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MP pede que 8 dos 12 militares réus sejam condenados por matar Evaldo Rosa

O músico Evaldo Rosa dos Santos, morto por militares no Rio - reprodução/Facebook
O músico Evaldo Rosa dos Santos, morto por militares no Rio Imagem: reprodução/Facebook

Ruben Berta

Do UOL, no Rio

13/10/2021 12h24

O Ministério Público Militar pediu hoje a condenação de oito dos 12 militares réus no processo que investiga as mortes do músico Evaldo dos Santos Rosa e do catador Luciano Macedo e a tentativa de homicídio do sogro de Evaldo, Sérgio Gonçalves de Araújo.

No dia 7 de abril de 2019, Evaldo seguia de carro junto com a família para um chá de bebê quando foram alvejados em Guadalupe, na zona norte do Rio de Janeiro, por centenas de disparos efetuados por militares. O corpo do músico foi atingido por nove tiros, e seu carro, por 62 —ao todo foram 257 disparos de fuzil e pistola.

No julgamento, que acontece hoje na Justiça Militar no Rio de Janeiro, a promotora Najla Nassif Palma afirmou que ficou comprovado que quatro dos 12 réus não atiraram: o cabo Paulo Henrique Araújo Leite e os soldados Vitor Borges de Oliveira, Wilian Patrick Pinto Nascimento e Leonardo Delfino Costa.

Ela também disse que, ao colocar suspeitas sobre as vítimas, os militares cometeram afronta às suas memórias. "É como matá-los moralmente uma segunda vez", disse Najla.

A promotora lembrou que, em seus depoimentos, os militares chegaram a afirmar que a mulher do catador, Dayana Horrara, pegou uma arma que estaria na mão do marido e escondido numa comunidade.

Dayana está acompanhando a sessão junto com a filha pequena —ela estava grávida quando o marido foi morto.

O catador foi baleado quando tentava socorrer Evaldo. O carro onde o músico estava foi atingido por 62 tiros, de acordo com perícia citada pela promotora.

Dentro do carro do músico, também estavam o sogro dele, a esposa Luciana Nogueira, o filho do casal —então com 7 anos— e uma amiga da família.

O catador Luciano Macedo viu a cena e tentou ajudar a família, mas também acabou sendo baleado. Ele foi socorrido, mas morreu 11 dias após o crime.

Os militares chegaram a ser presos em 2019, mas foram soltos após a decisão do STM (Superior Tribunal Militar) que concedeu a eles o direito de aguardar o julgamento em liberdade. Eles foram afastados das funções nas ruas.

Eles são Fabio Henrique Souza Braz da Silva, Gabriel Christian Honorato, Gabriel da Silva de Barros Lins, Ítalo da Silva Nunes Romualdo, João Lucas da Costa Gonçalo, Leonardo Delfino Costa, Leonardo de Oliveira de Souza, Marlon Conceição da Silva, Matheus Santanna Claudino, Paulo Henrique Araújo Leite, Vitor Borges de Oliveira e Wilian Patrick Pinto Nascimento.

Na época, os acusados disseram que confundiram o carro da família com o de criminosos que, pouco tempo antes, teriam roubado um veículo da mesma cor.