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Ex-vereador é condenado por furtar carro e roubar 6 toneladas de queijo

Ex-vereador de Ipanema (MG) Alex José da Silva - Câmara Municipal de Ipanema/Divulgação
Ex-vereador de Ipanema (MG) Alex José da Silva Imagem: Câmara Municipal de Ipanema/Divulgação

Vinícius Rangel

Colaboração para o UOL, em Vitória

05/10/2021 17h28

O ex-vereador de Ipanema (MG) Alex José da Silva, 47 anos, foi condenado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG) a mais de 20 anos de prisão. De acordo com o Ministério Público Estadual, Alex furtou um carro da Câmara Municipal e participou do roubo de um caminhão carregado com quase seis toneladas de queijo.

A decisão foi proferida pela juíza Luciana Mara de Faria, nos dias 29 e 30 de setembro. Nos dois processos, o ex-parlamentar foi condenado ainda a restituir cerca de R$ 42 mil, referentes ao veículo furtado, e R$ 150 mil ao responsável pela empresa de laticínios.

Os casos

Nos documentos fornecidos pelo TJ-MG ao UOL constam informações sobre os depoimentos de envolvidos nos dois casos.

O primeiro diz respeito ao furto de um carro em julho de 2019, dentro da garagem da Câmara Municipal de Ipanema, em agosto de 2019.

Segundo o MP, Alex vendeu o veículo por R$ 4.000 a um homem, que foi denunciado por receptação qualificada. No mesmo processo, no entanto, o suspeito foi absolvido. O MP informou que irá recorrer da decisão.

A juíza condenou o ex-vereador por peculato a uma pena de cinco anos e oito meses de regime fechado e ao pagamento de R$ 42.015 para reparar os prejuízos causados ao executivo municipal pelo furto do veículo.

roubo de 6 toneladas de queijo - Polícia Civil de Minas Gerais/ Divulgação - Polícia Civil de Minas Gerais/ Divulgação
Alvo de criminosos, caminhão estava carregado com quase seis toneladas de queijo
Imagem: Polícia Civil de Minas Gerais/ Divulgação

O segundo caso revela a ação de uma quadrilha que agiu com a participação do ex-parlamentar em julho do ano passado.

O motorista de um caminhão que transportava quase seis toneladas de queijo disse em depoimento que seguia em direção ao Espírito Santo. Quando ainda trafegava por Ipanema, foi fechado por um carro. Homens encapuzados e armados fizeram a vítima refém por mais de nove horas, e roubaram a carga.

A prisão

Por meio de escutas telefônicas e quebra de sigilo, a Polícia Civil mineira conseguiu chegar até o ex-vereador. Ele teria fornecido data, horário e trajeto do caminhão. Alex foi preso e levado ao presídio de Inhapim, a 100 km de Ipanema.

O MP denunciou Alex e outros cinco homens pelos crimes de roubo, concurso de pessoas e restrição de liberdade da vítima, além de organização criminosa majorada pelo emprego de arma de fogo. O TJ entendeu a gravidade do caso e sentenciou o ex-vereador a 14 anos e oito meses de prisão e à obrigação de pagar R$ 150 mil à empresa de laticínios.

Diante dos casos, em voto unânime, o mandato do então vereador do PMDB (hoje MDB), foi cassado pelos parlamentares na noite do dia 3 de agosto do ano passado. Ele não teve direito de recorrer em liberdade.

Defesa alega coação

O advogado de defesa do ex-parlamentar, Glauco Murad Macedo, explicou que Alex afirma em depoimento ter cometido todos os crimes pelo qual é julgado. No processo, Macedo alega, no entanto, que o cliente foi coagido.

"Alex tinha uma dívida de R$ 80 mil, que ele pegou de empréstimo com um agiota. Essa dívida passou para um traficante e, em seguida, para integrantes do PCC na região. Eles obrigavam Alex a cometer os crimes. Caso contrário, a família dele seria alvo desses criminosos", afirmou o advogado.

A defesa recorreu com base nesta tese. "A Justiça não acredita nessa versão do fato. A família dele até hoje não foi amparada pela Justiça. Alex não conseguia pagar a dívida e teve que participar desses crimes. Vamos aguardar agora a resposta sobre os recursos que entramos contra essa decisão", diz Macedo.