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Quadrilha 'moderniza' tráfico e cobra em pix e criptomoedas; 14 são presos

Segundo a polícia, traficantes "modernizaram" atuação para se adequarem aos novos tempos - Divulgação/Polícia Civil
Segundo a polícia, traficantes 'modernizaram' atuação para se adequarem aos novos tempos Imagem: Divulgação/Polícia Civil

Tatiana Campbell

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

17/09/2021 13h38Atualizada em 17/09/2021 13h38

A Polícia Civil do Rio de Janeiro realiza hoje uma operação contra uma quadrilha especializada no tráfico de drogas em bairros nobres da capital fluminense. O que chamou a atenção dos agentes foi o método de pagamento: pix e criptomoedas.

Alluan Araújo, apontado como o chefe da organização criminosa, foi preso em flagrante em abril deste ano pelo mesmo tipo de crime praticado pelo grupo, porém foi solto meses depois. As investigações mostraram que, ao ser libertado, ele decidiu modernizar o esquema.

"Era uma quadrilha muito sofisticada. Eles recebiam por pix, mas um fato que chamou muito a nossa atenção é de que eles recebiam em criptomoedas para dificultar a investigação. Justamente por isso a Justiça determinou a instauração de um novo inquérito para apurar essa lavagem de dinheiro através das criptomoedas", explicou o delegado Gustavo Rodrigues, titular da Desarme (Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos).

O promotor do Ministério Público do Rio que também acompanhou a ação, Eduardo Fonseca, disse que se for comprovada a lavagem de dinheiro, eles também responderão por esse tipo de crime.

"Esse é um braço da investigação que ainda vai prosseguir para justamente apurar o destino desses valores e comprovar a prática de lavagem de dinheiro, o que temos na investigação mostram que esses indícios são claros", afirmou ele.

alluan - Divulgação/Polícia Civil - Divulgação/Polícia Civil
Alluan Araújo é suspeito de ser chefe de esquema de tráfico de drogas
Imagem: Divulgação/Polícia Civil

Até o momento, 14 suspeitos foram presos, entre eles Alluan Araújo. Para comercializar de forma mais discreta e moderna, o chefe da quadrilha ainda decidiu criar uma conta comercial no WhatsApp - a "Alfafa Batutinha Best Quality Drugs" - e oferecia um cardápio variado de entorpecentes.

"Eles não apenas atuavam na área nobre da cidade, eles ainda adquiriram imóveis, residiam e usufruíam de um padrão de vida de alto luxo. O Alluan morava em um condomínio de luxo em Laranjeiras [Zona Sul do Rio]", disse o delegado.

Como funcionava o esquema

Segundo a polícia, a quadrilha contava com a participação de policiais militares expulsos da corporação para realizar a segurança e intimidar rivais que também traficavam drogas na região.

"Através do WhatsApp Business, eles processavam os pedidos dos consumidores dos bairros de luxo da cidade, possuíam estoquista e os entregadores [delivery]. Quando a carga era maior, tinham esses chamados 'seguranças' que eram armados até com fuzis", explicou Gustavo Rodrigues.

As investigações apontaram ainda uma tentativa da quadrilha em exportar drogas para fora do país.

"O tráfico internacional se ligava a eles através do fornecimento de drogas de alta qualidade que eram revendidos aqui no Rio. Essa organização ganhou muita musculatura nos últimos anos a ponto de tentar exportar os entorpecentes. A movimentação financeira era milionária e ela será evidenciada nesse inquérito desmembrado no juízo", destacou o delegado.

Durante a operação, diversos materiais foram apreendidos, entre eles 10 pés de maconha encontrados em uma estufa.

O UOL tenta contato com a defesa de Alluan Araújo.