Criança ferida durante ação da PM em Paraisópolis fica cega de um olho
A criança de sete anos ferida no rosto durante ação da Polícia Militar em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, perdeu a visão de um dos olhos.
O que aconteceu
Luana Carmo Veríssimo, mãe de Kauan, contou ao UOL que ferimento provocou o descolamento da retina. Operação da PM na comunidade foi realizada no último dia 17 de abril. A Polícia Militar de São Paulo nega que menino foi atingido por PMs.
Mãe disse que ainda não sabe o que causou o ferimento no rosto do filho. Em entrevista ao SPTV2, da TV Globo, ela disse que ainda não há confirmação se foram estilhaços de um projétil ou pedaços de concreto que atingiram a criança.
Ela relatou que Kauan só passou por cirurgia no dia 5 de maio, no Hospital das Clínicas. Foi depois do procedimento que ela foi informada que ele teria ficado cego de um dos olhos. "O médico falou para mim que infelizmente ele não vai voltar a enxergar com esse olho. Por conta de uma operação [da Polícia Militar de São Paulo], que a gente nunca devia ter vivido, meu filho nunca devia ter passado", disse à reportagem da TV Globo.
No dia 17 de abril, Luana saía de casa para trabalhar e, como de costume, deixaria o filho com uma vizinha. Quando já estava na rua Ernest Renan, ela percebeu a movimentação da polícia e de criminosos, e se escondeu com o filho atrás de um carro. Mas a criança foi atingida.
Na ocasião, policiais militares socorreram a criança. Ela foi levada inicialmente ao AMA Paraisópolis. Depois, encaminhada para o Hospital Campo Limpo. Os moradores da região afirmam que, após o tiroteio, foi constatado que ela estava com um ferimento na cabeça. "Eu cheguei cheia de sangue, minhas mãos, meu pescoço, meu rosto. Estava tudo cheio de sangue, ele estava cheio de sangue. Aí já fizeram um curativo, me acalmaram, falaram 'não, mãe, não entrou nenhuma bala nele', tentando me acalmar", relembrou.
Ouvidoria pediu afastamento de PMs
A ouvidoria das polícias de São Paulo pediu o afastamento dos PMs envolvidos na operação. Segundo a ouvidoria, o pedido também tem como alvos os PMs que foram filmados coletando objetos do chão no local onde a operação foi realizada.
"Ações viriam a obstruir o trabalho da perícia no local", afirma a ouvidoria. O órgão diz que também pediu a abertura de um inquérito pela Polícia Civil, acesso a laudos periciais, imagens das câmeras corporais dos policiais e do local da operação no momento em que ela era realizada.
Reafirmamos nossa confiança na boa condução de nossas forças de segurança no caso, ao mesmo tempo em que enfatizamos a urgente e necessária discussão sobre a tecnicalidade dessas operações e a saúde mental e preparo psicológico da tropa, a fim de garantir segurança sem o importe de mortos e feridos inocentes. Claudio Silva, ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo
O que diz a Polícia Militar
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Quero receberA Polícia Militar de São Paulo declarou a criança não foi atingida por PMs.
Constatação foi feita a partir da análise das imagens das câmeras corporais dos policiais militares. "Nós podemos assegurar, já nesse primeiro momento, que essa criança não foi ferida por disparo de arma de fogo proveniente de arma de policial militar". A declaração foi feita pelo porta-voz da Polícia Militar, Emerson Massera, em coletiva de imprensa, no dia 17 de abril.
Porta-voz falou que policiais foram recebidos a tiros durante patrulhamento. Ele explicou que os agentes conseguiram se proteger e reagiram ao ataque. "Imagens nos mostram que os policiais progrediram na busca dos criminosos, houve um momento em que os criminosos atiraram contra os policiais, percebemos pela dinâmica da ocorrência que surge um veículo, uma mulher com uma criança. Depois viemos a perceber que essa criança estava ferida", disse Massera.
Polícia diz que não há confirmação do que feriu a criança. "Pode ter sido um disparo dos criminosos, um pedaço de reboco, um estilhaço ou até mesmo um ferimento provocado por uma queda. Temos a informação da tomografia que não apontou lesão perfuro-contundente. Foi um ferimento na testa, aparentemente um corte. O menino não está conseguindo abrir o olho, temos que aguardar para avaliar melhor", acrescentou Massera.
O coronel também negou que policiais atuaram para prejudicar o local do crime. Ele disse ainda que não há motivo para afastamento.
Vídeos gravados por moradores mostram um grupo de agentes recolhendo objetos do chão. "Policiais estão sinalizando o local onde esse projétil foi encontrado para facilitar o trabalho que feito depois pela polícia técnico-científica. Os técnicos que fizeram a perícia apontaram que o local foi bem preservado e que não houve violação do local do crime", explicou.
Imagens das câmeras corporais serão divulgadas à imprensa após o fim da investigação. Gravações de três PMs mostram que ao menos três criminosos estão envolvidos na troca de tiros.
Material já foi entregue à Corregedoria da PM. "Pelo fato de termos um inquérito policial militar em andamento nesse momento não poderemos passar as imagens das câmeras, mas passaremos oportunamente, assim que as investigações se encerrarem", declarou Massera.
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