Após 4 meses, paciente troca pulmão artificial por transplantado, em SP
Depois de quase 150 dias de internação devido a complicações causadas pela covid-19 e passar por transplante de pulmões, o analista de sistema Henrique Batista do Nascimento, de 31 anos, teve alta do Incor (Instituto do Coração) de São Paulo e pôde finalmente voltar para a casa e ficar perto de filho de apenas 11 meses. Henrique não tinha nenhuma comorbidade, segundo a família.
A recuperação de Henrique é considerada rara pelos médicos, já que ele foi submetido ao uso de ECMO - equipamento que age como um pulmão artificial - e, sem melhoras, o analista de sistemas precisou entrar na fila de transplante de órgãos. Na segunda-feira (20), um mês após a cirurgia, ele foi liberado pelos médicos.
Katiane Mendes da Silva, de 32 anos, esposa de Henrique, relata que o marido começou a apresentar os primeiros sintomas da covid-19 em março. No dia 1º de abril, ele foi internado no Hospital das Clínicas, também na capital paulista.
Sem ter melhoras, uma semana após dar entrada no hospital, o analista precisou ser intubado e transferido para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Com o quadro de saúde agravado e tendo os pulmões comprometidos, no dia 14 de abril, Henrique precisou ser colocado no ECMO, que, durante quatro meses, fez o papel de seus pulmões.
"Apesar de todos os esforços médicos, ele não respondia aos tratamentos e o vírus comprometeu todo o pulmão do paciente. Mesmo com o uso do pulmão artificial por 128 dias ele não reagia e a única alternativa era o transplante. Casos assim dificilmente o paciente sobrevive. Fizemos três procedimentos iguais ao do Henrique e apenas ele sobreviveu", explica o médico Paulo Pêgo, diretor da Divisão de Cirurgia Torácica e do Programa de Transplante de Pulmão do InCor.
Ainda segundo o médico, o transplante foi possível porque no caso de Henrique outros órgãos não foram comprometidos pela Covid-19. O chamado transplante duplo (do pulmão completo) foi feito no dia 20 de agosto.
"Ele ainda está se reabilitando, mas só de estar em casa, já é um milagre. Henrique tem aproveitado para ficar ao lado do filho, que vai fazer 1 ano e ele mal teve tempo de curti-lo. É lindo ver os dois juntos", relata a esposa.
Katiane explica que o marido precisa ir ao hospital para acompanhamento médico três vezes na semana, onde faz sessões de fisioterapia respiratória e muscular. Por ficar muito tempo acamado, Henrique está debilitado, precisa reaprender a caminhar e a fala ainda está comprometida.
Os médicos explicam ainda, que por ser um transplantado, Henrique precisará fazer acompanhamento clínico pelo resto da vida. "É um período delicado porque o Henrique ainda depende da gente para tudo. Acredito que ele e nosso filho vão aprender a caminhar juntos", acrescenta a mulher.
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