que estava fazendo reforma na casa do casal, mas o furto nunca foi registrado na polícia", disse Oliveira.

Investigações apontaram ainda que Ana Cláudia estaria articulando o assassinato de Igor Espinosa, como "queima de arquivo", mas o crime não chegou a se concretizar porque a polícia prendeu os investigados no assassinato do empresário.

Toni Flor tinha uma empresa de representação de produtos alimentícios para supermercados, a TF Representações. A empresa estava em expansão e rendia uma média salarial de R$ 25 mil mensais para ele. A polícia acredita que a mulher teria mandado matá-lo porque descobriu algumas traições e também para ficar com a herança sozinha.

Após a morte de Toni Flor, a empresa continua atuando no mercado em Cuiabá, gerida por Ana Cláudia Flor. O casal teve três filhas, de cinco, sete e dez anos, durante o relacionamento, que durou 15 anos.

O delegado Marcel Oliveira afirmou que Ana Cláudia ia regularmente à delegacia para saber como estavam as investigações e sempre perguntava se já havia sido descoberto o mandante do crime. "Ela chegou a perguntar se a confissão de Igor Espinosa daria condenação a ele, como uma forma de tentar saber como proteger o preso confesso", conta.

O UOL tentou localizar a defesa dos envolvidos, na tarde de hoje, mas não conseguiu. O espaço está aberto para atualização assim que houver manifestação dos advogados dos investigados.