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Apreendida 4ª envolvida em morte motivada por 'teste de psicopatia', em GO

Enzo Jacomini, Jeferson Rodrigues e Raíssa Borges foram presos suspeitos de matar amiga em Goiânia - Reprodução/TV Anhanguera/Polícia Civil de Goiás
Enzo Jacomini, Jeferson Rodrigues e Raíssa Borges foram presos suspeitos de matar amiga em Goiânia Imagem: Reprodução/TV Anhanguera/Polícia Civil de Goiás

Aliny Gama

Colaboração para o UOL

16/09/2021 20h45

Uma adolescente de 16 anos foi apreendida pela polícia suspeita de dar uma das facadas que mataram Ariane Bárbara Laureano, 18, durante uma emboscada, em Goiânia. Esta é a quarta integrante de um grupo de amigos suspeito do assassinato, que serviria para testar se um deles, a jovem Raíssa Nunes Borges, de 19 anos, "seria psicopata". A polícia alegou hoje que as investigações apontam que o crime foi premeditado.

De acordo com o delegado à frente do caso, Marcos Gomes, o assassinato não ocorreu em uma ação repentina, mas que o trio preso se reuniu na noite anterior a encontrar Ariane para planejar o crime.

Os jovens teriam uma lista de nomes de pessoas que poderiam ser mortas, mas Ariane teria sido escolhida pela estatura física. Segundo a polícia, o grupo confessou que a escolha foi feita porque, caso ela reagisse, o grupo conseguiria matá-la. Além disso, eles teriam dito que a ação seria para testar a reação de Raíssa após assassinar alguém e que, após ocultar o corpo da vítima, eles foram lanchar próximo a um shopping da região.

"Eles falaram que na noite anterior se encontraram e combinaram de matar uma pessoa. Nesse encontro um dia antes do crime, eles já tinham escolhido a faca e colocado sacos de lixo no porta-malas onde o corpo iria ser transportado para não deixar resquícios de sangue. Porém, encontramos resquícios de sangue no veículo", destacou o delegado Marcos Gomes, em entrevista ao UOL.

Gomes explica estar à frente da condução das investigações quanto aos presos temporários Raíssa Borges, Enzo Jacomini Carneiro Matos, 18, e Jeferson Cavalcante Rodrigues, 22, mas que a apuração sobre a participação da adolescente ficará a cargo da Delegacia de Apuração de Atos Infracionais, uma vez que ela é menor de 18 anos. Imagens dos locais que possivelmente o carro circulou estão sendo captadas pela polícia para serem anexadas ao inquérito.

"Eles confessaram o assassinato. Chegamos aos autores por meio de imagens que captaram a placa do carro, que está registrado no nome de um dos investigados, que apontou a participação de outros suspeitos. Mas existem alguns pontos de investigação em andamento. Há a suspeita da participação de outras pessoas neste crime", revelou o delegado.

A Polícia Civil informou que dois dos suspeitos afirmaram ser "satanistas" e que a ideia do assassinato surgiu porque Raíssa mostrou interesse em assassinar uma pessoa para "saber se ela era psicopata." "Segundo a jovem, ela saberia se tem o transtorno de personalidade após matar alguma pessoa, analisando sua reação após o fato. A investigada não apresentou nenhum tipo de arrependimento após a morte da vítima", informou a instituição.

Os jovens serão indiciados por homicídio com três qualificadoras: motivo fútil, emboscada e ocultação de cadáver. O laudo pericial está sendo aguardado para confirmar se, de fato, houve esganadura e perfuração por objeto cortante. Segundo a polícia, dos investigados, apenas Jeferson Cavalcante demonstra arrependimento pelo crime.

O UOL tentou localizar a defesa dos suspeitos do crime, na tarde de hoje, mas não obteve sucesso. Eles não constituíram advogado e devem ser assistidos por um defensor público durante o processo.

O crime

Ariane desapareceu na noite do dia 24 de agosto, após ser convidada pelo grupo para lanchar e não ter voltado para casa. Ela saiu, supostamente para lanchar, e seguia, de carro, com os suspeitos, no banco de trás do veículo, junto a Raíssa. Segundo depoimento, repassado pela polícia, o grupo teria combinado que, ao tocar determinada música no som do veículo, eles iniciariam o ataque.

Segundo a investigação, Raissa teria dito que apertou Ariane no pescoço até ela desmaiar e, depois, os demais envolvidos teriam ido para a parte traseira do veículo e a esfaquearam. O corpo de Ariane foi então colocado no porta-malas do veículo e o grupo se dirigiu ao setor Jaó, onde o jogaram em um terreno baldio.

"No local, dois dos autores ajoelharam ao lado do corpo, como se estivessem em um verdadeiro ritual, e por ali ficaram, por aproximadamente dez minutos, como bem explicado em um dos interrogatórios", informou a Polícia Civil.