Professor e motorista de escola são investigados por abusarem de 30 alunas
O professor e um motorista da escola Agnus Dei, localizada em Rio Largo (AL), região metropolitana de Maceió, estão sendo investigados por abusar sexualmente de cerca de 30 crianças e adolescentes que estudam ou estudaram na instituição.
Os supostos abusos vieram a público depois que vítimas começaram a reproduzir nas redes sociais mensagens atribuídas aos investigados. O caso está sendo investigado pela delegacia da Polícia Civil em Rio Largo.
A associação AME, que acolhe mulheres vítimas de violência, está prestando assistências às vítimas e contou que uma menina de 11 anos relatou que foi estuprada e outra, também da mesma idade, sofreu tentativa de estupro. Hoje duas meninas serão ouvidas na AME.
A advogada Julia Nunes, presidente da AME, disse que as vítimas que a associação tem auxiliado são meninas, com idades entre 11 e 14 anos, e que os relatos de abusos sexuais são estupros, tentativas de estupro, importunação sexual, assédio sexual e assédio moral. Ela contou que há relatos de que os abusos vêm ocorrendo há dez anos e que um dos investigados é casado com uma ex-aluna.
A AME registrou boletim online na delegacia interativa para preservar as vítimas. A Polícia Civil informou que instaurou inquérito para investigar as denúncias, mas que não pode repassar detalhes porque o caso envolve menores de 18 anos. Os nomes dos investigados não foram divulgados pela polícia em cumprimento a Lei de Abuso de Autoridade.
Em nota, o colégio Agnus Dei informou que os dois funcionários foram afastados e se diz alvo de "fake news". O UOL tentou, por diversas vezes, contato por telefone com o Agnus Dei, mas as ligações não foram atendidas. A reportagem tentou localizar as defesas dos investigados, mas não foi possível contato pelo fato de a polícia não os identificar.
Segundo a AME, os investigados de praticarem abusos sexuais contra alunas são um professor de educação física e um motorista, que já atuou como professor e teria sido afastado há algum tempo da função, depois que pais pressionaram a direção da escola com denúncias de abusos praticadas por ele contra alunas.
Os dois investigados são irmãos, segundo relatos das vítimas prestados à AME, e são sobrinhos dos proprietários da escola.
"Os relatos são chocantes. Até agora, atendemos 30 vítimas, mas não podemos contabilizar a quantidade exata, porque, segundo elas, a atuação dos supostos abusadores vem ocorrendo ao longo de dez anos. Todas as meninas atendidas não são amigas e elas têm o mesmo relato do modus operandis dos suspeitos. As vítimas disseram que eram abusadas quando estavam sozinhas, inclusive uma delas contou que foi estuprada por diversas vezes dentro da van da escola quando estava apenas ela e o motorista", contou a advogada Julia Nunes.
A AME está prestando assistência às vítimas com psicóloga, assistente social e duas advogadas. Nunes disse que meninas relataram que sofreram intimidações da direção da escola quando procuraram os diretores para relatar os abusos sexuais e pedir providências cabíveis ao caso porque não aguentavam mais sofrer violência sexual.
"Uma menina fez um perfil com frases típicas do abusador e outras foram se identificando e entramos em contato. Elas contaram que procuraram a direção da escola e foram coagidas e intimidadas em uma sala. Uma delas contou que foi trancada em uma sala da escola, onde estavam a coordenação, uma psicóloga, dois advogados e o próprio professor. Ela contou que o colégio a ameaçou de uma ação judicial, a mandou apagar as mensagens e ainda a obrigou que ela dissesse que os relatos eram mentira. Temos relatos de vítimas que tentaram se suicidar por conta dos abusos que sofreram", contou Julia Nunes.
Nunes disse que desde que o caso foi revelado, novas supostas vítimas não param de entrar em contato com a AME. Hoje, duas meninas vão ser ouvidas pela equipe. "Estamos prestando todo apoio necessário. A palavra da vítima tem valor. Nos casos de violência sexual é difícil ter testemunhas e destaco que qualquer ato libidinoso praticado contra pessoas com menos de 14 anos é estupro", destacou a advogada.
Colégio admite saber de denúncias
O colégio Agnus Dei, em uma nota divulgada em 23 de setembro, no perfil do Instagram, admite ter tomado conhecimento de denúncias de assédio sexual sofridos por estudantes da instituição, mas afirma que é alvo de notícias falsas em redes sociais. Com isso, diz estar tomando providências legais para que os criadores de notícias falsas sejam punidos.
"A diretoria tão logo tomou conhecimento das denúncias de assédios a estudantes dentro desta instituição de ensino, adotou todas as providências cabíveis e procedimentos administrativos para apurar as responsabilidades. O professor cujas denúncias recai, foi afastado de suas funções e responde administrativamente as acusações que lhe foram imputadas, assegurando os princípios legais do contraditório, da ampla defesa e presunção de inocência. Um segundo funcionário também objeto de denúncias, foi devidamente afastado de suas funções para apuração dos fatos", diz o texto.
Ainda, de acordo com a nota, o colégio Agnus Dei afirma que passa por um "momento muito difícil" e se diz "alvo de fake news". "Salientamos que todas as medidas legais já estão sendo tomadas pelo nosso departamento jurídico e, os culpados (a) que estão disseminando notícias falsas serão devidamente responsabilizados (a)", ameaça o colégio.
O texto destaca ainda que não tolera qualquer tipo de assédio dentro do colégio e que abriu um canal de denúncias para que, caso haja, estudantes possam entrar em contato "de forma segura".
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