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Armas e fardas: Suspeito de chefiar finanças da milícia de Zinho é preso

Com Antonio das Casinhas foram apreendidas armas e celulares - Divulgação/Polícia Civil
Com Antonio das Casinhas foram apreendidas armas e celulares Imagem: Divulgação/Polícia Civil

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

07/12/2021 11h25Atualizada em 07/12/2021 13h47

A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu na manhã de hoje Antônio Lúcio Fernandes Forte, conhecido como Antônio das Casinhas, de 39 anos, suspeito de chefiar a contabilidade e toda parte financeira do grupo de Antônio da Silva Braga, o Zinho, líder da maior milícia que atua no Rio de Janeiro.

De acordo com as investigações da Polícia Civil, Antônio é homem de extrema confiança de Zinho - um dos milicianos mais procurados no RJ. Ele assumiu o comando do antigo "Bonde do Ecko", após a morte do irmão, Wellington da Silva Braga, o Ecko - morto em junho durante uma operação policial para prendê-lo.

Antônio foi localizado em casa, no bairro de Campo Grande, na zona oeste - reduto do grupo -, após três meses de investigação e monitoramento.

Segundo a Polícia Civil, o suspeito tinha ligações com Ecko, mas foi Zinho quem conferiu a ele a responsabilidade para receber e lavar todo o lucro ilícito das atividades criminosas exercidas como parcelamento irregular de solo urbano para fins de construção civil, extorsões de moradores e comerciantes, subtração de terreno de propriedade privada, entre outros crimes.

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Com Antonio das Casinhas foram apreendidas armas e celulares
Imagem: Divulgação/Polícia Civil

"Para dar um aspecto de legalidade às atividades exercidas, Antônio constituiu uma empresa em seu nome, cujas atividades registradas seriam a administração e segurança condominial, bem como a construção civil. Por intermédio desta empresa, Antônio sob violência e grave ameaça da quadrilha, obrigava moradores e comerciantes a contratar os serviços de sua empresa", disse a Polícia Civil do Rio, em nota.

Durante as buscas em sua residência, a polícia localizou uma pistola glock calibre 45, munições, carregador, caderno da contabilidade das ações criminosas do bando, fardamento militar, rádio comunicadores e cédulas de dinheiro. O suspeito e o material apreendido foram levados para a sede da DC-Polinter e posteriormente, ele será entregue à Seap (Secretaria de Administração Penitenciária).

Contra ele foi cumprido um mandado de prisão por sentença condenatória pelas práticas dos crimes de porte irregular de arma de fogo de uso restrito, corrupção de menores, extorsão e organização criminosa.

Milícia rachada no RJ

O Rio de Janeiro sofre hoje com a atuação de duas grandes milícias. Uma delas foi herdada por Zinho, irmão de Ecko e a outra surgiu a partir de uma racha entre Ecko e um homem de confiança, Tandera, no final de 2020.

Antes de morrer em uma operação da Polícia Civil para capturá-lo, Ecko e Tandera já estavam em lados opostos.

De olho em extorsões milionárias, ocupação e proteção de territórios para a prática criminosa, os dois grupos disputam diferentes regiões do Rio.

De acordo com a polícia, Tandera comanda a milícia em Seropédica e Itaguaí, na região metropolitana do Rio, alguns pontos da Baixada Fluminense, como a comunidade K-32, e o bairro da Alvorada em Nova Iguaçu. Já Zinho, continuou atuando em bairros da zona oeste, como Campo Grande, Santa Cruz, Cosmos, Inhoaíba e Paciência, além de regiões da Baixada Fluminense.

No mês passado, miliciano ligados à Zinho gravaram vídeos ameaçando o grupo rival. Nas imagens que rodaram as redes sociais, os milicianos aparecem fortemente armados com fuzis, toucas ninjas e dizem que vão atrás de Tandera.

Já em setembro, sete vans foram incendiadas na região dominada por Zinho, na zona oeste. Na ocasião, a polícia suspeitava que a ação havia sido motivada por dois assassinatos na Baixada Fluminense - reduto de Tandera.

Em represália às mortes de comparas, Tandera teria ordenado os incêndios em Campo Grande, Paciência e Santa Cruz.