Pai relata 'ameaças veladas' após morte de Henry: 'Sei como Jairo intimida'
Leniel Borel, pai de Henry, afirmou em audiência que tem sido ameaçado de forma velada desde a morte do menino, em 8 de março, e atribui a intimidação ao padrasto e réu Jairo Souza Santos Junior, o Dr. Jairinho.
Henry foi morto no apartamento em que morava com a mãe, Monique Medeiros, e o padrasto na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. O casal responde pelo crime de homicídio triplamente qualificado. A primeira audiência do caso aconteceu nesta quarta-feira (6). Jairinho perdeu o mandato de vereador e a filiação partidária após se tornar réu pelo homicídio de Henry.
O pai de Jairinho é Coronel Jairo, PM da reserva e deputado estadual. Ele foi citado na CPI das Milícias, em 2008, por suposta ligação com o grupo criminoso Liga da Justiça.
Durante o depoimento de Leniel no 2° Tribunal do Júri da Capital, que durou ao menos três horas, a defesa de Jairinho não se manifestou sobre a declaração.
Ele afirmou que faz uso de remédios e tratamento psicológico após a morte do filho e que teme sair às ruas "pelo medo que envolve Jairo e sua família".
O primeiro dos episódios de ameaça, de acordo com Leniel, foi uma pichação com a frase "filho da p*" em um carro que ele utilizou para dar uma entrevista à TV Globo. O segundo episódio relatado foi uma visita de uma pessoa desconhecida ao condomínio em que ele mora.
"[Um homem desconhecido] apareceu na minha casa dizendo que era meu amigo e trabalhava embarcado comigo. Mas eu nem trabalho mais embarcado. Eu acho que, sabendo como o Jairo intimida as pessoas, pode ter sido uma ameaça do tipo: 'Eu sei onde você mora'", relatou Leniel.
O terceiro episódio que o engenheiro classifica como ameaça foi uma "perseguição" de um carro de polícia —não especificou se era Civil ou Militar— por vários quilômetros.
De acordo com ele, o carro da polícia fez todo o percurso atrás do carro em que Leniel estava mesmo tendo "recebido passagem" para ultrapassar. O carro só ligou o giroflex ao se aproximar do condomínio em que Leniel mora. Neste momento, sempre de acordo com o pai de Henry, o carro da polícia teria "fechado" o de Leniel.
"Perguntei o que estava acontecendo, o policial falou que não era nada, não. Depois disse que eu podia entrar. E eu entendi aquilo como ameaça", finalizou.
Nos relatos, Leniel não apresentou provas de que Jairinho fosse o autor das intimidações.
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