Passageiros enfrentam momentos de terror em voo em SP: 'Montanha-russa'
Passageiros de um voo que ia de Campinas a Presidente Prudente, ambas em São Paulo, passaram por momentos de terror após a aeronave enfrentar uma forte turbulência. A viagem, programada para durar cerca de 1h30, passou por desvio de rota e acabou com desembarque 2h51 depois, em São José do Rio Preto (SP), na madrugada do domingo (24). Os clientes ainda tiveram que complementar o deslocamento, de ônibus, ao longo de mais três horas, durante um temporal.
Em nota ao UOL, a Azul confirmou que o voo AD5069 teve sua rota alterada para o aeroporto de São José do Rio Preto devido às condições climáticas no aeroporto de destino. Segundo a companhia, durante o trajeto, houve uma "forte turbulência" e "alguns clientes e tripulantes não se sentiram bem". A companhia afirma ainda que ofereceu apoio aos afetados pela situação.
"O pouso e o desembarque aconteceram normalmente e os clientes e tripulantes que desembarcam em São José do Rio Preto receberam todo o atendimento necessário da equipe local da Azul, sendo reacomodados via terrestre até Presidente Prudente", concluiu.
"Absoluto desespero"
Passageira do voo AD5069, a designer de interiores Caroline Langhi, 30, relatou que o problema começou cerca de 40 minutos após a decolagem no aeroporto de Viracopos, às 22h05. Com o início da turbulência, uma comissária de bordo que estava recolhendo os copos de água das poltronas acabou sendo projetada com força para o chão, sofrendo ferimentos leves.
"O piloto somente fez o aviso padrão de área de instabilidade, para permanecermos sentados, com os cintos afivelados. Após isso ficamos absolutamente sem notícias", relatou Langhi em entrevista ao UOL.
Ela detalhou que o período de turbulência durou cerca de 1 hora, sem atualizações climáticas do comandante, que voltou a falar com os passageiros apenas quando o avião já estava perto de pousar, informando sobre a mudança de rota para São José do Rio Preto e se desculpando pelos "rompantes de vento", que, segundo ele, não apareceram no radar.
Ouvida pelo UOL, uma outra passageira, de 32 anos, que voltava de São Paulo a trabalho e pediu para não ser identificada, descreveu a experiência como "um filme de terror" e disse que apenas após o profundo alívio, já em terra, se deu conta do que tinham passado.
"Quando começou a turbulência, ninguém sabia. A comissária estava bem do meu lado. Ela bateu a cabeça no teto e caiu no chão com tudo. Os passageiros ajudaram e ela sentou atrás de mim. Desde então, foi muita pancadaria, o avião subia e caia, muito forte", afirmou. Ela disse ter encontrado a comissária de bordo no aeroporto de São José do Rio Preto, que, segundo ela teria dito: "Dos 20 anos que trabalho na Azul, nunca passei por uma turbulência severa desse jeito".
Foi muito forte as turbulências. Tinha criança no voo. Todo mundo ficou desesperado, apavorado, traumatizado. As pancadas eram muito forte, todo mundo rezava sem parar. [...] Eu, de verdade, achei que o avião ia cair. Era um filme de terror o que estava acontecendo. Minha cabeça doía muito, fiquei naquela posição corcunda, para tentar proteger meu corpo, que está todo roxo, porque ia batendo de um lado, batia do outro. Foi muito desesperador.
Passageira de 32 anos, que preferiu não se identificar
Ela destaca que havia uma preocupação coletiva porque no voo estavam ao menos uma mulher grávida e crianças acompanhadas dos pais. Para comprovar a força do impacto que aeronave sofreu, ela compartilhou imagens com a reportagem, de machucados, e também de um dos banheiros da aeronave, que teria sido danificado durante a ocorrência.
União necessária
Segundo a designer de interiores Caroline Langhi, até mesmo questões comuns, como o serviço de bordo, foram adaptados durante a turbulência, e todos se ajudaram, até mesmo passando copos de água de mão em mão entre os passageiros.
"Fizemos um trabalho em equipe, não nos foi negado o serviço de bordo; é que realmente estávamos todos tão assustados que ninguém levantava", explica a profissional, que, ao detalhar os minutos de turbulência, disse que os pés "descolavam do chão", comparando a experiência a uma montanha-russa.
As sensações foram de absoluto desespero, eu me agarrava à cadeira como quem se segura pela vida, com muita força. Minhas mãos, pés e boca formigavam; minha pressão caiu, eu não tinha saliva na boca de tanto medo, mal conseguia falar. Eu orava muito pedindo para Deus para assumir o controle daquele avião. (...) Eu tentei pegar sinal de telefone e internet em alguns momentos para avisar ao meu marido sobre a situação e poder me despedir dele, pois tinha certeza que iríamos cair.
Caroline Langhi
Após o pouso, às 00h56 de domingo (24), a passageira relata que a companhia Azul, que operava o voo, não atendeu aos pedidos dos clientes que queriam pernoitar em Rio Preto, já que o mau tempo continuava na região. A empresa disponibilizou um ônibus para transportá-los até o destino original, Presidente Prudente, com saída imediata. "Nos disseram que não havia nenhuma disponibilidade de hotel na cidade para nos acomodar e que a única alternativa era ir embora naquele momento, no ônibus oferecido", detalha.
Com as lanchonetes e restaurantes do aeroporto fechados por causa do horário, os passageiros não tiveram acesso a comida ou água, exceto de bebedouros. O ônibus seguiu viagem apenas às 2h20, concluindo um percurso de cerca de três horas. Os passageiros receberam um voucher de R$ 200 exclusivamente para gastar no site da Azul.
"Nós simplesmente fomos 'despachados' de volta para Prudente em um ônibus sem água. O tempo estava muito ruim, pegamos um baita temporal no caminho, que me fazia lembrar o tempo todo do que tinha acontecido, e eu estava com muito medo novamente de não conseguir chegar em casa em segurança", concluiu.
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