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Mulher pede ajuda durante pane do WhatsApp e desmaia: 'Nem pensei em ligar'

A advogada Tatiane do Amaral, de 41 anos, não conseguiu gritar por socorro e não lembrou de telefonar - Arquivo pessoal
A advogada Tatiane do Amaral, de 41 anos, não conseguiu gritar por socorro e não lembrou de telefonar Imagem: Arquivo pessoal

Heloísa Barrense

Do UOL, em São Paulo

05/10/2021 13h30Atualizada em 05/10/2021 16h02

A advogada Tatiane do Amaral, de 41 anos, estava trabalhando de casa no início da tarde de ontem em Carapicuíba, em São Paulo, quando passou mal com um pico de açúcar no organismo. A primeira reação foi enviar uma mensagem por meio do aplicativo WhatsApp para o pai, que mora na mesma residência, clamando por socorro. No entanto, o pedido de ajuda não chegou, já que o episódio coincidiu com o momento em que as redes sociais ficaram fora do ar.

Tatiane acabou desmaiando e teve que contar com a sorte da família ir até o quarto onde estava para receber os primeiros socorros.

"Às vezes eu tenho um dumping, que é como se fosse uma hiperglicemia. Dependendo da quantidade de açúcar ou gordura que eu ingiro, isso pode entrar rápido no corpo, que não consegue absorver", contou a advogada em entrevista ao UOL. Foi depois de tomar um pouco de refrigerante que Tatiane começou a sentir fraqueza, o que a levou ao desmaio.

Era extrema (fraqueza), tinha tontura, falta de ar, sudorese. Eu não conseguia falar direito. Levantei e fui para a cama. Minha casa é um sobrado grande e, para não gritar, a gente geralmente manda mensagem de WhatsApp. Meu pai usa bastante o aplicativo. Naquela hora, eu não tinha força para gritar e pedi por texto para ele trazer um pão e uma água, que ajuda nessas horas, e momentos depois apaguei

Tatiane conta que, na hora, não pensou em telefonar para o pai. "É costume. Eu nem pensei em ligar. Hoje em dia a gente quase não faz ligação. Até mesmo antes de telefonar é normal a gente mandar uma mensagem antes: 'Posso te ligar?'", reflete a advogada.

Ela acredita que tenha ficado entre 5 a 10 minutos desacordada na cama e que o pai a encontrou no momento em que já estava se despertando. Foi então que eles perceberam que havia um problema com as redes sociais. "A minha irmã veio e olhou meu celular e disse que não saiu a mensagem, que o WhatsApp estava fora do ar. Ela é enfermeira então me ajudou com todos os procedimentos para ficar melhor."

Depois do susto, Tatiane encarou o episódio com bom humor.

Eu dei risada, foi bem atípico. O dumping já aconteceu outras vezes, mas eu consegui levantar, dar um grito, ou algo assim, dessa vez o desmaio me surpreendeu. E eu pensei que a primeira coisa a fazer nesse caso seria enviar uma mensagem

A advogada conta que, durante o trabalho, poucas vezes utiliza o telefone para fazer ligações. "A gente evita ligar até porque a mensagem é rápida e dá sensação de que é menos incômodo. As pessoas veem a mensagem ali, muitas vezes no computador, e já respondem. A ligação hoje em dia prova de amor", brinca ela.

Ao relatar o episódio para outra irmã, que mora no interior de São Paulo e trabalha como psicóloga, Tatiane confirmou sua hipótese sobre a raridade dos telefonemas. "Ela gerencia todos os pacientes pelo WhatApp e faz alguns atendimentos por meio das ligações do aplicativo. E ela falou: 'Como eu vou fazer isso se não consigo falar com nenhum deles?' Mas todos entenderam a situação".

Tatiane conta que a irmã acabou fazendo apenas os atendimentos presenciais ontem. "Ela queria avisar os pacientes que não daria para fazer devido à queda do WhatsApp, mas ela não lembrou que podia ligar por telefone e avisá-los. Ela só foi perceber essa possibilidade quando esse episódio todo aconteceu comigo."

A advogada se recuperou logo após o incidente e teve uma boa noite de sono para eliminar quaisquer efeitos do dumping - mas com o celular desligado. "Eu até brinquei que a gente precisa voltar a ser mais anos 1990. Ligar e dar o bom e velho grito."