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'Don Corleone': Preso confessa ser dono de navio que transportava cocaína

Navio panamenho utilizado para tráfico internacional. - Reprodução de vídeo
Navio panamenho utilizado para tráfico internacional. Imagem: Reprodução de vídeo

Colaboração para o UOL

19/11/2021 13h12Atualizada em 19/11/2021 13h12

A Operação Calvary, da Polícia Federal, deflagrada ontem para desarticular uma organização criminosa que atuava no tráfico internacional, descobriu que um navio atracado no porto de Santos foi utilizado para transportar cocaína. Segundo o jornal O Globo, a informação foi confessada pelo líder da quadrilha, um dos presos durante a ação, conhecido pelo apelido Don Corleone, como o famoso personagem do filme "O Poderoso Chefão".

O chefe revelou às autoridades que assumiu as dívidas da embarcação, de origem panamenha, e confirmou ser o atual proprietário dela. O navio em questão é o Srakane, encontrado em abril deste ano com 15 tripulantes vivendo em condições precárias. A situação foi descoberta durante uma operação de combate ao crime no mar e foi levada ao MPT (Ministério Público do Trabalho).

Com as investigações da Operação Calvary, foi revelado que a embarcação era utilizada para levar remessas de cocaína do Brasil para o exterior. Em entrevista ao Globo, o delegado Luccas Dathayde disse que havia uma logística de transporte até o porto e, a partir dali, uma nova movimentação para levar a droga a países europeus, como Portugal, Espanha e Bélgica.

Don Corleone, que não teve a identidade revelada, se comunicava com os outros integrantes da organização criminosa por meio de aplicativos de conversa criptografados, utilizando o apelido pelo qual é chamado. Doleiros também integravam a quadrilha, com a função de trazer dinheiro do exterior para o Brasil, assim como pagar operações logísticas. Outros envolvidos possuíam imóveis, espalhados por todo o país, em nome de pessoas jurídicas falsas. A base das operações, contudo, é no estado de São Paulo.

"Ele se comunicava com seus comparsas por meio desses aplicativos, tratavam sobre as empreitadas criminosas, sobre as remessas de droga, e o apelido dele nesse aplicativo era Don Corleone", disse o delegado.

"A droga não era fornecida por eles, mas eles se dispunham a fazer essa remessa do Brasil para o exterior por meio de embarcações. Eram eles que planejavam essa logística de transporte até o porto e, a partir do porto, até a Europa. Tudo era planejado por eles e comunicado aos proprietários do entorpecente", afirmou Dathayde.

Além do navio, os agentes da Polícia Federal apreenderam 28 imóveis e cinco carros de luxo. Durante a operação, foram emitidos 36 mandados de busca e apreensão e dez de prisões preventivas e temporárias. Até o momento, nove pessoas já foram presas, enquanto um suspeito segue foragido.

Isso foi o desfecho de uma investigação iniciada em janeiro deste ano, quando foi constatado que a quadrilha movimentou 2,7 toneladas de cocaína em outubro de 2020, usando o Porto de São Sebastião. Das 2,7 toneladas transportadas naquela ocasião, 1,5 foi apreendida no Brasil pela PF e pela Receita Federal. Já o restante foi interceptado na Espanha, destino da droga. Há suspeitas de ações em outros portos, como o de Salvador.